A Noite Em Que Chicago Morreu - Um Romance Da Justice Security
T. M. Bilderback
O inimigo mortal da Segurança Judicial, Esteban Fernandez, tenta assumir o poder do Tráfico de Drogas em Chicago.
É Novembro em Chicago. Ainda a recuperar-se de um encontro com o Assassino dos Flocos de Milho, A Tenente Michelle ”Mickey” Rooney e o seu parceiro, Sam Tanner, saem para a noite de neve para investigar quatro mortes por drogas, aparentemente não relacionadas. Parecem ser negócios de droga que correram mal.… até que testemunhas de uma das cenas de crime relatam que viram o tiroteio. E ouviram o nome do assassino: Esteban Fernandez. Mickey e a polícia de Chicago notificam as autoridades federais. Graças a um novo boletim federal sobre Fernandez, Fernandez tinha sido declarado uma ameaça à Segurança Nacional, e todos os seus movimentos deveriam ser comunicados. A Segurança Judicial recebeu um contrato governamental: encontrar Esteban Fernandez e o pará-lo. Levá-lo a julgamento, se possível, mas pará-lo. Quando recebem informação que Fernandez está em Chicago, Joey Justice, os seus parceiros, e o elo do FBI, Marcus Moore, instalam-se rapidamente na Cidade do Vento., e eles assumem a investigação. Também assumem a gestão de Mickey Rooney e do Sam Tanner, e recrutam-nos para o maior caso de crime da história de Chicago...um caso criminal que Mickey nunca será autorizada a contar. Ação, humor, e um romance de duas noites para Mickey e Marcus…. Descubra o que acontece quando a Segurança Judicial cai sobre o líder do cartel mexicano de drogas, Esteban Fernandez, na Cidade do Vento! Leia o romance de T.M. Bilderback, inspirado na canção clássica interpretada por Paper Lace, The Night Chicago Died!
A Noite Em Que Chicago Morreu
(The Night Chicago Died)
Um romance da Justice Security
De
T. M. Bilderback
Traduzido Por
Maria Joao Correia De Brito
Esta edição Copyright © 2018 de T.M. Bilderback
Edição Original Copyright © 2015 de T.M. Bilderback
Design de capa de Christi L. Bilderback.
Fotos de capa licenciadas através de Can Stock Photo© Can Stock Photo Inc. / MaxyM
E
© Can Stock Photo Inc. / gnicolson
Todos os direitos reservados.
TABELA DE CONTEÚDOS
Informação sobre direitos autorais (#u5b5d0331-fab0-5cfa-aacf-c00ed463146a)
Dedicatória (#ulink_2a10a5b7-4b23-5921-8982-74e5d32c13df)
Nota do autor (#u5b16f22d-ff10-4ade-b199-0dd67865077a)
Capítulo 1 (#u5b5d72b4-42a3-49fc-a23c-294acdf71628)
Capítulo 2 (#u2ed423b4-94d6-4398-a8e0-aa0612baba2d)
Capítulo 3 (#u9acba7c6-5a2d-4f03-9c58-b1fe8d6629a4)
Capítulo 4 (#u67b30730-7bb5-4702-819f-243c9e750bf7)
Capítulo 5 (#u0812cf4b-e72c-4ceb-a485-972d4831c9a4)
Capítulo 6 (#u53e38e48-bc30-42fb-ac3d-5a6fbbdd884a)
Capítulo 7 (#ub75f0351-f105-4121-b8b2-b02402dd11d1)
Capítulo 8 (#u8c0967e7-8b60-42c0-bdfc-99af5eae4a0b)
Capítulo 9 (#u6f929b14-befc-4e26-b400-ce06eebbfd09)
Capítulo 10 (#uc3b63822-8be3-43bc-a250-c712b213fcd3)
Capítulo 11 (#ucd91bbe3-b1d2-4d0f-b6d1-e95b0c6bfe14)
Capítulo 12 (#uf8284b18-0b76-4e11-8670-46ed3c26adb0)
Capítulo 13
Capítulo 14 (#u087ea793-4b8a-4de7-8b82-8a1045f47da0)
Capítulo 15 (#u1c8c3d2f-f18b-405c-b02c-02331dffbb11)
Capítulo 16 (#uaeb9a87c-c87c-4688-b3e9-630f84631c76)
Capítulo 17 (#u0c4e5c0b-9eaa-44b3-807f-e13e8ebd12ea)
Capítulo 18 (#udc41026f-873f-4fbd-a688-f9c60d761cee)
Capítulo 19 (#u1c1c4800-8bbc-44bf-9bf9-3a83cd7b1394)
Capítulo 20 (#u7eb43dff-6697-481d-a019-7bab8abd1a12)
Capítulo 21 (#u1fb0fe27-c449-4e68-ae5e-281538821af6)
Capítulo 22 (#ua139a27f-7346-4919-84db-8b97af07b73f)
Capítulo 23 (#u31fab20c-8207-4224-9e7f-1c7cdc31272a)
Sobre o Autor
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Outos Livros do Autor
Para Shea
És minha amiga há mais de 30 anos.
E ainda ensinas, a este velho cão, alguns truques novos
Nota do autor:
Bem-vindos à nova edição de A Noite em que Chicago Morreu – Um romance da Justice Security. Este romance foi anteriormente publicado na Kindle Worlds, era exclusivo da Kindle Worlds, e juntou a Justice Security com outro mundo ficcional de outro autor. Com a cessão da Kindle Worlds, direitos de autor da história reverteram para mim. O autor, cujos personagens apareciam juntamente com os meus, disse-me que eu podia retrabalhar a minha história sem as suas personagens. Foi isso que fiz.
Se comprou a história quando era da Kindle Worlds, já tem basicamente a história. Não mudou. As únicas mudanças foram apresentar os meus próprios personagens que trabalham com o Departamento de Polícia de Chicago. Por isso, se já tem a história na sua forma antiga, não é tarde demais para pedir o reembolso.
Se ainda não leu a história, por causa da exclusividade do distribuidor, vai ter uma viagem de estrondos e tiros, quando o inimigo mortal da Justice Security, Esteban Fernandez, tenta tomar posse de Chicago, nesta oitava história da série "Justice Security".
Também vai conhecer a Tenente Mickey Rooney. Ela não tem nenhuma relação com o ator, e o seu verdadeiro nome é Michelle. O seu parceiro atual é o Detetive de primeira classe Sam Tanner, e seu antigo parceiro, agora um detetive particular, é Manny Salazar. Gosto destes personagens, e, um destes dias, tenciono contar a história do Assassino dos Cornflakes..., mas não agora.
Então, vire a página ou passe o dedo no ecrã, e vamos começar este show!
T. M. Bilderback
Capítulo 1
Tim "Skanky" Sanders saltitava de pé em pé, à espera que o seu fornecedor aparecesse. Era uma noite fria e ventosa para o início de novembro, e estava prevista neve para durante a noite... Três polegadas. E, não vale a pena mencionar, para Chicago, mas Skanky era de uma cidade mais ao sul, e não estava habituado aos invernos de Chicago. Mesmo após cinco anos, o Skanky ainda tinha problemas em manter-se quente.
Jesus Cristo, quando é que ele vem? Pensou Skanky para si mesmo. Ele disse dez. Dez p.m., e já passaram cinco minutos! Tenho pessoas à espera de coisas novas, e esta maldita esquina está muito fria!
Tim Sanders vendia coisas. Metanfetamina, heroína, cocaína, maconha, “speeds”, calmantes, Oxítonas, hidros, Xanax, Valiums, medicamentos para a gripe sem prescrição médica (para os “faça-você-mesmo”), até aspirina, se alguém quisesse. Skanky não se importava. Ele era o traficante de tudo e todos. Às vezes, vendia a polícias, e dava-lhes um preço justo. Isso mantinha-o livre da prisão.
Sanders tinha ficado com a alcunha de "Skanky" desde os seus dias de venda em Hooker Hollow naquela cidade do sul. O nome de Hooker Hollow era realmente Terceira Rua em qualquer mapa, mas os moradores chamavam-lhe Hooker Hollow (canto das prostitutas) por causa dos negócios que lá se realizavam. Todas as prostitutas ao longo de Hooker Hollow compravam as suas merdas a Sanders, mas todas concordavam que ele era demasiado "skanky" (malcheiroso) para terem sexo com ele...a menos que precisassem do que Sanders tinha e estavam sem dinheiro. Então, elas pagavam-lhe com um broche rápido ou uma rolada rápida no feno, dependendo do custo do que elas precisavam. Às vezes, o que as prostitutas queriam era um pouco mais caro do que aquilo que elas tinham para oferecer; então, o Skanky teve outra ideia brilhante. Os clientes das prostitutas falavam frequentemente sobre coisas durante as sessões de sexo...coisas que poderiam ser uteis. Até mesmo vendidas.
E o Skanky tornou-se um vendedor de informações. A maioria das prostitutas tornou-se muito hábil em obter informações da clientela, até mesmo os nomes desses clientes, e passavam os detalhes a Skanky em troca do que precisavam.
A vida sexual de Skanky secava, mas o dinheiro jorrava como água.
Skanky vendia informações a qualquer um sobre o que quer que fosse.
As mulheres começaram a procurar Skanky para descobrir se os maridos andavam a pagar por aquilo que podiam ter em casa. Os homens procuravam Skanky para descobrir a mesma coisa sobre as suas mulheres. Skanky vendia informações a investigadores privados – Nicholas Turner era um bom cliente, juntamente com algumas das pessoas da Segurança Judiciária. Polícias pagavam por informações sobre alguma pessoa de interesse, e Skanky vendia-lhas. Dez minutos mais tarde, Skanky já andava à procura dessa pessoa de interesse, e vendia-lhe a dica que os policias andavam à procura dele.
Mas nunca abria a boca para um certo tipo de informação. Nunca denunciava as prostitutas que faziam negócios com ele. Os chulos apareciam, a perguntar se as suas prostitutas lhes andavam a esconder dinheiro, e Skanky dizia sempre que não. Como as prostitutas eram geridas por estes chulos, e os chulos eram geridos pela família Giambini, O Skanky fazia de tudo para proteger as suas fontes de informação.
Até que, há cinco anos, Skanky tinha recebido informação de uma das suas prostitutas mais fiáveis. Um dos detalhes da informação que tinha vendido à polícia tinha frustrado um trabalho que os Giambinis estavam prestes a fazer. Mickey Giambini tinha encomendado o assassinato imediato de Skanky.
Assim que a prostituta tinha desaparecido, Skanky tinha também desaparecido. Nem sequer tinha parado para fazer as malas. Tinha entrado no seu calhambeque, parado para levantar a maior parte do seu dinheiro da caixa do banco, e partido em direção ao norte. Acabou por se estabelecer em Chicago. Tinha fé que Mickey Giambini não se incomodaria com ele enquanto ficasse por lá.
Não demorou muito para o Skanky voltar a traficar drogas. Tinha começado assim e o dinheiro era decente. As famílias mafiosas em Chicago eram muito mais calmas e empresariais...não eram imprevisíveis como Mickey Giambini.
Alguns dias depois, durante uma chamada para um amigo, Skanky descobriu que a prostituta, que lhe tinha dado a informação sobre os planos de Giambini, tinha sido espancada até à morte.
Skanky decidiu abster-se de vender informações. Um tipo podia ser morto por isso.
Esta noite, Skanky tinha recebido um telefonema do Tinker. Tinker era o seu principal fornecedor, e tinha dito a Skanky para encontrá-lo às dez horas neste canto solitário da Zona Sul.
“Pareces estar sem fôlego, Tinker”, disse Skanky. “Estás bem?”
A voz do Tinker soava tensa. “Sim, estou bem, meu... Apenas sem fôlego, por causa das escadas.”
“Ok, Tinker, lá estarei.”
Skanky olhou para o relógio. Ok, já passaram 10 minutos. Espero mais cinco e saio daqui pra fora.
Uma mão tocou-lhe a manga do casaco, e Skanky saltou, gritando, “Ei!” Ele rodopiou para ver quem lhe tinha tocado.
Um homem e uma mulher, ambos clientes, estavam atrás de Skanky.
“Desculpe tê-lo assustado, meu”, disse o homem. Ele e a mulher estavam ambos vestidos com o que costumava ser roupa designer, mas tinha sido negligenciada e maltratada desde que ambos se tinham tornado seus clientes. “Nós seguimo-lo. Estamos à procura de um pouco de quartzo... Estamos mesmo a precisar.”
A mulher acenou, concordando com o que o homem dizia. “Temos dinheiro.”
Skanky abanou a cabeça. “Agora estou liso. Não vos posso ajudar, mas.... Estou à espera do meu fornecedor a qualquer momento. Ele não vai parar, se vir mais alguém aqui.” Pensou por um minuto. “Porque não se escondem ali no beco.” Apontou para o beco logo atrás deles. “Escondam-se atrás do contentor do lixo. Podem ver, mas se ele vos vir, é capaz de vos matar” Não o faria, pensou Skanky, mas podia roubar-me o negócio. O cabrão. “Assim, quando ele se for, eu trato de vocês.”
O casal assentiu, desespero a toldar-lhes os rostos e os olhos. Viraram-se rapidamente, entraram no beco, e puseram-se atrás do contentor do lixo.
Nada mau. A única razão pela qual posso vê-los é porque sei que estão lá.
Ao mesmo tempo que Skanky completava este pensamento, faróis vinham a descer a rua lateral deserta. Uma limusine longa, elegante e preta parou debaixo da luz da rua, com a porta ao mesmo nível que Skanky.
Que raio é isto?
O condutor da limusina, um homem hispânico, saiu e abriu a porta das traseiras. O passageiro saiu da limusina. Tinha uma altura média e bem vestido, com um fato à medida, cabelo e barba bem aparados, e unhas bem cuidadas. O cabelo era mais prateado, com algumas manchas de preto a aparecer nas têmporas e em alguns lugares da barba. Sua pele era bege escura, os olhos negros que raramente pestanejavam.
“Buenas noches”, disse o homem bem vestido.
“Eu não falo espanhol, amigo”, respondeu Skanky. Não conseguia parar de olhar para os olhos do homem. Esperava que o homem pestanejasse a qualquer momento, mas se o fez, Skanky não conseguia vê-lo.
“Então falarei inglês, para que me entenda.” O homem usava luvas leves de pele de cabra, e começou a tirá-las enquanto falava. “Você é a quem chamam de 'Skanky'?”
“Quem quer saber?”
O homem abanou a cabeça em reconhecimento. “Eu, señor.”
“E quem é o senhor, um polícia ou qualquer coisa assim?”
“Não, não sou um agente. Não neste país.”
“Sim, bem, olhe, foi bom falar consigo, mas tenho um compromisso...”
“Sim, eu sei.” O homem colocou as luvas no bolso do casaco. “O seu compromisso é comigo.”
Skanky olhou o homem da cabeça aos pés. “O senhor não é o Tinker.”
O homem sorriu amplamente. O sorriso era quase um ricto, e lembrava a Skanky um tubarão. Enervava-o, mas não deixou que isso se mostrasse.
“Não, señor, não sou o Tinker. Sabe quem eu sou?”
Skanky, curioso agora, sacudiu a cabeça. “Não faço ideia.”
O homem bem vestido procurou dentro do casaco enquanto falava. “Me llamo Esteban Fernandez.”
Por uns segundos, Skanky não reconheceu o nome. Mas, à medida que os segundos passavam e os armários dentro do seu cérebro se abriam lentamente, o reconhecimento chegou-lhe.
Este homem era o líder louco do cartel da droga mexicano que tinha o posto de General no seu país natal.
Este era o homem responsável por espalhar explosivos no campeonato de combate de boxe na sua antiga cidade. Se tivessem explodido, 30 mil pessoas teriam morrido ou ficado feridas.
Este era o homem que tinha construído um clube que era realmente uma armadilha, para tentar apanhar Joey Justice e Misty Wilhite, e que tinha matado dezenas de pessoas, incluindo o prefeito.
Este era o único homem que Mickey Giambini temia.
E este homem estava à frente dele agora, sorrindo com o seu sorriso predador.
A bexiga do Skanky soltou-se, à medida que o medo se tornava real.
“Então como vê, Skanky, vim para Chicago para... Tomar conta das coisas. Compreende, claro. E não preciso mais dos seus serviços.” Fernandez tirou uma arma do casaco e atirou no Skanky, três vezes no coração.
Ao disparar o terceiro tiro, com Skanky a cair no chão, um táxi virou a esquina para a rua deserta. Fernandez virou-se para olhar para o táxi.
O taxista percebeu rapidamente o que estava a acontecer, mesmo enquanto Fernandez apontava a arma ao veículo que passava. O motorista começou a murmurar, “ohmerdaohmerdaohmerda.” Ele carregou no acelerador, e começou a manobrar para trás e para a frente através da rua estreita, tentando deixar rapidamente a área, com a sua vida intacta.
Estava feito. Fernandez tinha disparado sete tiros no táxi em retirada, mas falhou o motorista. O táxi virou à esquerda na primeira oportunidade, e o motorista usou o telemóvel para chamar a polícia.
“Hijo de puta!” Gritou Fernandez.
O condutor da limusina, Felix Juarez, disse: “Vem, Esteban. Ele vai chamar a polícia. Temos de ir agora.”
“Sim, tens razão mais uma vez, Felix. Temos muito a fazer.”
À medida que a limusina se afastava, os dois clientes do Skanky saíram por detrás do contentor do lixo e deixaram cautelosamente o beco. Estavam de mãos dadas, a olhar para o corpo imóvel a arrefecer.
Ainda lá estavam quando os dois primeiros ‘pretos-e-brancos’ chegaram.
Capítulo 2
Os agentes da polícia já tinham vedado a área à volta do corpo quando cheguei ao local. Algumas almas corajosas tinham saído à rua, nessa noite fria e ventosa, para olharem para o homem morto deitado na calçada.
Talvez esperassem que ele se sentasse e gritasse: "Dia 1 de Abril!"
Enquanto estacionava o meu Carocha de 1998 junto ao passeio atrás de um táxi, perguntava-me por que razão esta noite estava tão ocupada. Este era o terceiro tiroteio a que tínhamos sido chamados. Todos de traficantes de rua.
Seria de esperar que o frio mantivesse as pessoas dentro de casa.
O meu parceiro, o detetive de primeira classe Sam Tanner, tinha chegado primeiro, e estava a falar com um casal de mãos dadas e aconchegarem-se um ao outro na calçada, no interior da vedação da "Cena do Crime". Verifiquei o cordão que segurava a minha estrela para ter a certeza que não se tinha congelado e partido. Continuava intacto. Fiquei um pouco desapontada.
Ainda não tinha tido tempo para comprar um casaco de inverno, e a minha gabardina, boa, da marca London Fog, sobre o meu blazer ainda não me mantinha aquecida. Sem mencionar o ligeiro coxear do ferimento de bala, quase curado, na minha perna - cumprimentos do Assassino dos Cornflakes – e também estava um bocado de mau-humor.
Passei por baixo da fita e parei para olhar para o corpo. Um oficial fardado que eu não conhecia estava de guarda, certificando-se de que o corpo continuava morto. O médico legista ainda não tinha chegado. Com mais outros dois corpos, podia demorar-se um pouco a chegar.
Levantei a lona que um dos agentes tinha usado para cobrir o corpo. Três tiros no coração, todos a menos de um centímetro de distância, num triângulo perfeito. Mesmo à queima-roupa, eram tiros certeiros. E os ferimentos e o espaçamento eram idênticos aos das outras duas vítimas.
Baixei a lona e chamei a atenção do meu parceiro. Ele disse qualquer coisa ao casal e veio ter comigo.
“Porque é que te demoraste tanto, Mickey? Paraste para comer gelo?”
“Não deixes que os meus dentes a bater te enganem. Estou tão quente agora como uma pizza numa loja de conveniência.”
“Obviamente não tens ido ultimamente à Pizzaria do Tony. Acho que as pizzas deles nunca estão quentes, mesmo quando saem do forno.”
Apontei para a vítima. “Sabemos quem ele é?”
O Sam abanou a cabeça, parecendo-se um pouco com gelatina, enquanto a cabeça se movia. Pequenos pingentes de gelo formavam-se no bigode de sal e pimenta, com a humidade da sua respiração. “Não procurei a identificação porque o M.L. ainda não chegou. Mas, de acordo com as duas testemunhas, a vítima é Skanky Sanders.”
“E eu deveria saber quem esse é?” Perguntei-lhe.
“Já investiguei. Se é o Sanders, é um traficante de rua. Foi preso duas vezes, mas nunca processado. As provas tinham desaparecido de ambas as vezes.”
Eu sabia o que isso significava. Significava que este tipo vendia a alguns polícias. E mantinham-no fora de sarilhos em troca de preços baixos. Abanei a cabeça.
"Testemunhas?" Perguntei-lhe.
"Tivemos sorte desta vez. Temos três. Aqueles dois," apontou para o casal abraçado, "viram tudo, e ouviram um dos dois homens dizer o nome 'Esteban'. 'Esteban' chamou o outro homem de "Félix". Apontou para o táxi. "O taxista passou por aqui quando o tiroteio aconteceu. O criminoso disparou contra o táxi várias vezes, mas falhou o motorista. A descrição do atirador corresponde à do casal.”
"Por é que aqueles dois andavam cá fora?" Perguntei quando apontei para o casal.
"Sanders era o fornecedor deles. Andavam à procura de metanfetamina."
Reparei nas roupas deles. Em tempos, tinham sido caras e elegantes. Estavam agora desbotadas e desgastadas. É o que a metanfetamina faz a uma pessoa. Atrai-te, mastiga-te e cospe-te como uma nódoa apodrecida.
Tentei não parecer muito intimidante enquanto me dirigia ao casal. Decidi não ser demasiado "autoritária" enquanto falava com eles. Sempre a polícia útil. Sim, sou eu mesma.
"Olá, pessoal. Sou a Tenente Rooney. Mas chamem-me Mickey."
O homem riu-se entre dentes. "Está a brincar, não é?"
Já o esperava. Isto já estava a ficar velho. Peguei no meu distintivo ao pescoço e mostrei-lhes o meu cartão oficial de identificação. Tenente Mickey Rooney, CPD. Abreviatura de Michelle, mas isso não lhes ia dizer.
"Tem alguma ligação com o actor?", Perguntou o homem.
Suspirei de novo. "Nenhuma ligação."
"Uau", disse a mulher. "Aposto em como ouve montes de piadas por se chamar Mickey."
"Deixe-me colocar-lhe desta forma", respondi. "Não vai conseguir inventar uma piada que eu já não tenha ouvido."
O homem riu-se entre dentes novamente.
"Posso ter os vossos nomes?"
"Eu sou William, e esta é a minha mulher, Deborah", disse o homem.
"Apelidos?"
"Glick."
"O Sanders era o vosso fornecedor?"
Os dois trocaram olhares preocupados.
"Não estou aqui para vos fazer uma rusga, nem vos dificultar a vida. Só preciso que me respondam a algumas perguntas." Olhei de William para Deborah. "Têm a minha palavra."
William fitou-me nos olhos por um momento. Podia ver que acreditava em mim. "Sim, era o nosso traficante."
"Porque é que estavam aqui ao mesmo tempo que ele?"
"Tínhamos falado com ele mais cedo. Disse-nos que estava liso, mas que podia ajudar-nos um pouco mais tarde. Disse que estava à espera do fornecedor dele", disse William.
"Sim, então nós seguimo-lo", disse Deborah. "Queríamos obter produto fresco."
Olhei para ela. "Está assim tão mau?"
Ambos assentiram. "Está a tornar-se muito difícil neste momento."
"Quando terminarmos, se vocês quiserem, levo-vos a um lugar que vos pode ajudar. A Cidade presta assistência a pessoas que querem parar de usar." Deixei-os absorverem aquilo por uns segundos. "Agora, que aconteceu depois de seguirem o Sanders?"
"Disse que o fornecedor devia estar a chegar a qualquer momento. Disse-nos para irmos para o beco e escondermo-nos atrás do contentor do lixo. Que o seu fornecedor nos mataria se nos visse", disse William.
"Vimos tudo", disse Deborah. "Uma limusine preta parou em frente ao Skanky, e o motorista abriu a porta para este tipo. O homem falou um pouco com Skanky.”
"O tipo era hispânico", acrescentou William. "Não posso explicar melhor do que isso."
"De que é que eles falavam?" Perguntei-lhes.
William franziu a testa. "O Skanky disse ao tipo que tinha um compromisso, e disse ao hispânico para se ir embora. O hispânico disse que o encontro do Skanky era com ele. O Skanky disse algo sobre ele não ser o Tinker, quem quer que o Tinker seja. Depois o hispânico perguntou se o Skanky sabia quem ele era, e o Skanky disse que não. Então o tipo disse algo em espanhol. Acho que ele disse o seu nome, porque a frase terminou com Esteban Fernandez."
"Sim, então esse Esteban puxou de uma arma e deu três tiros no Skanky ", disse Deborah.
"Vimos o táxi passar, e o tal Esteban virou-se e disparou várias vezes contra o táxi. Deve ter falhado. O motorista da limusina disse ao Esteban que eles tinham de desaparecer, porque o taxista chamaria, com certeza, a polícia. EsteBan concordou com o motorista da limusina, e chamou-lhe 'Félix'", disse William. Eles foram-se embora depois disso."
"Conseguiram ver o número da matrícula?" Perguntei-lhes.
Ambos abanaram a cabeça.
"Obrigada pela vossa ajuda. Por favor, aguardem aqui mais um bocado e eu levo-os à tal clínica.”
Ambos os Glicks agradeceram.
O Sam e eu afastámo-nos.
"Reconheces alguns destes nomes?" Perguntei ao meu parceiro.
O Sam estava a pensar. "Já ouvi o nome Tinker... Talvez seja um fornecedor de escalão mais baixo. Os outros dois... Algo sobre Esteban Fernández soa familiar, mas não sei porquê.”
"Comigo também. Mas não consigo pensar de onde...” Estremeci. "Onde está o taxista?"
"Sentado no táxi."
Calor! Pensei que era a altura ideal para interrogar o taxista, o que podia demorar algum tempo. Um tempo longo e quente.
Dirigi-me ao táxi, abri o lado do passageiro, e entrei. Sam sentou-se no assento traseiro, mais espaçoso. A temperatura dentro do carro aproximava-se à do verão. Reconfortei-me com o calor durante uns segundos, enquanto o taxista discutia num rádio CB com o despachante.
"Não, não posso simplesmente sair daqui", dizia o condutor ao microfone. "Não quero que a polícia me prenda."
"Estou a dizer-te que, se alguém alvejou o táxi, vai-te sair do teu bolso. E se não começares a mexer-te em breve, também ficas desempregado", disse a voz do despachante.
"Qual é o nome do seu despachante?" Perguntei antes que o condutor pudesse pressionar novamente a tecla de transmissão.
"Lou. Lou Mitchell", disse o taxista.
"O seu nome?"
"Tony Fisher".
Pressionei a tecla de transmissão. "Estou a falar com Lou Mitchell?"
Passaram-se alguns segundos. "Lou aqui. Quem raio está ao microfone?”
Voltei a pressionar o microfone. "A Tenente Rooney, Departamento da Polícia de Chicago, Divisão de Crimes Violentos. Lou, acabei de ouvir a conversa que teve com a minha testemunha, Tony Fisher.” Deixei de pressionar a tecla de transmissão e disse ao Sam, "Ei, podes chamar um daqueles agentes?"
Sam rolou a janela para baixo e fez sinal a um dos polícias para se aproximar. Quando o agente se aproximou, abri a janela para que ouvisse o que eu estava a dizer.
Pressionei a tecla de transmissão. "Lou, acabou de exigir à minha testemunha para abandonar o local de um crime. Também ameaçou extorquir-lhe dinheiro por danos a este táxi que estão fora do controlo dele. Uma vez que é exigido a todos os táxis desta cidade terem seguro, os danos estão cobertos. Só posso pensar que quer embolsar parte do dinheiro que este motorista ganhou arduamente, para seu próprio uso, além de receber também da companhia de seguros. Isso é uma tentativa para cometer fraude de seguros.”
"Vou enviar o agente..." Olhei, para ler a etiqueta do nome dele. "... Petrie para o seu escritório agora. Vai prendê-lo por obstrução à justiça e tentativa de fraude de seguros. Quero que fique onde está." Larguei a tecla e virei-me para o Agente Petrie. "Vá até lá e pregue um susto ao tipo, se ainda lá estiver. Não o prenda oficialmente, mas algeme-o. E certifique-se de que quem quer que esteja na garagem o veja algemado. Fique com ele por uma meia hora, e depois tire-lhe as algemas. Diga que falou comigo e me convenceu a não o prender. Se ele já lá não está, volte aqui e veja se pode ajudar em alguma coisa.” Petrie sorriu amplamente, feliz em cumprir a minha pequena piada.
Tornei a fechar a janela e ouvi o Tony e o meu parceiro a rirem-se.
"Vou ficar muito surpreendida se o Lou ainda estiver no trabalho quando Petrie lá chegar ", Disse ao Tony. "Mas aposto em como ele o vai deixar em paz."
Balançando a cabeça e rindo, Tony disse: "Obrigado, Tenente Rooney. “Precisava de uma boa gargalhada, depois de quase ter sido alvejado."
"Entendo o que quer dizer. Sente-se pronto a dizer-me o que viu?"
"Sim, claro. Mas lembre-se, estava de passagem. Foi tudo muito rápido.” Tony fechou os olhos. "Espere, estou a tentar reproduzir a cena."
Olhei para ele.
"Antes que faça a pergunta, é a minha maneira de recordar as coisas. Fecho os olhos e reproduzo os acontecimentos na minha mente. Lembro-me de todo o tipo de detalhes quando faço isso." Ficou quieto por um momento. "Virei a esquina na altura em que o homem disparava. O homem que atingiu estava a cair. Os olhos pousaram-se em mim, e eu sabia, de alguma forma, que ele ia começar a atirar em mim. Virou-se, e eu carreguei no acelerador e comecei a ziguezaguear para trás e para a frente do outro lado da rua."
"Viu o suficiente para conseguir descrever o atirador?"
Olhos ainda fechados, Tony disse: "Tez escura, quase como se se bronzeasse muito. Cabelo mais grisalho no geral, e uma barba maioritariamente grisalha, aparados. Casacão bonito...comprido. London Fog, ou outra marca cara, mas não era um casaco leve – mais como um sobretudo grosso, com um cachecol cor de carvão. Sem chapéu. Tinha a arma na mão direita.” Abriu os olhos. "É isso. É tudo o que consigo lembrar."
Fiquei impressionada. Nunca conseguiria fazer o que este homem tinha acabado de fazer, mesmo que tivesse tido mais tempo para estudar a cena.
"Incrível!"
Tony sorriu suavemente. "Ficaria surpreendida com o que se lembra quando está a ser alvejada."
Eu sabia o que isso era. Mas não o ia dizer ao Tony.
Disse ao Tony que o táxi teria de ficar ali até o pessoal do laboratório acabar a investigação. O atirador tinha atingido a bagageira do táxi pelo menos duas vezes, e precisávamos da evidência. Disse-lhe que estava livre para ir, se quisesse.
"Acho que vou para casa, Tenente", disse Tony. "Estou um pouco abalado."
Agradeci-lhe e dei-lhe um dos meus cartões, caso se lembrasse de qualquer outra coisa. Tínhamos a morada dele, se precisássemos dele.
O Sam e eu, saímos do táxi com relutância. Reparei imediatamente em duas coisas. Uma, que o M.L. tinha chegado e já tinha levantado a lona para verificar a vítima, e segunda, que estava a nevar.
Dalton McFee, barba a brilhar com pingentes de neve, voltou a colocar a lona sobre a vítima. Virou-se para nós: "Oficialmente, só pode dizer que a morte parece ser por tiro. Extra oficialmente, foi o mesmo atirador dos outros casos. Parece que alguém anda a executar traficantes de rua e a usar uma 9 mm."
Um dos agentes trazia um rádio portátil. "Tenente, é para si. Há outro caso.”
"Mas que raio? " Disse eu, pegando no rádio.
***
O DETETIVE TORY MASTERSON dos Narcóticos juntou-se a nós no local do quarto homicídio. Estava a falar ao telemóvel quando eu e o Sam chegámos, enquanto os polícias vigiavam a porta.
"Bem, isso estraga completamente o nosso caso, é o que isso significa! Três meses de trabalho por água abaixo, assim!” Masterson disse energeticamente. "Tinker era o único elo com as pessoas acima dele!" Ouviu por um momento, e depois disse: "Eu já conhecia os outros três traficantes, e eles também estão mortos!" Ele reparou em nós à porta do apartamento. "Senhor, a Tenente Rooney está aqui. Sim, senhor. Vou dizer-lhe, senhor.” Desligou a chamada, dirigiu-se a nós e apertou-nos a mão.
Masterson já tinha sido da minha equipe, quando era detetive/terceira esquadra. Tinha sido transferido para os Narcóticos depois de mostrar que tinha talento para trabalhar disfarçado. Agora, como detetive/Primeira Classe, andava a colecionar uma data de apreensões e rumores diziam que estava a caminho de se tornar tenente. Era casado e ouvi dizer que tinha um novo bebé.
"Desculpe, Tenente, era o Capitão Phillips" disse Masterson. "Ele disse-me para lhe dizer que sou oficialmente seu até resolvermos estas mortes."
Eu sorri. "Fico feliz em tê-lo, Tory. Vou avisar o Capitão Baker. Também vai ficar feliz em tê-lo connosco. E parabéns pelo novo bebé!"
"Então, quem é a vítima desta vez, Masterson?", Perguntou Sam.
Masterson levou-nos até à vítima, que aparentava ter 50 anos, com cabelo sal e pimenta. Ele tinha sido amarrado a uma cadeira de cozinha, nu. Era óbvio que tinha sido torturado antes de ser morto. Havia várias rasuras de facadas, calculadas para sangrar e ferir e uma garrafa vazia de álcool etílico no chão ao lado da cadeira. Parecia que lhe tinham derramado o álcool sobre as feridas, mas o M.L. teria de o verificar. O cabo de um candeeiro estava também ao lado cadeira. Ainda estava ligado à tomada de corrente e o isolamento de plástico tinha sido retirado da outra extremidade, expondo os fios de cobre no interior. Havia algumas marcas no corpo que mostravam que tinham eletrificado a vítima, incluindo os testículos. Tinham-lhe enfiado um pano pela boca abaixo e usado fita adesiva para a manterem fechada. Mas a causa da morte era provavelmente os três pequenos buracos de bala no peito da vítima, possivelmente através do coração, e organizados em triângulo.
"O nome da vítima era William Joseph Smith, também conhecido como 'Tinker'. A certa altura, era reparador de relógios - mexia com velhos relógios antigos, e foi assim que ganhou a alcunha." Disse Masterson. "Nos últimos anos, era um fornecedor de categoria baixa."
Troquei um olhar com o Sam. Era ali que tínhamos ouvido o nome do Tinker.
"Alguma ideia de quem o fornecia?" Perguntei-lhe.
Masterson abanou a cabeça. "Não, ainda não chegámos tão longe." Apontou para o álcool e o candeeiro. "Mas aposto cinco dólares que quem lhe fez isto sabe. Tenho dois agentes a baterem às portas, a perguntar aos vizinhos se ouviram ou viram alguma coisa, mas as hipóteses são escassas."
"Temos uma descrição do atirador", disse eu. "Temos testemunhas." Dissemos ao Masterson o que tínhamos descoberto no último tiroteio. Quando disse o nome "Esteban Fernandez", Masterson assobiou.
"Porquê o assobio?" Perguntei-lhe. "Esse nome é familiar, mas não consigo lembra-me de onde."
"Temos sarilhos, Tenente", disse Masterson. "Fernández tem o posto de General no México, mas é também o maior chefe de cartel de drogas nesse país. Deixe-me dizer-lhe o que ele fez numa cidade do sul...."
Masterson contou-nos o que Fernandez tinha feito. Quando ele chegou à parte sobre o combate de boxe e a arena, estalei os dedos. "O John disse qualquer coisa sobre isso há uns meses! Parece que um dos lutadores tinha tentado atrasar a luta para que a bomba pudesse ser encontrada e desactivada! " Masterson acenou, e contou-nos mais. Comecei a ficar com arrepios na espinha.
Masterson começou a contar os pontos com os dedos. "Primeiro, temos um líder mexicano do cartel da droga em Chicago. Segundo, é violento. Três, é louco, o que o torna muito imprevisível. E, quatro, é federal."
Os polícias são muito territoriais sobre a jurisdição, e quando ouvi "Federal", encolhi-me interiormente..., mas com uma ponta de alívio. "O que quer dizer com "Federal"? Perguntei-lhe.
"Os Narcóticos receberam um boletim do FBI", respondeu Masterson. "Dizia que se alguma vez fossemos informados de que este Fernandez aparecia na nossa cidade, deveríamos notificá-los imediatamente. Acho que foi enviado para todo o país."
"Então vamos passar a mensagem ao Capitão Baker, e deixá-lo notificar o FBI" disse eu. "É menos uma coisa para nos preocuparmos."
Capítulo 3
A Justice Security, Incorp., tinha o seu próprio edifício numa rua arborizada na melhor parte da cidade. O edifício de seis andares ocupava grande parte de um quarteirão, com áreas de estacionamento para visitantes, e uma área verde ajardinada no lado sul. O edifício em si tinha sido construído com paredes de betão armado de 1 metro de largura. Cada janela com vidro duplo à prova de bala, incluindo a porta de entrada para visitantes. O edifício ainda se estendia por mais seis andares subterrâneos. Os três andares subterrâneos inferiores eram usados como área de armazenamento de veículos, e alojavam vários veículos, blindados e à prova de balas, que eram utilizados como equipamento de proteção para o transporte e defesa de funcionários ou clientes. O nível seguinte era o arsenal. Todos os tipos de armas eram armazenados no arsenal climatizado, desde revólveres e pistolas automáticas, a morteiros, a mísseis e lançadores terra-ar, e várias armas perfurantes. Armas e munições suficientes para derrubar o governo de um pequeno país, caso fossem contratados para tal coisa...e tinham-no feito, duas vezes, há anos atras, ao abrigo de um contrato governamental ultrassecreto. O andar acima do arsenal era o arquivo de registos. Este piso continha os ficheiros de papel, computadores, armazenamento de dados e áreas de pesquisa necessárias para executar e completar contratos com clientes. O nível subterrâneo final era a garagem para estacionamento de funcionários, e tinha acesso por uma entrada do piso térreo contida por uma porta de aço grossa e pesada embutida nas paredes de concreto do edifício.
Ao nível do chão, o primeiro andar continha a área de receção, o refeitório, a segurança do edifício, as instalações médicas e a sala de visitas. O segundo e terceiro andares eram ocupados por escritórios de funcionários, salas de conferências, salas de reuniões mais pequenas e serviços clericais, juntamente com o ginásio dos funcionários. O quarto andar albergava escritórios executivos e a sala de reuniões. O quinto andar era para alojamento de hóspedes, e o último andar continha apartamentos residenciais para as pessoas de nível superior na empresa. O telhado do edifício tinha uma plataforma para helicópteros, possuía dois helicópteros de operações especiais reforçados, equipados com blindagem e sempre prontos para voar a qualquer momento. A empresa também possuía dois jatos privados e dois grandes aviões de carga, que estavam alojados num aeródromo privado ao sul da cidade.
A Justice Security tinha sido formada uns anos antes por quatro amigos universitários, que continuaram a ser os diretores e os únicos acionistas da empresa.
Joey Justice, de quem o nome da empresa derivava, era um homem indistinto. Com 1,78m, tinha cabelo escuro e olhos castanhos intensos que normalmente não perdiam nada. Fundou a empresa com a premissa de fornecer serviços de segurança aliados à justiça, como o seu nome implicava. Estava totalmente apaixonado pela mulher da sua vida, a qual era também uma das cofundadoras da empresa.
Misty Wilhite, o amor da vida de Joey, tinha 1,54m. Tinha o cabelo castanho-avermelhado, a cair-lhe pelos ombros, e olhos verdes. Era extremamente atraente, mas tinha um murro que podia derrubar uma pessoa com o dobro do seu tamanho. Ela também adorava o Joey, e partilhava a sua crença em segurança e justiça. Ainda não se tinham casado, mas tinham acabado de ficar noivos.
O Dexter Beck era o técnico residente especialista em computadores. Com um centímetro a mais que Misty, Dexter era consistentemente subestimado por antagonistas. A compreensão geralmente seguia-se, porque Dexter era também um mestre de artes marciais, usando vários métodos de autodefesa. A segurança e sistemas de computadores utilizados pela Justice Security tinham sido criados, programados e mantidos pelo Dexter.
Percival "Rei Louie" Washington era o quarto membro fundador da Justice Security. Louie tinha 1,93m, e tinha um físico muscular muito imponente. Era também muito inteligente e astuto nas ruas. A pele da cor de uma barra de chocolate e mantinha a cabeça rapada. Os outros três membros fundadores tinham-lhe posto a alcunha de "Rei Louie" no primeiro ano de faculdade por causa da infeliz semelhança facial com o personagem dos desenhos animados no filme Livro da Selva. Não era racial, e Louie sabia-o... Teria sido o mesmo se tivesse tido um nariz grande; tê-lo-iam chamado "Baloo". Além disso, qualquer coisa era melhor do que o seu nome próprio Percy.
Adições recentes à sociedade incluíam Jessica Queen, a antiga secretária executiva dos quatro sócios. A sua substituição imediata como secretária executiva, Patti Hoehn, tinha sido torturada, morta e mutilada por Esteban Fernandez, que a tinha apanhado na rua a tirar fotografias durante o primeiro encontro da empresa com ele. O substituto de Patti, Turk Wendell, era um homem enorme e tosco, que era surpreendentemente apto no exercício das funções de secretariado.
Outra adição aos sócios tinha sido a mão direita de Dexter Beck, Megan Fisk Beck. Tinha liderado uma tentativa de ataque preventivo a Fernandez, e tinha ficado ferida no processo. Ela e o Dexter tinham desparecido depois disso e eram agora felizes recém-casados.
Todas as manhãs, às nove, os sócios reuniam-se na sala de reuniões para discutir os acontecimentos atuais e futuros. Desta forma, mantinham-se informados de todos os negócios da empresa, no caso de alguém ter de intervir e assumir rapidamente o comando.
Esta manhã, logo após o toque estridente do despertador às sete, o telemóvel privado do Joey tocou. Esfregou os olhos, olhou para o ecrã, e atendeu.
"Marcus Moore, tu nunca dormes?" Disse Joey ao telefone. Misty mexeu-se ao seu lado, e virou-se para olhar para o Joey. O sono ainda se via nos olhos dela.
Marcus Moore era o elo do FBI com a Justice Security. Marcus tinha tido um papel determinante para conseguir o contrato secreto da Justice Security com o Governo dos Estados Unidos, garantindo uma boa maquia, mais despesas pagas, para a empresa de segurança..., mas, para obterem esse dinheiro, tinham de apanhar Esteban Fernandez. O contrato especificava que tudo seria feito sem qualquer conhecimento oficial do governo, claro, e sem a ajuda oficial de qualquer agência governamental. O dinheiro para despesas seria canalizado pelo Marcus.
A Justice Security tinha recebido este contrato por causa dos acontecimentos no clube nocturno Wham! Tinha sido secretamente propriedade de Fernandez, e, na realidade, uma armadilha destinada a capturar o Joey e a Misty. A armadilha tinha funcionado, mas só tinha apanhado o Joey e quatro "soldados" no interior. O Joey tinha encontrado um esconderijo e tinha-se escondido até que os sócios lá fora tinham encontrado uma maneira de entrar. Um soldado e várias dezenas de pessoas inocentes tinham morrido durante a fuga, dentro e fora. Só a ação rápida de Tony Armstrong, Patty Ferguson e Brandon King, com a ajuda da repórter de notícias do Canal 7, Miriam Apple, e do seu operador de câmara, Steve, tinha prevenido o massacre de muitas outras pessoas dentro do clube.
Ao mesmo tempo que a armadilha no clube era lançada, o edifício quase deserto da Justice Security tinha sido penetrado por um assassino disfarçado que trabalhava para Fernandez. Esta agente namorava com o Louie, e ninguém suspeitava de nada. Ela tinha dizimado todos os que tinham ficado no edifício fechado. Só a Jéssica tinha sobrevivido, juntamente com o Mark Haase, o secretário "básico" do turno da noite.
Depois dessa catástrofe, certas pessoas poderosas dentro do governo tinham decidido que estava na altura de contratar alguém para parar o general mexicano louco... Alguém que poderia mover-se rapidamente, tanto dentro dos EUA como em outros países.
Marcus tinha sido promovido a Chefe de Secção do FBI, e era agora chefe do escritório-satélite da cidade. Tinha também outros deveres, incluindo "ajudar não-oficialmente" a Justice Security, quando e se necessário. Ele também tinha poderes para os delegar como agentes temporários de campo, se achasse que essa delegação aceleraria qualquer investigação.
"Bom dia, raio de sol!" Marcus vociferou. "Pelo menos esperei até o alarme tocar antes de te ligar."
Joey virou-se para perscrutar os olhos de Misty e respondeu. "Até conseguiste perturbar a senhora a dormir aqui ao meu lado. "Inclinou-se e beijou-a. Enquanto ele se recostava na almofada, ela sorriu-lhe e murmurou: "Amo-te".
Joey mimicou-lhe o mesmo silenciosamente.
"Aposto em como ela é ainda mais bonita quando acorda" disse Marcus. "Eu acordei rodeado de gente que quase me fizeram transformar em coiote, quase que tive de roer o meu braço, para não os acordar ao retirá-lo.”
Joey soltou uma gargalhada, enquanto se sentava na beira da cama. Misty saltitou nua pelo quarto, em direção à casa de banho para escovar os dentes e correr o chuveiro.
"Ok, Marcus, porquê a chamada a esta hora?
"Só queria que soubesses que vou à vossa reunião desta manhã."
Joey bocejou amplamente. "Porquê? O que se passa?"
"Antes de te responder, vão lá estar todos?
"
"Sabes bem que sim."
"Quero dizer, pessoalmente... Não electronicamente.”
"Não, a Jessica está em Los Angeles, a alisar as penas de uma atriz paranoica vencedora de um Óscar."
"Raios! E a ligação é segura?”
"Que nível de segurança precisas, Marcus?"
"O mais seguro possível, Joey. O que tenho para vocês é altamente secreto."
***
"BATE-ME, MEGAN", DISSE Dexter.
"Não".
"Vamos, bate-me!"
"Não!"
"Porquê?"
Megan Fisk Beck virou-se para olhar para o marido. "Já joguei este jogo contigo demasiadas vezes, Dexter Beck! Sabes bem que não sou suficientemente rápida para te bater.”
"Oh, querida, por favor? Pode ser hoje o dia. Não sabes se não tentares."
Quase mais rápida do que o olho humano podia seguir, Megan fintou-o com um gancho direito. O Dexter desviou-se para a esquerda para a evitar e quase que foi apanhado pelo soco em gancho da Megan.
"Uau!", Disse Dexter surpreso.
Megan sorriu.
"OK, tens andado a praticar, não tens? Quase que me acertaste!"
Megan tornou a sorrir.
Dexter abanou a cabeça. "Aquele maldito Louie! Ele tem andado a ajudar-te!"
O sorriso da Megan abriu-se ainda mais. "Vamos, está quase na hora da reunião."
"É isso, não é? O meu melhor amigo tem andado a ensinar-te o que lhe ensinei!"
Megan continuou a sorrir, sem uma palavra, até à sala de reuniões.
***
O PERCIVAL "REI LOUIE" Washington foi o último a chegar à reunião matinal. Tinha dormido mal toda a noite, isto é, se realmente tinha dormido. Ele continuava a ter pesadelos com os últimos momentos da Donna, e de cada vez, a faca que ela tinha bramido para o esfaquear ia-lhe direita ao peito, em vez do braço. Acordava, sempre que tinha o pesadelo, com o suor a escorrer-lhe...e sufocava o grito que queria escapar-lhe dos lábios.
Louie culpava-se por não ter visto através do disfarce da Donna, e culpava-se por todas as pessoas que ela tinha matado dentro do edifício da Justice Security. Mas como poderia saber que uma supermodelo brilhante era na realidade uma assassina bem treinada ao soldo de Fernandez?
Louie tinha falado várias vezes com o Dr. Caleb Mitchell, o psiquiatra da Justice Security. Caleb tinha dito muitas vezes que Louie não devia sentir-se culpado e que teria de aprender a perdoar-se... Que Donna tinha enganado um monte de pessoas. Ninguém fazia ideia que tinha sido recrutada por Fernandez, e o disfarce dela era incrível.
Treino profundo, disfarce incrível... Não significava nada para ele, quando, tarde da noite, ele tentava dormir. Os rostos daqueles que a Donna tinha matado desfilavam pela sua mente, afastando-lhe o sono...a culpa parecia intransponível. Então, quando o sono finalmente chegava, os pesadelos apareciam...e acordavam-no outra vez.
Quando o Louie chegou finalmente à sala de reuniões, nuvens pesadas pairavam-lhe sobre a cara.
O Louie Washington estava de mau humor.
Dirigiu-se à mesa cheia de bolos e outros itens do pequeno-almoço, encheu um prato, e serviu-se de uma grande chávena de café. Satisfeito, caminhou para a grande mesa-redonda e sentou-se. Sem reparar que o Marcus também estava sentado à mesa.
"Bom dia, Louie", disse Misty gentilmente.
"Dia'", respondeu, falando com a boca cheia de donut.
"Olá, Louie", cumprimentou o Marcus.
Louie deu outra dentada antes de perceber que tinha sido Marcus a falar. Olhou para cima, de olhos arregalados, e disse: "Que raios estão tu aqui a fazer?"
"Vejo que a tua hospitalidade está a aguentar-se muito bem, Louie", disse uma voz de um dos ecrãs da sala.”
Louie olhou para o ecrã. A Jessica Queen olhava para ele de sobrolho franzido. Baixou o donut, abanando a cabeça enquanto o fazia. "Desculpa, Marcus. Não tenho dormido bem ultimamente."
Marcus acenou com a cabeça. "Compreendido, grandalhão. Também não tenho andado a dormir como devia. Não, desde o clube."
"Marcus, acho que todos nós temos o mesmo problema ", disse a Jessica.
"Jessica, como está a nossa cliente aí desse lado?", Perguntou o Joey.
"A curar a ressaca." O asco escorria das palavras da Jessica. "Chamei-lhe uma prostituta inútil, mimada e bêbada ontem à noite. Tentou chorar e depois bebeu da garrafa de uísque que tinha na mão. Desmaiou antes de ser capaz de engolir." A Jéssica estava mesmo chateada. Quando ficava assim, não conseguia esconder o ligeiro sotaque australiano... Um remanescente do país de origem do pai. Jéssica era o resultado de um pai australiano e de uma mãe californiana. "Começo a perguntar-me se vale a pena perder tempo com este trabalho."
O Marcus perguntou: "Não tens medo que ela te demita esta manhã?"
A Jéssica abanou a cabeça. "Aposto em como ela não se vai lembrar de uma palavra."
O Joey riu-se. "Lembra-te, Jess, a cota dela do próximo filme de sucesso está a pagar-te para isso."
"Ora, que inferno dum raio!"
Todos, exceto o Louie, se riram.
O Joey virou-se para o Marcus. "Ok, Marcus, a transmissão da Jéssica está seguro. Qual é a grande novidade?”
O Marcus respirou fundo. "Querem ter outra oportunidade de apanhar o Fernandez?"
O Louie bateu com ambas as mãos na mesa. Deram todos um salto.
"Podes ter a certeza de que quero outra oportunidade com o Fernandez!" Declarou Louie em voz alta. Levantou as mãos enormes para que todos vissem. "Queres saber o que vai acontecer a esse idiota se eu o agarrar com estas mãos?" Ninguém disse nada. "Vou desmembrá-lo, pedaço por pedaço!"
O Joey acenou com a cabeça de forma sardónica. "Marcus, acho que nesta situação partilhamos todo o entusiasmo do Percy."
"Ele não está na cidade, ou está?", Perguntou o Dexter.
O Marcus sacudiu a cabeça. "Não. Fomos informados que está em Chicago."
“Chicago?" Gritou a Jéssica incrédula. "O que é que ele está a fazer em Chicago?"
"Pois", acrescentou a Megan. "Pensei que nos queria a nós. De quem é que ele anda à procura em Chicago?"
"Não de quem, mas do quê”, respondeu o Marcus. "Três traficantes e o fornecedor deles foram encontrados mortos ontem à noite. Todos baleados três vezes no coração e o fornecedor foi torturado dentro do apartamento dele antes de ser baleado."
"Como é que ligaste isso ao Fernández?", Perguntou o Joey.
O Marcus sorriu. "O Fernandez estragou tudo. Houve testemunhas que ouviram o seu nome. O Marcus fez uma pausa. "O Felix Juarez também está com ele."
"O Fernandez não caga sem o Felix lá para lhe limpar o rabo", comentou o Dexter.
Gargalhada geral.
"Como é que descobriste isso, Marcus?", Perguntou a Misty.
O Marcus consultou as anotações. "Através de um detective dos Narcóticos... Um... Tory Masterson, detetive de primeira classe e um tenente dos Homicídios, Mickey Rooney."
Fitaram-se à volta da mesa.
"Tenho que perguntar", disse a Megan. "Eles sabem no que é que se meteram? "
O Marcus sorriu. "Acho que não."
O Joey disse: "E o que é que os fez ficar de sobreaviso?"
"Aparentemente, Rooney e o seu parceiro,” tornou a consultar as anotações, "... Sam Tanner, estavam de serviço e foram apanhados com os quatro homicídios. O Masterson estava no local do quarto assassinato, quando Rooney chegou. O Masterson trabalhava disfarçado com o número quatro, William Joseph Smith, ou seja, o Tinker, tentando descobrir quem é que o fornecia.”
"Subindo a escada, certo?", Perguntou o Dexter.
"Assim o parece", respondeu Marcus. "O Masterson lembrou-se que o Fernandez era federal e um tal Capitão Baker notificou o escritório do FBI em Chicago.
Eles notificaram-me."
"Marcus, este Rooney é bom? Ou Masterson? Ou Tanner? “Perguntou o Joey.
"Tanto quanto pude descobrir, são dos melhores na polícia de Chicago." Respondeu o Marcus.
O Joey recostou-se na cadeira. "Ok, perguntas... O que é o Fernandez anda a tramar?”
Sempre o pensador, o Dexter disse: "Parece que o Fernandez está a mudar-se para Chicago. Mas, para isso, tem de eliminar alguma concorrência."
O Joey assentiu. "Ou fazer a competição ter medo dele."
A Misty disse: "Isto pode desencadear uma guerra de gangs. Mesmo no meio de Chicago."
"Diz lá, Joey, achas que nos podemos infiltrar? E apanhar Fernández de surpresa?” Perguntou a Jéssica. "Ele não está à nossa espera em Chicago e isso pode dar-nos uma vantagem."
"É uma ótima ideia", disse o Joey.
Todos se voltaram para o Marcus. Ele tomou gradualmente conhecimento disso, e olhou para cada um deles.
"O quê?", Perguntou Marcus.
"Tens de vir connosco", disse o Joey.
"Porque raio é que havia de ir?", Perguntou o Marcus, confuso. "É o vosso contrato!"
O Joey apontou para o Marcus. "Mas tu és a nossa ligação governamental. És o nosso lubrificante, Marcus."
"Sim", disse o Louie. "Podes lubrificar as rodas em Chicago. Lubrifica-as, para que possamos deslizava lá para dentro.”
"Ai, meu Deus, Louie!", Disse a Jessica.
O Louie olhou à volta da mesa, com olhos arregalados muito inocentes. "O que é que eu disse?"
O Marcus olhou em redor, olhou para o seu bloco de notas, olhou para o teto, e abanou a cabeça. "OK, vou convosco", disse. "O que é que precisamos de fazer?"
"Vamos precisar de muito equipamento informático, para começar", disse o Dexter. Virou-se para a Megan. "Queres vir ajudar-me a organizá-lo?"
"Claro, querido", respondeu a Megan.
Enquanto o Dexter e a Megan se levantavam, o Joey disse: "Prepara-o, Dex, e manda-o para o aeroporto. Enviamos o equipamento e armas num dos aviões de carga."
Ao ecrã, a Jessica disse: "Joey, porque não mandas o Charlie Li para cá para me substituir? Assim que ele chegar, posso apanhar um voo do LAX para Chicago."
O Joey assentiu. "Soa-me bem, Jess. Vou mandá-lo num dos jatos, e podes apanhar esse jacto para Chicago. Voa em segurança e não te esqueças de informar a cliente sobre a mudança de pessoal.” Fez uma pausa. "Educadamente, por favor."
A Jéssica sorriu afectadamente. "Para de tentares arruinar a minha diversão, Joey. "E desligou a transmissão segura.
"Louie, podes tratar do armamento?", Perguntou o Joey.
"Claro", respondeu o Louie. "Do que é que achas que vamos precisar?"
"Deixo isso contigo, Louie. Imagina o pior cenário possível enquanto empacotas."
O Louie sorriu. Às vezes, assustava o Marcus. "Tenho esperado por vingança desde aquela confusão com a Donna. Vai ser divertido.” Saiu.
A Misty disse calmamente: "Ele ainda se sente culpado."
O Joey acenou com a cabeça. "A Jessica também."
"Ambos fizeram o melhor que puderam e o Louie não podia saber que a Donna era o que era", disse o Marcus.
"Sim, mas isso não impede a culpa, Marcus", disse o Joey.
"O que é que queres que eu faça, doçura?", Perguntou a Misty, de olhos amorosos.
O Marcus tossiu na mão.
O Joey perscrutou o rosto do Marcus e disse: "Escolhe cerca de dez soldados para levar connosco. Têm de ser os melhores e certifica-te que incluis o Brandon King, a Patty Ferguson e o Tony Armstrong. Escolhe os outros sete."
"E o Turk?"
"Vou deixá-lo aqui no comando ", disse o Joey.
"Ok". A Misty levantou-se, beijou o Joey na cabeça e saiu da sala.
"Então, o que precisas de mim... Doçura?” Perguntou o Marcus, de cara séria.
Devolvendo o olhar sério e levantando uma sobrancelha, o Joey respondeu: "Preciso que me beijes o cu, Marcus."
Desataram-se os dois a rir.
"Marcus, quero esses três polícias na equipa connosco. Eles conhecem a cidade, e nós não. Mas também precisamos que seja ultrassecreto."
O Marcus assentiu. "Isso pode ser feito. Vou manter o sigilo. Só o direi ao chefe do escritório de Chicago, ao prefeito, ao chefe da polícia e ao capitão da polícia."
"Ótimo. Gostaria de ter uma sala de conferências na esquadra que este Rooney chama de lar. Terás de explicar ao capitão. Eu trato de informar os três polícias."
"Ok. Achei que também devia dizer-te que tentei trazer o Nicholas Turner para isto. Pensei que podia ser de grande ajuda para nós, mas não pode deixar o que está a fazer agora. Ele anda a trabalhar num caso de custódia, e tem a nova esposa e família...Quero dizer, a nova esposa e filho."
O Joey olhou para o Marcus desconfiado. Por fim, disse: "Um destes dias, vamos falar sobre isso, tu e eu. Gostaria de saber o que é que há sobre Nicholas Turner que não estás a dizer.”
Marcus riu-se. "Joey, tenho a sensação de que vais descobrir um dia destes, mas a história não é minha, para contar. Como é que vamos para Chicago?"
"Levamos um dos jatos. Há-de levar-nos a todos em segurança. Partimos cerca das três. Além disso, vou enviar um dos helicópteros silenciosos para lá. Seria bom se pudéssemos aterrá-lo no telhado da esquadra. Será que vai aguentar?”
"Vou tentar saber. Encontramo-nos no aeroporto às três."
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