As Probabilidades Do Amor
Dawn Brower
Katherine e Bennett continuam atravessando caminhos, e palavras, um com o outro. Faíscas voam e logo a paixão começa a ferver entre eles. Isso poderá conduzi-los ao amor ou acabar sendo a ruína dos dois. Lady Katherine Wilson nunca esperou herdar um haras, mas ela abraça o presente e a oportunidade de prosseguir com o legado da avó. Ela decide fazer com que as éguas da propriedade procriem, e apenas um garanhão poderá engendrar a tarefa. Infelizmente, o garanhão pertence ao marquês de Holton, e eles nunca se deram muito bem. Faz anos que Bennett Evans, o Marquês de Holton, é o responsável pela família. Ele nunca teve a chance de levar uma vida despreocupada e tinha crenças fundamentadas sobre qual era o lugar das mulheres na sociedade. Ele fica horrorizado por uma dama do calibre de lady Katherine estar administrando um haras e se recusa a trabalhar com ela. Os caminhos de Katherine e Bennett continuam se cruzando, assim como as palavras atravessadas que trocam um com o outro. Faíscas voam e antes que percebam, a paixão está borbulhando dentro deles. Ela poderá conduzi-los ao amor ou à ruína.
Dawn Brower
As Probabilidades do Amor
AS PROBABILIDADES DO AMOR
O ESCÂNDALO ENCONTRA O AMOR – LIVRO 4
DAWN BROWER
Translated by WÉLIDA MUNIZ
Odd of Love Copyright © 2019 por Dawn Brower
Todos os direitos reservados.
Capa por Victoria Miller
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– O amor não vê com os olhos,
mas com a mente,
E por isso o alado Cupido é cego e potente.—
– WILLIAM SHAKESPEARE
SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
PRÓLOGO
Janeiro de 1816
A neve caía do céu e cobria o chão como um tapete branco. Lady Katherine Wilson apertou a capa em volta do corpo e fez o melhor que pôde para reprimir um arrepio. A temperatura gélida tinha conseguido se infiltrar pela capa de lã e se espalhar por todo o seu corpo. Queria chegar logo ao seu destino e escapar daquele clima. Odiava o inverno. Ele nunca tinha sido sua estação favorita, e hoje não era diferente. Teria sido melhor se tivesse ficado em casa sentada em frente à lareira da sala de estar. Até mesmo o Salão da Fortuna seria preferível. Para ser justa, cada dia desde a morte da sua avó tinha sido lúgubre. O que ela não queria fazer era se encontrar com advogados e discutir a sua perda. Sua avó tinha morrido. Ela já não tinha sofrido o suficiente?
Quando finalmente chegou ao escritório do advogado da avó, subiu os degraus e bateu à porta. Katherine nunca tinha estado com um advogado e não tinha ideia de como proceder. Qual seria o protocolo para lidar com um advogado? A escola para onde fora não a preparara para esta circunstância em particular. Poderia ter perguntado para Narissa ou até mesmo para Diana, mas não queria sobrecarregá-las com seus problemas.
A porta se abriu e um cavalheiro mais velho apareceu. Ele tinha o cabelo escuro e as têmporas grisalhas. O colete escuro lhe dava uma aparência severa que refletia em seus olhos azuis da cor do gelo. Algo nele lhe parecia familiar, mas Katherine não conseguia dizer o quê.
– Lady Katherine – ele a cumprimentou. —Por favor, entre e saia do frio.
Ela já o tinha conhecido? Como ele a reconheceu? Teria que perguntar durante a reunião.
– Sr. Adamson? – Katherine ergueu uma sobrancelha. Ela queria se certificar de que ele era o advogado com o qual precisava se reunir.
– Sim – ele respondeu enquanto fazia gesto para ela entrar, e então fechou a porta.
Katherine estremeceu. O frio não a tinha deixado completamente, mesmo com o calor que já a envolvia. Infelizmente, depois dessa reunião, ela teria que ir para a casa nesse tempo horrível. Queria muito que uma carruagem estivesse disponível para o seu uso, mas a mãe a pegara para fazer visitas.
– Posso pegar a sua capa? – O Sr. Adamson perguntou.
Queria ficar com ela, pois ainda sentia um pouco de frio, mas não demoraria muito para se aquecer e era melhor tirá-la agora. Além disso, não tinha certeza de quanto tempo aquela conversa levaria. Katherine tirou a capa e a entregou a ele. Ele a colocou em um gancho e então se virou para ela.
– Siga-me. A senhorita ficará mais confortável no escritório. A lareira está acesa e está muito mais quente lá dentro.
O Sr. Adamson a conduziu para o escritório e apontou para uma cadeira. Ele se sentou atrás da mesa e folheou alguns papéis antes de olhar para ela.
– A senhorita deve estar pensando por que eu pedi para que me encontrasse aqui. Normalmente, eu conduziria uma visita dessa natureza no conforto do lar do cliente. Mas por causa da natureza dos últimos desejos da sua avó, foi solicitado que eu fizesse isso aqui. Ela temia que se caso nos encontrássemos na casa do seu pai, que ele tentaria assumir o controle dos acertos que ela fez para você. Não que ele pudesse… – Ele pigarreou e prosseguiu – mas isso faz com que as coisas sejam mais fáceis para a senhorita. Não haverá conflitos com os quais lidar e assim que sair daqui estará no controle da sua herança.
O que a avó pode ter lhe deixado? Pensou que o pai tivesse herdado todas as posses dela. Não que Katherine esperasse que ela tivesse muito. A maior parte da propriedade tinha sido repassada para o pai quando o avô morreu. Era parte do espólio. A avó vivia em uma casa no condado de Sussex, perto de Heathfield. Sempre tinha pensado que aquela era a casa da viúva…
– Não sei se estou entendendo.
Ele lhe entregou uma carta.
– Está tudo explicado aqui. Você é uma jovem muito rica.
Katherine pegou a carta e rompeu o selo.
– É da minha avó… – Ela reconheceu a letra imediatamente. O coração bateu com força e lutou contra a vontade de chorar. Já vinha deixando a tristeza levar a melhor por tempo demais. Katherine sentia muita saudade da avó.
– Continue lendo – o Sr. Adamson a encorajou. – É importante que a senhorita a leia até o final.
Katherine voltou a prestar atenção nas palavras da avó. O que ela teria a dizer que não tinha dito antes de falecer?
Minha Mais Querida Neta,
O seu coração deve estar cheio de pesar, e eu sinto muito pela dor que está sentindo. Se eu pudesse arrancá-la do seu peito, arrancaria, mas se está lendo esta carta agora é porque eu não estou mais ao seu lado. Minha morte, mesmo que dolorosa, dará a você uma liberdade que nunca imaginou.
Meu filho, o seu pai, é um homem severo e não lhe deu o amor que você precisava. Ele aprendeu isso com o próprio pai. Meu casamento foi arranjado e minha mãe tomou providências para que eu sempre fosse cuidada. Na Inglaterra, a propriedade é imediatamente passada para o marido depois que uma mulher recita os votos. Minha mãe não acreditava que uma mulher devesse ser controlada por um homem.
O amor não era o mais importante em um casamento e frequentemente não aparecia nos contratos. Esse foi o caso com o meu próprio casamento. Um ducado como Gladstone é forjado com os laços de muitas uniões. John estava falido e concordou com todas as cláusulas do contrato antes de eu me casar com ele. Nunca tive o desejo de me tornar uma duquesa, mas isso fazia o meu pai praticamente salivar, bem, eu estou divagando.
Mas o que você precisa entender é que eu nunca fui uma marionete, e você também não precisa ser. Meu dinheiro era controlado por mim, mas uma quantia generosa foi dada a John depois que fizemos nossos votos. Ele tinha o dinheiro dele e eu tinha o meu. Eu lhe dei um herdeiro e depois vivemos nossas vidas de forma separada. Felizmente, John não desperdiçou o dinheiro e reconstruiu as propriedades de Gladstone. Charles é mais parecido com ele que comigo. Não deixe que ele a controle. Assuma as rédeas da sua vida.
Há tantas coisas que eu quero dizer a você, mas as últimas palavras mais importantes são essas: case por amor e nada mais. Minha propriedade é sua. Use-a com sabedoria, querida. Tenho certeza de que você tomará as decisões certas. Agora você pode escolher o seu próprio destino. A felicidade pode ser sua – e o amor também.
Com todo o meu amor,
Vovó.
Katherine secou a lágrima que escorria por sua bochecha. Nem sempre o pai era difícil, mas ela entendeu o que a avó quis dizer. O pai queria controlar a tudo e a todos. Ele odiava ser contrariado.
Katherine olhou para o Sr. Adamson e perguntou:
– O que exatamente minha avó deixou para mim?
– Como diz a carta, toda a propriedade dela – ele respondeu com segurança.
– Entendo, mas no que consiste a propriedade dela? – Ela reprimiu a vontade de revirar os olhos. – Ela disse que agora eu sou rica. Ela quis dizer que eu tenho fundos ilimitados?
– A senhorita agora tem uma conta bem polpuda. Há aproximadamente dez mil libras nela – ele respondeu. – Sua avó também lhe deixou um haras em Sussex, essa é a propriedade principal dela, e um chalé perto de Bath, que agora é seu. O haras gera uma receita de aproximadamente cinco mil libras por ano.
A boca de Katherine caiu aberta. Era bastante dinheiro… Poderia fazer o que quer que quisesse, assim como a avó disse na carta, mas Katherine não tinha entendido completamente as palavras dela até que ouviu o que tinha herdado.
– E o meu pai não pode tomar nada de mim? – Era uma preocupação, porque o pai não gostava que ninguém tivesse mais que ele. Ela tinha como saber quais eram as condições do ducado, mas aquela quantia com certeza rivalizaria com a dele. Ele iria querê-la e quereria o controle do haras também.
– Não – ele disse. – Os contratos foram bem claros. Qualquer dinheiro que ela tivesse só poderia ser dado a uma parenta direta. A única forma de o seu pai ter herdado seria se não tivesse nenhuma mulher para herdá-lo. – Ele sorriu. – E até mesmo assim, a primeira mulher nascida da linhagem direta ganharia o controle sobre os bens. Um homem só pode ficar em possessão deles até que uma mulher nasça. É uma propriedade matriarcal.
Havia tantas possibilidades para ela. Não sabia o que fazer primeiro. Nunca tinha sonhado que algo assim fosse acontecer. A morte da avó foi a pior e a melhor coisa que já lhe aconteceu. Por que ela não tinha falado sobre o tamanho da sua herança? Será que ela pensava que isso faria alguma diferença na relação delas? A avó sempre tinha significado muito para Katherine.
– Há algo mais que eu precise fazer? – A mente de Katherine ainda cambaleava por causa das notícias. – Eu posso ir ao haras?
A avó sempre a visitara. Ela nunca tinha estado na propriedade de Sussex. Katherine teve um desejo repentino de estar entre as coisas e o lugar que a avó amava. Talvez a ajudasse a sentir-se mais próxima da avó. Podia ser bobo, mas era do que precisava.
– A senhorita não precisa fazer nada. Tudo já está em seu nome. Só tem que aceitar a herança. Se precisar de alguma coisa, por favor, avise-me e eu cuidarei de tudo. – Ele lhe entregou um maço de papéis. – Esses ficam com a senhorita. Tenho uma cópia aqui caso eles se percam e sim, respondendo à sua pergunta, a senhorita pode ir visitar o haras. Caso seja do seu desejo, pode se mudar para Sussex permanentemente. Não há razão para continuar na propriedade ducal ou sob os cuidados do seu pai.
Isso lhe parecia muito bom. Iria para casa e embalaria as coisas, e então iria para o seu haras em Sussex. Viajar no inverno não era a sua atividade favorita, mas afastar-se do pai seria uma bênção. Ela não disse até mesmo para as amigas mais próximas o quanto ele era terrível.
Diana e Narissa não tinham ideia do quanto podia ser difícil para ela sair de casa ou até mesmo conseguir permissão para ir a qualquer lugar. Não vivia a vida maravilhosa que achavam que vivia. A única razão pela qual esteve procurando marido foi para escapar do controle do pai. Agora, não precisaria se casar, a menos que desejasse. Estava livre para viver a vida e não se preocupar com nada. Nunca mais.
– Muito obrigada. – Katherine ficou de pé. – Quando posso ir para lá?
– Posso pedir uma carruagem para levá-la a qualquer momento. Quando deseja ir? – Ele ficou de pé, rodeou a mesa e parou ao seu lado. – Os criados já estão cientes e esperam a sua visita. Eles estão animados para conhecê-la. Todos amavam a sua avó.
– Gostaria de ir assim que amanhecer. – Katherine mal podia esperar para conhecer os criados. Se eles amavam a avó tanto quanto ela, teriam muito a conversar. – É cedo demais?
– Nenhum pouco – ele lhe assegurou. – Pedirei para aprontarem a carruagem. A senhorita precisa de uma acompanhante ou levará a sua criada?
Betty adoraria ir com ela. Ela era a única criada da casa que era leal apenas a Katherine.
– Minha criada me acompanhará. – Eles saíram do escritório e o Sr. Adamson pegou a sua capa e então a ajudou a colocá-la.
– Muito bem. – Ele sorriu para ela. Onde ele parecia ter sido frio antes, agora parecia quase… quase paternal, ou ao menos como imaginava que um pai seria. – Não se esqueça de me avisar caso precise de qualquer coisa. Tenha uma boa viagem. Acredito que ficará muito surpresa com o haras. É um lugar maravilhoso. Fui lá muitas vezes para tratar de negócios para a sua avó.
Ela já tinha agradecido a ele, mas não pareceu ser o bastante. Ele tinha mudado toda a sua vida em menos de uma hora. Sim, na verdade tinha sido a avó que tinha feito a sua vida mais suportável, mas o Sr. Adamson foi o portador das boas novas.
– Tenho certeza de que vou ficar bem, mas, se algo surgir, irei avisá-lo. Tenha um bom dia. – Katherine acenou para ele e então saiu do escritório. Pela primeira vez em semanas ela entrou em casa com um sorriso no rosto e, nenhuma vez, até mesmo em seus pensamentos, reclamou do frio.
CAPÍTULO UM
Um mês depois…
O ar gelado quase crispava, mas ao menos não era cortante. Katherine estava na carruagem e observava os arredores. O Tattersalls estava fervilhando de atividade. Vários cavalheiros já circulavam pelo pátio olhando os cavalos serem trazidos para correr pelo redondel. Se ela quisesse ver o plantel por si mesma, teria que sair da carruagem e se juntar a eles.
Mordeu o lábio inferior e respirou fundo. Era isso o que queria. A avó lhe deixara um haras como legado e Katherine estava determinada a administrar a propriedade. Queria se assegurar de que seria independente, e não uma jovem dama julgada pela sociedade. Seu valor não seria medido por um homem ou seus laços com um. Katherine estava determina a se destacar por si só. A avó lhe confiara o haras e faria tudo o que estivesse a seu alcance para que a propriedade prosperasse.
Só precisava sair da carruagem e se armar para tolerar todas as atitudes altivamente desdenhosas dos cavalheiros. Mulheres não iam a leilões do Tattersalls para comprar cavalos. Ela não tinha certeza se ao menos permitiriam que ela comprasse um cavalo ou bem, qualquer coisa. Tinha vezes que nascer mulher era uma grandessíssima desvantagem. Naquele momento, não conseguia pensar em uma ocasião onde ser mulher era um benefício. Katherine suspirou e respirou fundo. Abriu a porta da carruagem e saiu.
Ninguém parou para olhar em sua direção. Tomou o fato como um bom sinal e continuou indo em frente até chegar à varanda. O leilão do Tattersalls era ao ar livre, em um redondel delimitado por uma varanda de pilares em três das laterais. Compradores em potencial e espectadores se juntavam no pátio. Depois de todo mundo se reunir, os cavalos, então, seriam liberados para correr pelo perímetro. Assim que a atividade terminasse, começaria o leilão.
Katherine passou as mãos pelo vestido de lã azul clara, alisando o tecido e logo puxou a capa com força para se proteger do frio. Por fim, certificou-se de que as fitas do chapéu de aba larga estivessem bem presas. As coisas seriam melhores se não chamasse a atenção de ninguém. Faria suas escolhas e deixaria uma ordem de pagamento, então, iria embora. Os cavalos que comprasse poderiam ser entregues no haras. Tudo isso soava muito bem na teoria. O nervoso que sentia em suas vísceras lhe dizia que algo sairia errado.
Chegou ao cercado ao redor do perímetro e esperou até que os cavalos fossem soltos. O vento soprava em seu rosto e congelava suas bochechas. Olhou com ansiedade para o picadeiro. Deveria ter trazido o cavalariço-chefe. Ainda seria ela a decidir quais cavalos comprar, mas tê-lo ali lhe daria alguma credibilidade. Por que não pensou nisso antes de se aventurar até o Tattersalls ?
– Humpf. – O fôlego foi arrancado de seu peito quando um cavalheiro que estava por perto a atingiu nas costelas. – Por favor, senhor – disse ela. Katherine não pôde esconder a irritação em sua voz. – Preste atenção na direção em que move seus braços. O senhor quase me jogou no chão. – Suas costelas doíam onde ele a atingira.
– Peço desculpas – respondeu o cavalheiro. – Não foi a minha intenção…
– É claro que não foi – repreendeu-o. – O senhor sempre se comporta de forma tão rude quando está em sociedade?
Ele ergueu uma sobrancelha.
– Aqui não é exatamente a sociedade…
É claro que ele estava certo. Aquele evento não era nem um baile, nem uma soirée, mas ainda era uma reunião da alta sociedade. Nem todo mundo podia se dar ao luxo de comprar um cavalo. Estava disposta a apostar que havia mais lordes no Tattersalls que qualquer outra pessoa da classe trabalhadora. Katherine encontrou o olhar do cavalheiro e suas palavras ficaram presas na garganta. Conhecia esse homem em particular. Era o marquês de Holton. Tinha sido apresentada a ele quando sua amiga Diana, agora a condessa de Northesk, estava sendo cortejada pelo marido. Katherine se sentira atraída pelo marquês, mas ele tinha sido bastante rude com ela durante a apresentação teatral a qual foram juntos.
– Lorde Holton – finalmente encontrou força para fazer as palavras saírem.
Ele se virou bruscamente, surpreso por ouvi-la dizer o seu nome. Lorde Holton estreitou os olhos e a analisou. O chapéu escondia uma boa parte do rosto, mais do que pretendia quando o colocou esta manhã.
– Lady Katherine?
Ela fez que sim. Houve um momento no qual pensou que ele talvez não fosse se lembrar dela. Deve ter sido o chapéu que o impedira de ver todo o seu rosto. Ao menos era o que esperava.
– Sim, milorde.
– O que diabos a senhorita está fazendo no Tattersalls?
– Bem – começou a falar. – Não é óbvio? – Apontou para o picadeiro. – O que as pessoas vêm fazer em um leilão de cavalos?
Ele franziu o cenho.
– Damas não vêm aqui para comprar cavalos. – Lorde Holton cruzou os braços sobre o peito. – Elas enviam alguém para agir em seu nome. No que estava pensando ao vir aqui? Por favor, diga que não está sozinha.
Ela mordeu o lábio inferior. Não podia dizer isso. Katherine tinha ido sozinha e não se desculparia por estar assumindo o controle da própria vida.
– E se eu tiver vindo?
Ele sacudiu a cabeça e os lábios formaram uma linha branca e fina.
– O seu pai sabe que a senhorita está aqui?
O pai, o duque de Gladstone, nunca prestou atenção nela, ao menos não de um jeito bom. Ele era controlador, mas nunca foi mau. Ele se concentrava no herdeiro, o irmão dela, Kendrick, e a ignorava. Quando Katherine anunciou que estava se mudando para o haras que a avó lhe deixara de herança, ele não se importou. Ao menos não depois que percebeu que não poderia assumir o controle do local no lugar dela.
– Meu pai tem assuntos mais importantes com os quais se preocupar do que com o meu paradeiro.
Lorde Holton franziu as sobrancelhas.
– A senhorita precisa de um protetor.
Ela olhou nos olhos dele, sem pestanejar. Permitir que esse homem a intimidasse só daria a ele vantagem. Katherine se recusava a permitir que lorde Holton tivesse qualquer controle sobre ela, não importa o quão pequeno fosse.
– Isso é uma questão de opinião.
O primeiro cavalo foi libertado do picadeiro para correr ao redor do perímetro. Katherine se afastou dele e colocou alguma distância entre os dois, mas não deixou de ouvir o que ele resmungou bem baixinho.
– Que Deus o salve dessas diabas…
Bem, ele não precisava se preocupar com ela. Não precisava que ele a ajudasse. Katherine era capaz de cuidar de si mesma…
Bennett não podia acreditar que lady Katherine Wilson estava no Tattersalls. Um leilão de cavalos não era lugar para uma mulher criada na nobreza. O pai dela deveria ter mais cuidado com a reputação da dama e ela também deveria ter. Lady Katherine podia acreditar que aquilo fosse uma atividade inocente, mas havia muito mais cavalheiros do que damas na audiência e ela tinha vindo sozinha. A falta de acompanhante a deixava aberta ao escândalo e aos patifes com intenções lascivas.
Ele a manteve ao alcance da vista e ficou irritado por ter sua atenção dividida. Bennett queria ignorá-la, mas não podia. Não era de sua natureza deixar uma dama em necessidade, mesmo que ela não percebesse o fato ou que não precisasse dele. Uma dama sozinha não estava segura, e ele tinha que se assegurar, de alguma forma, que ela percebesse isso. Sir Goliath, o garanhão que tinha vindo ver foi solto no picadeiro para correr pelo perímetro. O animal tinha uma bela pelagem castanha e a crina bem preta. A cauda era do mesmo tom de meia-noite da crina. Os músculos ondulavam enquanto ele dava a volta pelo cercado. O cavalo era lindo e era exatamente o que tinha esperado. Daria um lance nele quando o leilão começasse.
Lady Katherine tinha se afastado mais um pouco dele, mas tudo bem. Ela ainda estava no seu campo de visão e perto o suficiente para que ele pudesse ajudar, caso ela necessitasse. Deixaram o resto dos cavalos sair do picadeiro e correr pelo perímetro, mas não deu atenção. Já tinha visto o cavalo que o levara até ali.
Depois de todos os valos terem terminado de se apresentar e todos terem podido vê-los, o leilão começou. Vários cavalos foram leiloados antes de o garanhão vir para a quadra. Lady Katherine tinha assistido, mas não dera nenhum lance. Bom. Ela tinha que ficar longe dos assuntos que não eram da alçada dela.
Os lances por Sir Goliath começaram. Lady Katherine gritou um lance, surpreendendo Bennett. O que diabos… Ele foi até ela e então se inclinou e sussurrou em um tom severo:
– O que a senhorita está fazendo?
– Dando lances no garanhão – respondeu ela. – Acho que o meu grito deixou isso bem claro.
Ele olhou feio para ela. O lance da dama o distraíra da sua própria intenção de conseguir o cavalo. Ele gritou uma cifra muito maior que o último lance. Katherine devolveu o olhar carrancudo dele e gritou outro lance.
– A senhorita não conseguirá o cavalo – disse a ela. – Eu ficarei com Sir Goliath.
– Eu preciso daquele cavalo – disse ela, e implorou com o olhar. – Não o tire de mim.
Ele ignorou o pedido sincero. Bennett tinha querido Sir Goliath antes mesmo de ela sequer começar a dar lances no cavalo. Ele não iria superá-la apenas para impedi-la de cometer um erro, mas porque era sua intenção ficar com o cavalo para si, como sempre tinha querido. Depois que o conseguisse, explicaria tudo para ela. Cobiçara Sir Goliath desde que ouvira sobre a linhagem dele. Bennett pretendia correr com o garanhão na próxima stakes, na primavera.
Katherine voltou a gritar outro lance, esperando conseguir o cavalo. Ele deu um lance maior a cada rodada. Ele tinha condições de dar lances tão altos quanto quisesse. Mesmo ela sendo filha de um duque, ele duvidava de que ela ganhasse uma atribuição mensal polpuda o suficiente para superá-lo. Ele teve o prazer da vitória. Quando o leilão acabou, virou-se para ela com um sorriso satisfeito.
– A senhorita não deveria ter se dado ao trabalho.
Ela bateu o pé com raiva.
– O senhor não tem escrúpulos.
– Querida – disse ele, em um tom de desdenhosa condescendência. – Eu a salvei de si mesma.
– Oh… – Ela voltou a bater o pé. – Eu o odeio. O senhor não sabe o que fez, mas posso lhe garantir que não me salvou de nada no dia de hoje. O senhor destruiu os planos que eu vinha fazendo com bastante cuidado há meses.
– Não há necessidade de tal alarde. É só um cavalo. Como eu comprando-o pode ter destruído qualquer coisa? – Ele ergueu uma sobrancelha zombeteira. – Há outros cavalos. – Ele apontou para outro garanhão que estava sendo leiloado enquanto eles discutiam. – Aquele ali deve servir para qualquer coisa que a senhorita possa desejar.
Ela ergueu o queixo em desafio.
– Não, ele não servirá, seu maldito idiota. – Lady Katherine balançou a cabeça e olhou para ele como se ela tivesse engolido algo desagradável. – Havia apenas um cavalo que serviria para o que eu tinha planejado e o senhor o tomou de mim. Eu sabia que o senhor não gostava muito de mim desde aquela noite no teatro, mas nunca pensei que me odiasse.
– Eu não a odeio. – Aquilo sugeriria mais sentimentos e pensamentos do que os que tinha dado a ela. Ela era uma moça linda com os cabelos escuros e impressionantes olhos azuis, mas ele não tinha se importado com ela de nenhuma forma. – Comprei o cavalo porque o quis. O desejo de obtê-lo nada tem a ver com a senhorita. Sir Goliath será um corredor.
– Eu sei disso, seu palerma – disse ela entredentes, com raiva. – Ele é a razão de eu ter vindo ao leilão, para início de conversa. – Lady Katherine franziu os lábios com força. – Não preciso de explicações de sua parte sobre o cavalo de qualidade que Sir Goliath é.
Ela saiu de perto dele feito um furacão, não lhe dando a oportunidade de falar. Não pôde deixar de olhar para a dama enquanto ela o deixava sozinho no pátio. Ainda tinha que efetuar o pagamento por Sir Goliath antes de ir embora. Bennett reavaliou a impressão que tinha sobre lady Katherine. Ainda acreditava que ela fosse uma diaba, mas descobriu que gostava do fogo dela. Se lhe fosse dada a oportunidade, separaria um tempo para poder conhecê-la melhor. Talvez ele lhe fizesse uma visita e averiguaria as razões que ela tinha para comprar Sir Goliath. Talvez ele pudesse lhe oferecer um ramo de oliveira ou algo do tipo…
CAPÍTULO DOIS
Katherine saiu do Tattersalls e foi direto para o Salão da Fortuna. Precisava estar entre as pessoas que a apoiavam e não achavam que sabiam o que era melhor para ela. Não desgostava, publicamente, do marquês de Holton antes do leilão. Agora, no entanto… quase rosnou de raiva por causa da destreza dele. A última coisa de que precisava era um homem arrogante se intrometendo e tentando controlá-la. Lorde Holton podia ser um dos cavalheiros mais belos da ton, mas nunca esqueceria o que ele lhe fizera. Nunca mais poderia olhá-lo da mesma forma.
Houve uma vez em que pensara que ele talvez fosse um homem com quem valeria a pena se casar. Até mesmo tinha ido, ávida, ao teatro com a amiga Diana para que pudesse conhecê-lo. Na ocasião, ele tinha sido educado, mas distante. Tinha quase beirado à grosseria, mas tinha entendido aquela postura, já que eles não se conheciam, e ele, provavelmente, não tinha querido encorajá-la. Alguns cavalheiros casadouros não querem dar a ideia errada a uma dama. Lorde Holton não devia ter o desejo de se casar em breve. Ele teria que se render ao matrimônio, em algum momento, mas muitos cavalheiros adiavam o inevitável tanto quanto eram capazes.
A loja de Madame Debroux ficava na frente de onde o Salão da Fortuna estava localizado, e ela não queria perturbar a ela ou aos clientes. Quando chegou à loja, olhou ao redor antes de ir para os fundos e entrar no Fortuna. A essa hora do dia, não havia muita atividade na casa de apostas exclusiva para mulheres administrada por lady Narissa, a duquesa de Blackmore. Lady Lulia, a duquesa de Clare, normalmente podia ser encontrada nas salas dos fundos, dando aulas de esgrima. Havia uma boa chance de lady Diana, a condessa de Northesk, estar lá também. Elas eram amigas queridas e ela precisava muito estar com pelo menos uma delas. Até mesmo a duquesa de Blackmore serviria, mesmo Katherine não sendo tão próxima dela quanto era das outras.
Praticamente correu pelas escadas até chegar à porta que levava ao clube. Empurrou a porta e entrou. Havia mais pessoas do que tinha esperado. A porta do escritório de Narissa estava aberta. Espiou lá dentro e notou a duquesa ocupada em sua mesa. Algum tipo de livro-razão estava aberto, e o foco dela estava nele. O cabelo escuro estava preso em um coque elegante e ela mordiscava o lábio inferior. Um homem surpreendentemente belo estava de pé ao lado dela, o duque de Blackmore, o marido de Narissa, tinha vindo ao clube com ela. Não que ele nunca viesse ao Fortuna, mas era raro. Ela devia estar precisando do conselho dele sobre alguma coisa…
Deixou-os repassando os livros e foi até a sala dos fundos. Lulia estava mesmo lá, mas não estava dando aulas a uma nova aluna. Diana esgrimia com ela, embora provavelmente não devesse. Se o marido dela soubesse, ele a teria trancafiado. Diana esperava o primeiro filho deles. Ela devia estar com uns três meses de gravidez. Katherine entrou na sala e olhou fixamente para as duas, mas ambas a ignoraram. Elas continuaram a esquivar-se para lá e para cá até que Diana avançou e investiu a ponta rombuda do florete no ombro de Lulia.
– Ganhei – declarou com a voz triunfante.
– Ganhou – concordou Lulia. O sotaque mostrava suas raízes ciganas. – Embora eu duvide de que tivesse ganhado caso eu não estivesse pegando leve com você. – Ela riu baixinho.
Ambas se viraram para Katherine e lhe deram sorrisos igualmente felizes. Diana tirou o equipamento de esgrima e os colocou de lado. Ela foi até Katherine e lhe deu um abraço de boas-vindas.
– A que devemos a honra de sua presença? Pensei que você estivesse em seu novo haras.
Katherine suspirou.
– Vim à cidade para ir ao leilão do Tattersalls ’s. – Ela franziu o cenho revivendo a memória daquela experiência horrorosa. – Eu não deveria ter tentado dar lances em um cavalo por conta própria.
– Ah, querida – disse Diana, compreensiva. – O que aconteceu?
Lulia, que também tinha tirado o equipamento, pegou o de Diana e guardou tudo em um armário de cedro onde costumava mantê-los, então veio se juntar a elas. Katherine esperou até que ela chegasse e então voltou a falar.
– Lorde Holton é um puritano arrogante.
Lulia riu.
– Conheci o homem e não poderia concordar mais. Ele sufoca a pobre Lenora. Tentei fazer amizade com ela, e até mesmo a convidei para me visitar em Tenby, quando não estamos aqui na cidade. Ela ainda precisa aceitar o convite. Fin e eu voltaremos em breve para a propriedade familiar. – Ela fez sinal para Diana. – Essa é a única razão pela qual eu cedi à necessidade dela por esgrimir. Quando eu voltar, ela estará grande como uma casa e incapaz de se mover apropriadamente.
Diana olhou feio para a prima. O pai de Lulia era irmão do pai de Diana. Elas só souberam que eram aparentadas há pouco tempo, mas tinham sido amigas por muito tempo antes disso.
– Não há necessidade de ser grosseira.
– Só falei a verdade – retrucou ela, o sotaque forte enquanto dizia as palavras. – Tenho certeza de que você recuperará a boa forma pouco tempo depois do nascimento do bebê.
Diana franziu o nariz em desgosto pela declaração de Lulia e então afagou a barriga e o rosto se iluminou em um sorriso suave.
– De qualquer forma, não me arrependo. Darei as boas-vindas a essa criança e tudo o mais que ela me trouxer.
Katherine invejava as amigas. Ambas encontraram o amor e teriam uma família em breve. Ela se sentiria uma estranha no ninho quando estivesse com elas, mas não desejaria nada diferente para as duas. Ela se virou para Lulia.
– Haverá adições à sua família agora que você se casou com o duque?
O horror se espalhou pelo rosto de Lulia.
– Você acha que eu seria uma boa mãe?
Katherine riu do ultraje de Lulia.
– Seria. De todas nós, você seria a melhor mãe. Você agiu assim conosco. Sempre nos guiando na direção que deveríamos ir sem que percebêssemos na época. Você é mais maternal que qualquer mulher que eu já conheci. – Lulia tinha ajudado a guiar Diana em direção ao conde, e não duvidava de que ela faria o mesmo por Katherine se ela encontrasse o homem com quem deveria ficar.
– Pode ter sido assim – concordou Lulia. – Mas todas vocês são crescidas e precisam de cuidados mínimos. Uma criança… – Ela estremeceu. – Elas requerem muito mais do que eu acredito que seja capaz de prover. – Lulia deixou escapar um suspiro. – Embora, suponho, que em algum momento deverei considerar dar a Fin um herdeiro. Ele é um duque, afinal de contas, e o título deverá ser passado para alguém…
– Aí está – disse Diana com um sorriso malicioso. – E seria bom para o meu pequeno ter alguns primos com os quais crescer.
– Não dê ideias a Fin – disse Lulia. – Ele irá usá-las contra mim no futuro. – Ela deixou escapar uma risada. – Embora não fosse custar muito para que ele me convencesse. Não há muita coisa que eu não faria por aquele homem. No entanto, ele ainda não insistiu e eu o amo ainda mais por isso. Se acontecer, aconteceu. Eu posso dizer que não quero um filho, mas todas as crianças são uma bênção. Seria um presente ter um bebê que é uma mistura de mim e do meu amor.
O coração de Katherine doeu ao ouvi-las. Tinha vindo ao Fortuna reclamar da perda do cavalo. Agora estava vendo o quão triviais eram os seus problemas. Queria muito mais que aquilo para si. O haras era lindo, mas ela desejava… bem, o que Diana e Lulia tinham.
– Qualquer criança que vier de uma de vocês terá sorte por tê-las como mãe.
Lulia sorriu.
– Perdemos o rumo da conversa. O que aconteceu no Tattersalls e o que fez lorde Holton?
– Fui até lá para comprar um garanhão – começou Katherine. – Ele será um bom cavalo de corrida e eu esperava cruzá-lo com duas de minhas éguas, e produzir mais cavalos de corrida…
– Que ideia fantástica – exclamou Diana. – Narissa até mesmo poderia montar para você.
– Tinha a esperança de falar sobre isso com ela no futuro – confessou Katherine.
Lulia estreitou os olhos.
– Lorde Holton cobriu o seu lance, não foi? – Ela suspirou. – Ele tem mais dinheiro do que formas para gastá-lo. Ele queria mesmo o garanhão ou só o comprou para aborrecê-la?
Katherine suspirou.
– Ele disse que queria o cavalo para si, mas tenho lá as minhas dúvidas. Ele me repreendeu o tempo todo por ter me atrevido a ir ao leilão, para início de conversa. Eu precisava daquele cavalo…
– Não sabia que lorde Holton estava interessado em cavalos de corrida – disse Diana. Talvez possamos fazer uma visita a Lenora. Ela deve ter mais informações.
Katherine não se importava, nem com uma coisa, nem com outra. Lorde Holton acreditava que a estava salvando de si mesma. Mesmo se ele não quisesse o cavalo para si, nunca o venderia para ela.
– Não sei que bem isso faria. Odiaria causar qualquer tensão a lady Lenora… – Ela mal conhecia a prima de lorde Holton, lady Lenora St. Martin. Só falou com ela umas poucas vezes.
– Não acredito que Lenora tenha qualquer influência sobre lorde Holton – disse Lulia. – Mas acho que podemos, ou ao menos você pode, aproveitar-se da visita por outras razões. Não pressionar Lenora para conseguir informações, mas ir em um horário em que lorde Holton esteja em casa. Você poderá encurralá-lo e fazer com que ele a ouça.
– Não entendi – disse Katherine.
– Você pretende usar o cavalo como um garanhão, certo? – perguntou Lulia.
– Sim – respondeu Katherine.
– Então peça que ele lhe empreste o cavalo, por uma taxa, é claro. Você cruza suas éguas com o dele e o cavalheiro pode mantê-lo como cavalo de corrida. Todo mundo sai ganhando. Você pode começar o seu rebanho pagando pelo garanhão e não precisará pagar pela manutenção dele.
Katherine não tinha pensado naquilo. Algo lhe disse que teria trabalho para convencer lorde Holton da sensatez de seu plano. Ele não parecia o tipo de homem que quereria trabalhar com uma mulher que possuía um haras. Ela teria que ser mais furtiva. Lorde Holton talvez respondesse melhor se lidasse com outro homem. Teria que discutir com o encarregado dos estábulos quando voltasse ao haras.
– Sei que você prefere uma abordagem direta – disse ela a Lulia. – Mas lorde Holton não acha que uma mulher deva fazer qualquer coisa que se desvie das normas que a sociedade impõe a elas. Eu posso vir a precisar da sua ajuda mais tarde, para confabular algo ainda mais furtivo.
Lorde Holton se lamentaria pelo dia que decidiu entrar no caminho de Katherine. Ela lhe mostraria que uma mulher era capaz de qualquer coisa. Se possível, iria se esforçar para mudar a ideia que ele tinha das mulheres no geral. Uma mulher podia fazer qualquer coisa, ou quase qualquer coisa, a que se propusesse.
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