Canções De Natal Em Old América
Patrizia Barrera
História das mais belas canções de Natal da tradição Americana
Uma vista panorâmica intrigante e divertida sobre a história das canções Natalícias relacionadas com a tradição Americana. Anedotas agradáveis, bastidores, escândalos e fofocas (bisbilhotices) de outros tempos; de uma América que não existe mais. Tudo aquilo que vocês não sabem sobre as mais belas canções Natalícias da Velha América; encontrarão neste livro, escrito com paixão e com a mão leve.
Patrizia Barrera
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PREFÁCIO
Um Especial abrigado a todos Vocês, Caros amigos! Diverti-me muito escrevendo este livro. Sobretudo nas minhas pesquisas esbarrei-me com várias notícias interessantes que me satisfaz passar também para Vocês. Neste pequeno volume encontrarão a magia do Natal da Old América clarificada e difundida através das suas canções, naquele período prolífico e maravilhoso que foi a trintena 1930/1960. É claro que a Tradição Americana é muito mais articulada: os cantos natalícios ou Carols por assim dizer constituíram um movimento importante para a música daquela época e os trechos que têm a ver com as santas festividades são vastíssimas.Todavia não era minha intenção criar uma antologia específica das canções, se bem que acompanhar-vos pela mão à sugestão dos anos mágicos mostrando-vos o que muitas vezes esconde-se atrás das canções de Natal, os protagonistas, os factos e as anedotas agradáveis sobre as quais muitas vezes omitem-se ou que não saltam por acaso às honras da crónica. Será como recuar no tempo e reviver aquelas atmosferas ocultadas da alegria e da pureza da criança que se esconde em cada um de nós. Este é o primeiro volume. Muito provavelmente seguirá um segundo sobre aquelas canções antigas que ampliarão a visão de quem, como eu, está apaixonado pela Velha América. Por enquanto não posso que agradecer antecipadamente a todos os meus Leitores e desejar a todos um… Bom Natal!
Direito Autoral
D ireito Autoral Patrizia Barrera 2021
Todos os direitos reservados
Tradução italiana Português ibérico
de ADERITO FRANCISCO HUO
É uma produção RHA
RHA PRODUCTION
AS ORIGENS DO NATAL
erão dificuldades em acreditar nisto mas na verdade o Natal é… uma festa pagã. Ou seja, para dizer a verdade, uma festa reservada aos bruxos e às bruxas que ousavam dançar em volta de uma árvore ou muito mais provavelmente em volta de círculos de pedra no dia solstício de inverno, quer dizer o 22 de Dezembro. Era uma celebração orgíaca, com danças, erva e sexo, conveniente para ganhar o favor dos Deuses na época de inverno, que nos tempos antigos criava mesmo medo.
A origem? Alguns dizem que surgisse da cultura Druidica e que as suas raízes fossem Célticas. Se alguém de vocês leu por acaso aquelas bandas desenhadas de Asterix e Obelix pode, de forma satisfatória, ter uma ideia embora a tradição exotérica que acompanhava estes povos era de longe mais complexa. O período vai a partir do século IV até ao século III A.C. e a localidade, as Ilhas Britânicas mas com largas expansões mesmo na Itália, na península Ibérica e na Suécia. Nós as conhecemos como BRITANNI e provavelmente o que nos estimula do seu passado é o mistério de Stonehenge, mais que as suas tradições religiosas. Contudo deste povo extinto provém toda a magia e a sugestão do Natal, a mesma que respiramos ainda hoje.
Os Romanos, que derrotaram e colonizaram os Celtas em várias retomadas assimilaram usos e costumes, e foi desta forma que a festa do solstício de inverno tornou-se tradição do Império. Na verdade a celebração do solstício de inverno está presente um pouco em todas as culturas: nos tempos lá idos os ciclos naturais eram bem observados e o facto que o dia mais curto, e portanto o “aparente” abandono do sol, caísse por volta de 21 de Dezembro representava um facto conhecido mas não por isso considerado “automático”. O sol era um Deus distribuidor de vida; e como todos os deuses sujeitos ao descomedido, rancores e actos violentos. Era preciso cair na sua graça para que continuasse a oferecer ao homem o seu calor. Os dias imediatamente sucessivos ao 21 de Dezembro eram portanto vividos pelos primitivos com terror e medo, sobretudo quando a luz inevitavelmente tornava-se mais fraca e as noites mais longas. A certeza que o sol tivesse voltado e que um novo ano se abrisse para a humanidade tinha-se apenas o 25 de Dezembro, dia em que por diversas leis astronómicas que não vou tratar aqui, o sol parece “renascer” poderoso e vitorioso.
Em palavras pobres que tenha tido um novo “Natal”. Esta simples interpretação pode talvés esclarecer o sucesso das festas ligadas ao solstício de inverno que encontramos em muitíssimas culturas espalhadas em todo o mundo.
Quando os Romanos “reciclaram” as danças pagãs tinham em prática descoberto a água quente. E depois deles o fizeram os Cristãos que, unindo às danças pagãs a uns feitiços representativos da Divindade do Cristo e a virgindade de Maria, na prática relacionavam-se a mitos e usos muito mais antigos. A nossa senhora com a criança, efectivamente, não é património Cristão.
No Egipto, por exemplo, precisamente a 2000 anos antes do nascimento de Jesus o Deus Horus (o Sol) estava figurado como uma criança nos braços da deusa Iside
(a Lua) que era a mãe e irmã. Antes ainda na Pérsia o mito do deus Mitra deveria suscitar uma reflexão: parece que tivesse sido gerado por uma virgem, que tivesse doze discípulos e sobretudo que viesse definido “O SALVADOR”! O Deus Sol da Babilónia TAMMUZ não é menos surpreendente: ele também figurado no braço da Deusa mãe ISHTAR tinha uma auréola formada por doze estrelas, que representavam os 12 sinais zodíacos. (12 como os discípulos de Cristo, não acham?) Parece que mesmo ele morreu e depois ressuscitou depois de 3 dias… e isto a 3000 A.C.
Abstenho-me sobre os truculentos ritos de Dionísio, onde o Deus criança vinha feito literalmente em pedaços por mulheres endoidecidas, para depois renascer mais lindo e forte que antes; e menciono apenas um Deus Sol em yucatan, também este gerado pela virgem CHRIBIRIAS. Mas saliento que os ritos que acompanhavam o solstício de inverno não diziam respeito apenas a este hemisfério, todavia também o outro, visto que até os Inca celebravam o Deus Sol WIRACOCHA na estação invertida isto é no dia 24 de Junho!
FOTO 1) Eis a extraordinária união entre a deusa Isis e a Virgem Cristã. As semelhanças dissipam-se: o que cai sobre é a centralidade das suas figuras na religião pagã e depois cristã. Ambas eram consideradas mortais, virgens e relacionadas à figura do “Salvador”, Hprus por Iside e Cristo por Maria, que a iconografia clássica reassume como a criança que asseguram no braço e que ambas aleitam.
As pessoas em toda a parte são as mesmas, pois. E todo o mundo festeja alegremente um Natal rico em danças e cantos entre um amplexo e uma bebida, até quando não chegou o Cristianismo para quebrar os ovos no cesto. Claramente começou-se a proibir o sexo e a doçura da festa, que não correspondia com a imagem da pureza de Maria; seguidamente passou-se á dança, julgada “dom do demónio”. E para concluir pensou-se em substituir os cantos pagãos, que aclamavam ainda às estranhas divindades do passado confundindo-as com aquelas cristãs.
O primeiro a fornecer um texto original foi o Bispo Romano, em 129 d.C. o qual obrigou os fiéis a cantar um HINO DOS ANJOS no Natal; para não mostrar-se inferior à Igreja ortodoxa, na pessoa de um certo Comas de Jerusalém, produziu um HINO À DIVINDADE em 720 d.C. Depois de escrever textos religiosos para cantar no Natal tornou-se uma verdadeira profissão reservada aos Frades. É do século IV a iniciativa de contrastar as ainda numerosas celebrações do solstício de inverno fixando a data do nascimento de Jesus no dia 25 de Dezembro. Na verdade nenhum dos Evangelhos faz referência a um momento preciso, quando se fala da natividade. Jesus nasce e basta. Os teólogos tomaram como motivo o facto do censo omitindo o facto que os Romanos tinham uma verdadeira paixão pela “conta” dos próprios súbditos, que amavam portanto submeter ao censo muitas vezes mesmo por motivos de planificação e de controlo. Substituir os festejos pagãos com o nascimento do Nosso Senhor foi pois um genial golpe de mestria.
Todavia o povo não apreciou de imediato a mudança: a vida era bastante curta e dura para deixar subtrair um dos poucos momentos de desenfreamento do ano. Condenados ao jejum e à morigeração dos costumes os novos Cristãos tinham-se refugiados nos cantos populares os quais, tendo o mérito de serem cantados na língua nativa, eram facilmente compreensíveis para todos. A igreja na verdade obrigava a plebe para aprender à memória Hinos em latim, e as celebrações eram conduzidas entre um povo triste e ponderado que se esforçava para mastigar as palavras das quais não compreendia o sentido.
Muitos Bispos Paleo/Antigos – Cristãos opuseram-se a este estado das coisas, como por exemplo S. Ambrogio que precisamente adaptou o texto VENI REDEMPTOR GENTIUM às músicas populares de origem pagã de forma que o povo, mesmo não conhecendo o texto, pudesse pelo menos cantarolar a seu modo a canção. Mas foram casos isolados. Entre anátemas e ameaças de excomunhão a Igreja Católica conseguiu compor uma verdadeira antologia musical que se impôs ao povo e que conseguiu arrastar até á Idade Media. E não certamente entre a satisfação geral. Nos primórdios de 1200 a gente tinha perdido a vontade de festejar o Natal, e o nascimento do Nosso Senhor passava apática dentro de famílias amuadas, cuja única transgressão consistia finalmente em poder comer um pedaço de carne, depois do longo jejum do Advento. Pois apercebeu-se que um dos Santos mais atentos e reformador do Catolicismo, Santo Francisco de Assis, que pensou em exumar a defunta alegria para reaproximar o povinho ao Céu.
FOTO 2. Frequentemente Francisco participava nas representações teatrais do Natal, colocando à noite profunda na criança acabada de nascer sobre uma manjedoura e celebrando ao mesmo tempo a Santa Missa. De tal forma que o pobrezinho ignorante vinha informado sobre os mistérios do Nascimento de Jesus e da Virgindade de Maria de forma simples e eficaz.
Compreendendo as dificuldades dos pobrezinhos, ele criou uma espécie de celebração viva do nascimento de Jesus, contado de Cabana e tais protagonistas, diferentemente daquilo que se crê, não estavam ali imóveis a deixar-se admirar porém cantavam as estrofes tradicionais jamais declinadas com o acompanhamento de gaitas e flautas pastoris, narrando sem delongas a história da natividade. Tratava-se de uma semana completa de preparação ao Natal com jogos e competições, mas também concursos de distinção para o apetrechamento anual do melhor presépio. Tudo culminava no dia 25 de Dezembro quando se abriam também divertidas danças seja ao ar livre como quando, se o tempo não era propício, na igreja demonstrando a falsidade da crença que as danças em honra do nosso Senhor fossem pecaminosas. É preciso dizer que a igreja não aceitou num primeiro impacto esta inovação mas a fama de santidade de Francisco era tão pura e incontaminada que o Papa deixou efectuar, também o divertido hábito já tinha desembarcada na França, Espanha e Alemanha e tanto fazia aquela publicidade ao Cristianismo que proibi-la teria sido certamente arranjar lenha para se queimar.
FOTO 3. Um dos hábitos mais difundidos na Idade Media Inglesa era festejar o Natal com grandes banquetes onde o prato principal era o pavão vivo. A lindíssima ave vinha preventivamente degolada e esfolada com cuidado, de forma para não desfazer a plumagem, depois vinha recheada com ovos e especiarias e assado. Por fim vinha “revestido” pela sua pele e ornado de ouro. Chegados na América nos Frades peregrinos substituíram quase logo a seguir o pavão pelo peru, que tornou-se o símbolo gastronómico do Natal Americano.
Assim, ao lado dos Hinos da igreja rigorosamente em latim, na Europa começou-se a festejar o Natal com canções vulgarmente, cada vez mais cuidadas e complexas, que vinham depois levadas por aí por menestréis e pastores que as ensinavam ao povo. É francês o termo CAROL, que indica precisamente o canto profano relacionado ao Natal muitas vezes acompanhado por danças e festas. Não temos nada escrito sobre os primeiros cantos populares da remota Idade Media, pois que as carols difundiam-se oralmente e os doutos não as transcreviam de algum modo.
A mais antiga que se recorda vem da Inglaterra, é datada em 1470 e é a primeiríssima versão de I SAW THREE SHIPS. Devo dizer que a Inglaterra foi líder no sector das canções de Natal, com um povo entusiasta e bem organizado que produziu os primeiros cantores solistas, chamados WAITS (isto é aqueles que esperam). E esperam todo o ano já que, acompanhantes de músicos consagrados, andavam por aí, por vários povoados levando a música do Natal e vivendo de esmolas. Tratava-se dos primeiros Artistas de Rua que a tradição recorda e, quando chegavam, traziam alegria juntamente com as Boas Novas. Com o Natal à espreita voltavam para o povoado de origem, onde notáveis dos povoados os acompanhavam cantando em público com eles.
Eis então que os WAITS tornaram-se waitnight na medida em que, trajando roupas dos pastores, estavam fora a cantar toda a noite observando as estrelas, recordando uns primeiros pastores que enchiam a cabana de Jesus. Um hábito certamente não salubre e vista a rigidez do clima, que provavelmente estimulou a criação dos primeiros presépios de madeira à volta dos quais se reuniam todas as famílias na véspera da noite de natal ou até toda a população de uma aldeia, quando eles vinham realizados à grandeza natural. Encontrava-se para estes “presépios gigantes” um grande estábulo e aqui num único golpe preservava a saúde física e aquela espiritual. A tradição intensificou-se ao ponto que as Igrejas da Europa apetrecharam-se, permitindo ao povo de festejar o Natal mesmo com as próprias canções. Houve pois um período em que, mesmo continuando a dizer missa em latim, aos coros canónicos foram acrescidos aqueles populares os tais, narrando vulgarmente o nascimento de Jesus, não eram mais pecaminosos. Um povo feliz enchia portanto as Igrejas que, sendo preciso, resplandecia de milhares de velas: ou melhor, duplamente feliz, visto que os círios, realizados em sebo de animal, uma vez apagados vinham oferecidos às centenas de fiéis ávidos que… as consumia logo depois da função! Eh sim, a vida era dura na Idade Media!
Os tempos para a satisfação de Natal foram seja como for breves: Santa Inquisição na Espanha e na Itália foi severa com os cantos e danças que, vindo do demónio como tentação para a carne, foram novamente proibidos e combatidos. A Alemanha e a Inglaterra, abraçando a nova vaga do Protestantismo, fizeram cair as populações na austeridade mais profunda. Até a Catolicíssima França, enfim oprimida por reinantes de origem Espanhola que precipitavam-se ali para casamentos políticos armados de crucifixos e rosários, perdida a sua natureza dançarina. Em toda esta obscuridade o povo não esqueceu as canções de Natal, que vinham pelo contrário cantadas em privado, como forma de pretexto sobretudo na Inglaterra, apesar do CROWMELL e as suas rígidas leis Puritanas tivessem levado a austeridade até nas colónias Americanas.
Em 1730 é denunciado um escândalo pelo Rev. Mather o qual queixou-se de um “deplorável hábito” em Massachussetts Bay Colony onde, na noite de Natal, a gente “jogava cartas, passava o tempo fazendo borga na mesa e entoavam “vulgaríssimos cantos sobre o nascimento de Jesus!” Uma moda que afirmou-se cada vez mais e que, como em toda tradição que se respeita, tem os seus heróis nas pessoas umas centenas de menestréis que, nas barbas das leis inglesas, tinham coleccionado todas as canções populares sobre o Natal da pátria amada antes de desembarcar no novo continente e difundir o verbo! O hábito dos WAITS foi portanto não apenas revista mas pelo contrário melhor estruturada, com verdadeiras encenações teatrais que, no vaivém entre Inglaterra e América, voltou ao ponto de partida. Antes, a maior parte das velhas canções de Natal que ainda hoje, tipo Stille Nacht o What a Child is This? Foram escritas na segunda metade de 1700.
Nivelado o caminho, as grandes Potências adequam-se: em 1822 o deputado e histórico DAVIES GIBERT, publica uma antologia de Antigos Cantos Natalícios, seguindo a rota WILLIAM SANDYS, que publicita algumas canções históricas, como THE FIRST NOWELL o HARK the HERALD ANGELS SING. O golpe final foi dado depois em... época Vitoriana quando a puritaníssima Rainha que cobria por pudor as pernas das mesas com um saiote o teutónico e prestante Príncipe Albert.
Este era um cultor da Velha Música de Natal e dedicou-se para reorganizar as festividades desatando do nó da “celebração fúnebre” e devolver a elas o antigo fulgor. Nasceu daí um Natal em perfeito estilo laico que espalhou a mancha de óleo em todo o mundo, onde a gente não esperava outra coisa. Desde então ao lado dos Presépios e das árvores embelezadas para a Festa, as canções enriqueceram-se de novos simbolismos que marcam a mudança dos tempos. Entram em cena a neve, o visco, as renas e Santa Clausche, alcançado de mãos-cheias pelas tradições de Países únicos muitas vezes pouco conhecidos, tornam-se Património Público pelo menos no Natal.
A vaga das canções Natalícias tornou-se depois um verdadeiro business para o cinema, casas discográficas e televisões. Milhares de autores enriqueceram-se produzindo verdadeiros sucessos que nos fazem ainda chorar e sonhar, como WHITE CHRISTIMAS SONG.
Depois, como toda coisa, o movimento esgotou-se e o mercado mudou. Hoje tudo isto que ouvimos do Natal são simples reelaborações de canções do passado, e aquele pouco de novo que existe não faz história. As tradições enterram-se, as festividades reduzem-se a um árido comércio e a gente parece ter perdido também a vontade de cantar.
Por quê? Onde foi parar o Espírito do Natal? Quiçá, talvés perdemo-lo?
ROCKING AROUND THE CHRISTMAS TREE
Um Natal… moderno!
Começamos a nossa vista panorâmica sobre as canções mais belas dedicadas ao Natal com um trecho e com a melodia cativante, uma letra ligeira e um nome genialmente importante: Johnny Marks, um dos poucos compositores de canções Natalícias entrado directamente na Songwriters Hall of Fame.
Entre os anos ’30 e nos primórdios dos anos ’60 compor canções sobre o Natal era pouco mais menos uma profissão. Alguns autores especializavam-se neste ramo que, particularmente com a chegada da televisão, era muito seguido, publicitado e amado. Todos os anos dezenas de autores... Natalícios propunham às casas discográficas as próprias obras. Conseguir depois fazê-las gravar pelos cantores mais na moda era garantia de sucesso. A América, seja católica como protestante, sempre amou o Natal. Bing Crosby, que de canções gravou realmente tantas, tornou-se o preferido do público com White Christmas e graças à popular canção levantou voo no firmamento das stars. Entre os anos ’30 e nos primórdios dos anos ’40, época do swing, do jazz e do rock’ n roll ainda bebé, as canções sobre o Natal tinham um cunho espumoso, alegre e das sugestões dancing. Foi apenas de seguida, nos anos ’50, que assumiram uma coloração mais melódica e sugestiva, adequada a uma sociedade sonhadora perfeitíssima por isso o reviver dos bons sentimentos caracterizava um certo tipo de família tradicional. Todavia Rocking around the Christmas tree trouxe uma lufada de alegria e dinamismo, mesmo mantendo o chamamento à harmonia do lar doméstico muito caro à população Americana.
Eis a letra da canção.
Rocking around the Christmas tree
At the Christmas party hop
Mistletoe hung where you can see
Every couple tries to stop
Rocking around the Christmas tree,
Let the Christmas spirit ring
Later we’ll have some pumpkin pie
And we’ll do some caroling.
You will get a sentimental
Feeling when you hear
Voices singing let’s be jolly,
Deck the halls with boughs of holly
Rocking around the Christmas tree,
Have a happy holiday
Everyone dancing merrily
In the new old-fashioned way
FOTO 4. Eis a capa original do disco de 1958, com uma infantil e sorridente Brenda Lee. O disco, produto da Decca, teve um discreto sucesso. A cantora, na altura com treze anos, colocava-se na esteira do recem-nascido rock’n roll piscando todavia o olho à tradição do Natal na família. Permanecido a única intérprete do trecho durante 30 anos, a Lee foi retirada do pódio pela versão Kim Wilde/Mel Smith de 1987, que se posicionou no terceiro lugar nas Hit Inglesas do ano. Outra vez presente no imaginário colectivo a versão rock da então pudica Miley Cyrus, que em 2006 capturou a atenção de milhões de ouvintes.
E aqui está a tradução em italiano
Dançando em volta da árvore de Natal
Nas festas natalícias
O visco está pendurado ali onde vês,
cada casal procura beijar-se lá em baixo
dançando em volta da árvore.
Deixemos que o espírito do Natal se erga,
mais tarde comeremos um pouco de bolo de abóbora
e cantaremos uma certa ária de Natal.
E comover-te-á
Quando ouvires o coro a cantar “fiquem alegres!”
Daremos alegria as salas com a visqueira
E dançaremos em volta da árvore cantando
“Boas festas”!
E todos cantam felizes
Naquela forma antiga,
que é sempre novo!
Como podem ver uma letra que à primeira vista parece ligeira mas que apresenta umas partes interessantes. O termo rocking (dançando) introduz a novidade da sugestão rock, exactamente como já tinha sucedido numa outra canção de Natal talvés mais famosa: Jingle BellRock de Bobby Helms. A introdução do rock, mesmo privado da dureza característica, foi realmente uma novidade para o género das canções Natalícias e, estranhamente, resultou favoravelmente aceite pelas tradicionalíssimas gerações precedentes, que viam na alma do nascente rock um símbolo da degradação da sociedade. Magia do Natal?
Efectivamente a canção deixa-se logo “perdoar” sublinhando os temas fixados da tradição: o beijo em baixo do visco, as vozes alegres, o espírito do natal e... – toque do mestre! – A união velho-novo citando precisamente o refrão da famosíssima DECK THE HALLS, canção símbolo do americano médio mais adulto. O trecho foi composto por Johnny Marks em 1957 e confiada pela DECCA à então catorzinha Brenda Lee, que gravou-a duas vezes, em ’58 e em ’59. Parece que originariamente a canção tivesse tingido mais country e que depois tenha sido “cosido” nas peculiaridades canoras e interpretativas da Lee. Experiência muito bem sucedida se for a considerar que a gravação da Brenda Lee foi pois quase a única para esta canção.
FOTO 5. Criança prodígio, Brenda Lee começou a sua carreira com 6 anos de idade colocando-se no primeiro lugar num concurso de talento escolar, cujo prémio era aquele de exibir-se ao vivo num programa radiofónico muito na moda, Star makers revue. A sua família era paupérrima e, graças às intervenções radiofónicos da garota que se exibia sem trégua nas rádios locais, conseguia manter-se. Era muito franzina de estatura, cerca de 145 cm, mas a sua voz era de tal forma impetuosa até que mereceu o nome de “Miss Dinamite”. Alcançou o sucesso não com o Rocking Around the clock porém com o trecho I’m sorry de 1960, pelo qual foi condecorada com Grammy Award. Considerada pelo público como uma cantora pop Brenda Lee foi todavia expoente máximo do rockabilly e do rock’n roll, uma das pouquíssimas mulheres da época.
Johnny Marks (1909-1985) tinha começado a sua carreira de compositor de canções ligadas à atmosfera do Natal em 1947 com o trecho “Rudolph, the red-nosed Reindeer”, baseado no poema homónimo escrito pelo irmão Robert… Um boom sem precedentes que rendeu ao autor pelos direitos... 30 milhões de cópias vendidas e que em 1964 nomeadas no Natal para um homónimo filme pela televisão muito apreciado! Se pois acrescentamos que a canção foi gravada por Gene Autrym cantor famosíssimo do tempo, pois bem...
FOTO 6. Eis aqui já na idade madura o Johnny Marks numa foto quase íntima dos anos ’70.
Director da ASCAP (Sociedade de Autores, compositores e editores) a partir de 1959 até 1961 e fundador da outrassim famosa ST.NICHOLAS MUSIC em 1949, escreveu muitas canções que vos convido a ouvir. Cito aqui apenas algumas:
THE NIGHT BEFORE CHRISTMAS (1952) interpretada pois pelo mágico dueto Gene Autry-Rosemarie Clooney, outra estrela da época.
RUN, RUDOLPH, RUN (1958) e interpretada pelo ícone do rock CHUCK BERRY (e quem seria, se não ele?)
I HEARD THE BELL ON CHRISTMAS DAY (1956) Uma obra adaptada na guerra civil e que teve vozes importantes como Harry Belafonte, Bing Crosby, Elvis Presley, Frank Sinatra… e muitos outros. Em suma muita boa música que valeria a pena ouvi-la e recordar...
Para a crónica: Johnny Marks foi condecorado pela International Society of Santa Claus com o prémio CHRISTMAS SPIRIT juntamente com um outro compositor excepcional: Irving Berlin, pai de WHITE CHRISTMAS e outras boas canções das quais falaremos num dos próximos capítulos. O trecho foi gravado em Julho de 1958 num dos estúdios da Decca com o produtor de Nashville Owen Bradley. Era um dos verões mais sufocantes dos últimos anos a cantora e a orquestra não conseguiam concentrar-se. Owen então, além da instalação do ar condicionado ao máximo, fez disparar bolas de neve artificial para refrescar o ar e apetrechou uma grande árvore de Natal, com muitas bolinhas e luzes coloridos, nos estúdios de gravação com o objectivo de… fazer entrar na parte a cantora e todo o staff. Parece que o expediente funcionou perfeitamente e que todos divertiram-se o quanto basta, até ao ponto de que bastaram apenas duas gravações para concluir o single. Em 2014 a NPR, entrevistando a já anciã Brenda Lee, lhe perguntou em tom de brincadeira que para qual direcção gostasse “tocar rock” em volta da árvore de Natal. A resposta da cantora foi imediata: “Sul. Seguindo o curso do sol.” Ainda que de origem hebraica como o seu ilustre colega Irving Berlin, Johnny Marks atingiu a notoriedade como compositor de trechos de Natal. Numa das numerosas entrevistas à pergunta se estivesse contente do seu sucesso ele confessou abertamente: “Pois, não estou muito feliz de ser recordado apenas por algumas cançõezitas da Véspera de Natal!”
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