O Conde De Edgemore
Amanda Mariel
O Natal nunca foi tão perverso… Será que Blake terá alguma chance contra sua irmã intrometida, viscos e a magia de Natal? O Natal nunca foi tão perverso… O Conde de Edgemore, Blake Fox, faz o que lhe agrada e nunca sonharia em se desculpar por isso. Seu único ponto fraco é sua irmã, Lady Minerva. Mal sabe ele o que a atrevida tem em mente, e o Natal oferece a oportunidade perfeita. Será que Blake terá alguma chance contra sua irmã intrometida, viscos e a magia de Natal?
Amanda Mariel
O Conde de Edgemore
O Conde de Edgemore
Autora best-seller do USA Today
Amanda Mariel
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, organizações, lugares, eventos e incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usados de maneira fictícia.
Traduzido por Ludmila Fukunaga – Lucilene Vieira
Copyright © 2019 Amanda Mariel
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Traduzido por Fukunaga LudmiliaAkemi
Publicadas por Brooke Ridge Press
Para o meu marido – você é o meu ladino corrigido favorito. Eu te amo!
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O Natal nunca foi tão perverso…
O Conde de Edgemore, Blake Fox, faz o que lhe agrada e nunca sonharia em se desculpar por isso. Seu único ponto fraco é sua irmã, Lady Minerva. Mal sabe ele o que a atrevida tem em mente, e o Natal oferece a oportunidade perfeita
Será que Blake terá alguma chance contra sua irmã intrometida, viscos e a magia de Natal?
CAPÍTULO 1
Inglaterra, 1816
– Inferno – Carstine Greer xingou quando seu tornozelo torceu e ela caiu no chão congelado ao lado da estrada e respirou fundo com a dor que se seguiu. Alcançando a bainha, ela começou a puxar a saia para cima para inspecionar a lesão.
– Ai – ela fervia enquanto trabalhava para libertar o pé de dentro da bota. Cada movimento provocava solavancos desagradáveis de dor no tornozelo e na perna. Ela olhou para o pedaço de gelo ofensivo que lhe causara miséria.
Jogando a bota de lado, Carstine passou os dedos sobre a pele vermelha e inchada do tornozelo. Apesar da dor que ela sabia que viria, Carstine se forçou a mexer os dedos dos pés e depois flexionar o pé.
Bom, o osso não havia fraturado, mas ela estava com muita dor e ganhara uma entorse desagradável, com toda certeza.
Ela apostava que isso não teria acontecido se seus pais tivessem permitido que ela permanecesse na Escócia.
Por que diabos mamãe tinha sido tão insistente que Carstine viesse para a Inglaterra? Ela não se importava com a sociedade inglesa, nem estava com pressa de se casar. Ela não se opunha a caça a maridos, mas não via razão para que não pudesse fazê-lo nas Terras Altas. Um homem musculoso escocês serviria melhor, ela pensou, enquanto colocava a bota com cuidado.
O bater dos cascos de um cavalo a tirou de sua miséria, e ela olhou para a estrada coberta de neve. No momento presente, um cavaleiro corria em sua direção em uma velocidade mortal. Ela teve um vislumbre dele quando passou voando, as abas de seu sobretudo agitando-se com o vento, antes de parar a montaria e depois virar para ela.
Carstine olhou descaradamente enquanto o cavaleiro se virava para ela. Ele era alto e musculoso sob o sobretudo, com ombros largos, uma mandíbula forte e curiosos olhos azuis emoldurados por cílios grossos. O homem estava sentado habilmente sobre um grande cavalo castanho. Um belo exemplar – tanto o cavalo quanto o cavaleiro.
Carstine deu um leve sorriso e em seguida acenou com a cabeça quando o estranho encontrou seu olhar.
O homem acenou com a cabeça em resposta, antes de voltar sua atenção para o tornozelo dela. As sobrancelhas dele se franziram quando a inspecionou.
– Você está ferida.
– Sim. – Ela assentiu e se encolheu quando terminou de calçar a bota. – Eu escorreguei no gelo. É uma pequenina torção. Nada sério demais.
O homem desmontou e caminhou em sua direção com longos passos confiantes. – Permitir-me ajudá-la a chegar em casa.
Carstine balançou a cabeça. Ela não era tola o suficiente para montar em um cavalo com um homem estranho. Certamente não em um país que ela não conhecia.
– Eu não tenho um caminho muito longo para ir. O Fox Grove Hall fica ao virar da esquina. Eu posso me levar até lá. – disse Carstine.
– Bobagem – ele insistiu, então encontrou o olhar dela com um sorriso confiante. – Blake Fox, Conde de Edgemore, a seu serviço. – Ele fez uma reverência. – Você deve ser a nova empregada de lady Minerva?
Carstine estreitou os olhos nele. O homem tinha uma semelhança impressionante com Lady Minerva. Sua coloração era mais clara, mas o formato amendoado dos olhos e as maçãs do rosto eram exatamente iguais. Ela limpou a garganta.
– É um prazer conhecê-lo, meu senhor, embora eu tema que esteja enganado sobre Lady Minerva.
– Bobagem. – Ele acenou com a mão. – Minha irmã me esfolaria se eu deixasse sua criada na neve e machucada dessa forma. Venha. – Ele estendeu a mão para ela.
Empregada? A palavra ecoou em sua mente, e Carstine estreitou os olhos. O que o faria pensar que ela era uma criada? Ela olhou para a saia molhada e as botas enlameadas. Ela podia estar um pouco desgrenhada, mas não era uma empregada doméstica.
– Não seja teimosa. – Lorde Edgemore mexeu os dedos, impaciente. – Venha, eu vou ajudá-la a montar no cavalo.
– Não. – Carstine balançou a cabeça. – Eu não vou cavalgar com você.
– Mas é claro que você vai. Você é empregada de minha irmã e, portanto, é de minha responsabilidade. – Ele deu um passo para mais perto, a brisa fresca agitando as madeixas douradas penduradas perto de seus ombros. – Eu sei que você está acostumada com o frio, mas você congelará se ficar muito tempo fora. – Ele capturou o braço dela e a cutucou para ficar de pé. – Não seja teimosa.
As bochechas de Carstine ardiam com calor furioso. Ela se afastou, depois se levantou.
– Eu já disse . Não é nada. Sua assistência não é necessária.
Ele a insultou, e ela não pôde deixar de ficar chateada. E o que ser escocês tinha a ver com alguma coisa? Ele achava que ela era menos que ele, por causa de sua herança? Foi por isso que decidiu que ela era uma criada?
Estava na ponta da língua de Carstine corrigir suas crenças equivocadas. No entanto, o pensamento de ver sua presunção desmoronar uma vez que fossem apresentados corretamente se mostrou muito tentador, e ela engoliu em seco suas palavras.
Ele mereceria a sua punição e o embaraço que certamente seguiria. Além do mais, ela se deliciaria com cada momento desconfortável que ele sofresse. Um sorriso estendeu seus lábios quando ela imaginou o olhar que, sem dúvida, atingiria seu belo rosto.
Ela era uma moça vingativa, de fato.
Carstine gritou quando o conde a levantou e a jogou na sela. Ela olhou para ele, o queixo erguido desafiadoramente.
– Eu não vou cavalgar com você. – Ela começou a se abaixar para descer do cavalo, deslizando em direção à borda da sela. – Você não pode me forçar.
Lorde Edgemore estendeu a mão, segurando sua cintura e mantendo-a no lugar.
– Ouso dizer que não entendo sua objeção. Nem me importo. Não vou deixar você aqui para congelar, nem vou permitir que você intensifique sua lesão andando com esse tornozelo. – Ele olhou de relance para a bota dela. – Você vai cavalgar.
– Não.
– Isso é uma ordem. – Ele a segurou com mais firmeza na sela. – E eu te aviso agora, não aceitarei mais argumentos.
Carstine bufou um suspiro irritado.
– Então você vai guiar o cavalo – ela jogou as rédeas para ele. – Enquanto você caminha.
A satisfação a inundou quando Lorde Edgemore tomou as rédeas e começou a conduzir o cavalo em direção à Fox Grove Hall. O lorde arrogante e presunçoso podia tê-la insultado, mas pelo menos nisso ela tinha o melhor dele. O conhecimento de que havia mais por vir melhorou bastante o humor dela.
Carstine voltou sua atenção para o campo enquanto relaxava na sela. Ela logo teria sua plena vingança.
CAPÍTULO 2
Blake Fox, quarto Conde de Edgemore, levou seu cavalo Crusader e seu fardo raivoso pelo caminho até Fox Grove Hall. Ele estava totalmente decidido a entregar a mulher mal-humorada, se não bonita, à porta do criado, e depois se retirar para a sala de bilhar para pegar um conhaque tão necessário.
Seus ossos estavam gelados até a medula. Sem dúvida, a mulher também sofria. Blake não pôde deixar de se perguntar se a mulher também gostava de conhaque. Se ela não estivesse tão irritada com ele, a convidaria para se juntar a ele para um copo.
Ele arriscou um olhar para a sela do Crusader. Ela estava sentada na sela, com os braços cruzados sobre os abundantes seios e a cabeça erguida. Com base em sua aparência, ela estava lidando com o frio do inverno muito melhor do que ele. Talvez fosse a disposição zangada que a mantinha aquecida?
Ele ouvira que as mulheres escocesas eram uma raça diferente, embora nunca acreditasse na provocação. Não quando os escoceses que conhecera não pareciam muito diferentes dos colegas ingleses, mas esta mulher…
Ela era todo fogo e faísca, escondidos sob uma pele clara e olhos cativantes. Uma coroa de tranças de cabelos ruivos escuros criava o efeito de uma auréola no topo da cabeça da diabinha, enquanto seu rosto em forma de coração era igualmente enganador.
Ele a queria.
A constatação o assustou, e ele voltou sua atenção para o caminho. Mas então, por que ele não iria querer a moça? Ela era deslumbrante e ardente. Sem dúvida, a menina seria uma companheira de cama esplêndida.
Supondo, é claro, que ele pudesse influenciar a opinião dela sobre ele.
Encantando-a com o desejo de ele entrar em suas saias.
Blake voltou o olhar para ela.
– Qual é o seu nome?
Ela sorriu como se guardasse um segredo e depois disse:
– Senhorita Carstine Greer.
– Ah, um nome bonito para uma mulher igualmente deslumbrante.
Ela ergueu o queixo um pouco mais alto, a indignação nadando em seus brilhantes olhos verdes. Apesar de seu aparente desgosto pela bajulação dele, um pequeno sorriso curvou seus lábios.
Blake não pôde deixar de provocá-la.
– Parece que você não está acostumada a lisonjas. Uma pena, sem dúvida.
– Pelo contrário, meu senhor. Sofri com muito mais elogios floridos do que qualquer mulher deveria. – Carstine sustentou seu olhar, seu olhar duro, mas não totalmente hostil.
Naquele momento, ele se decidiu. A insolente Carstine estaria em sua cama no Natal. Ela estaria implorando por seus elogios e desejando seus beijos. Ela seria dele, e seria um feliz Natal, de fato.
Pelo menos, um prazer imensamente agradável.
– Querido Deus! O que aconteceu, Carstine?
Blake parou ao ouvir o som agudo da voz de sua irmã Minerva. Ele girou um pouco para vê-la correndo na direção deles.
– Por que você está montando o cavalo de Blake? Você está machucada? – Minerva gritou enquanto continuava na direção deles, seus cachos castanhos balançando a cada passo.
– Escorreguei em um pedaço de gelo e torci o tornozelo. Apenas uma pequena torção. Não é nada. Curará rápido. – respondeu Carstine.
Blake virou-se para um lacaio que seguira Minerva de casa e disse:
– Ajude a mulher a descer. Leve-a para abaixo das escadas e atenda-a com o que precisar.
– Abaixo das escadas! – Minerva gritou com indignação. – Por que você a mandaria para lá? – Minerva olhou para o lacaio. – Seu senhorio está enganado. Por favor, leve a senhorita Carstine para o quarto de hóspede e veja se minha mãe é informada.
– Quarto de hóspedes? – Blake levantou uma sobrancelha, em dúvida.
– Sim, o quarto dela. Carstine é a convidada da mamãe. A pupila dela, na verdade. —Minerva estreitou o olhar para ele. – Quem você pensou que ela era?
– Ele achou que eu servia você, milady – disse Carstine.
– Minha serva?– Minerva deu um tapa no braço dele. – Você é um idiota. Você não pensou em perguntar quem ela era?
Blake olhou de Minerva para Carstine. A pupila da mãe dele? Por que diabos ela não tinha dito nada? E por que diabos ela estava vestida como a esposa de um peixeiro?
O calor aumentou, queimando através de sua pele gelada. Uma mistura de raiva, por ter sido enganado, e constrangido por seu erro, o percorreu. Ele soltou um suspiro quando voltou sua atenção para Minerva.
– Eu estava mais preocupado com a lesão dela do que com a identidade – confessou Blake.
– Pelo contrário – disse Carstine enquanto o lacaio a carregava em direção aos degraus da frente. – Ele foi muito arrogante para se importar. Tentei contar a ele, mas não quis ouvir.
– Blake!– Minerva fez uma careta para ele.
Ele lançou um olhar duvidoso para a moça. Ela o superara, com certeza. Ela o havia enganado e parecia bastante satisfeita consigo mesma por isso. Ele apostaria que aquele olhar presunçoso desapareceria rapidamente quando a tivesse em sua cama.
Isso era guerra!
Minerva deu uma cotovelada nele, trazendo-o de volta ao momento.
Blake olhou para sua irmã indignada.
– Peça desculpas – exigiu Minerva.
– Muito bem. – Blake virou-se para Carstine e, em três longos passos, ele a alcançou. Em vez de falar, ele a tomou do lacaio. Ela imediatamente se enrijeceu nos braços dele, mas não se incomodou. – Sinto muito pelo meu erro. Permita-me fazer as pazes ao conduzi-la ao seu quarto – ele disse em um tom frio e monótono.
– Isso não é de todo apropriado – Minerva gritou atrás dele, mas Blake a ignorou enquanto carregava seu fardo para a mansão.
Ele sabia que estava agindo de modo pouco civilizado, mas no momento não se importava. Ele compensaria Minerva depois. No momento, ele tinha um ponto a provar.
Carstine precisava reconhecer que ele não era um homem com quem se brincava. Ele era o senhor da mansão.
Blake subiu as escadas de dois em dois degraus, segurando Carstine firmemente. A sensação de seu corpo exuberante em seus braços causou estragos em seus sentidos. Seu pulso acelerou quando o desejo tomou conta, ameaçando dominar seu bom senso.
De sua parte, a atrevida não foi afetada. O olhar dela estava frio e o corpo imóvel, a não ser pelo empurrão causado pelos movimentos dele. O fato serviu apenas para irritar ainda mais seus nervos. Ele começou a andar pelo corredor, seu olhar treinado nas portas que ladeavam os dois lados do corredor.
– Qual quarto?– Ele falou a pergunta com os dentes cerrados.
– Terceira, à direita – respondeu Carstine, como se não houvesse nada errado com a situação atual.
Blake, astuciosamente, caminhou até a porta que ela indicara, depois a abriu com o quadril antes de entrar. Ele marchou para a grande cama de quatro colunas. Lá, ele levou um momento para aproximar a boca da orelha dela e sussurrar: – Isso não acabou, gracinha.
Antes que ela pudesse reagir, ele a depositou com tudo e se virou para sair.
Como uma pequena sombra zangada, Minerva estava ao seu lado. Ela colocou a mão em volta do braço dele e puxou.
– Precisamos conversar.
Blake permitiu que sua irmã o levasse para fora da sala, mas uma vez que entraram no corredor, ele assumiu o controle, virando-os em direção à sala de bilhar.
Ele permitiria que ela falasse tudo o que quisesse. Ele nunca negou nada a Minerva, nunca poderia. Mas enquanto ela enchia a cabeça dele com sua tagarelice, ele encheria seu interior com um bom conhaque.
Quando chegaram à sala de bilhar, Blake segurou a porta para Minerva entrar.
– Seja boazinha e me sirva um copo de conhaque antes de arrancar minha cabeça – disse ele quando se jogou no sofá mais próximo da lareira.
Minerva acenou com a mão.
– Não tenho intenção de arrancar cabeças hoje. —Minerva caminhou em direção ao aparador de cerejeira. – Certamente não a do meu irmão favorito.
– Eu sou seu único irmão – Blake falou arrastadamente.
– Então, não é de admirar que você também seja o meu favorito. – Ela pegou uma jarra de cristal e derramou uma medida de seu licor âmbar em um copo.
Blake não pôde deixar de sorrir. Minerva tinha um jeito de fazê-lo sorrir, mesmo quando era a última coisa que queria fazer.
Ela atravessou a sala e entregou o copo antes de se sentar ao lado dele.
Tomou um longo gole, apreciando a maneira como o conhaque aquecia seu interior, depois voltou sua atenção para ela.
– Se você não pretende gritar comigo, então o que você deseja discutir?
– Carstine, é claro.– Minerva sorriu docemente.
Blake suspirou.
– De fato – disse ele antes de levar o copo de volta aos lábios. Ele temia que um copo não fosse suficiente para sustentá-lo.
– Parece que vocês dois começaram com o pé errado – disse ela.
– Para dizer o mínimo. – Blake girou a bebida em seu copo.
– Quero que você lhe dê uma chance. Para mostrar a ela que realmente sente muito, e seja gentil com ela. Agradar-me-ia se vocês dois se dessem bem. – Minerva disse, seus olhos o contemplando.
– E como você acha que eu devo fazer isso? – Blake perguntou antes de tomar outro gole.
Minerva inclinou a cabeça para um lado, seu olhar se tornando pensativo.
Blake se preparou para o que estava por vir. Se conhecesse sua irmã, e estiva confiante de que a conhecia melhor do que a maioria, ela planejava um esquema digno de nota.
Primeiro, ele não teria escolha, senão aprovar se quisesse escapar da ira dela.
Ela sorriu quando bateu a mão no braço dele.
– Já sei.
– Ah? Continue – Blake ofereceu-lhe falso entusiasmo, depois levou o conhaque de volta aos lábios. Sem dúvida, isso seria algo grande.
– Você a convidará para um passeio.
– Eu vou? – Blake arqueou uma sobrancelha.
O sorriso de Minerva se alargou.
– Você irá. Um passeio de trenó, talvez? – Seu olhar se tornou especulativo por um momento, depois ela sorriu. – Sim, um passeio de trenó deve ser o caminho perfeito para vocês se conhecerem.
Blake tamborilou com os dedos no braço do sofá.
– Perfeito? – Absolutamente irrepreensível, era o que ele queria dizer, mas não queria chatear ainda mais sua irmã.
– Sim, perfeito – repetiu Minerva. – É uma maneira respeitável para vocês dois ficarem sozinhos. Isso permitirá que você se desculpe novamente e mostre a ela que cavalheiro encantador você pode ser.
Minerva sorriu. Dessa vez, o júbilo alcançou seus olhos azul-celeste.
– Ela é uma garota esplêndida. Se você apenas der uma chance, verá. É impossível não gostar de Carstine.
Blake esvaziou o copo antes de voltar sua atenção para Minerva.
– Temo que o dado tenha sido lançado, neste caso.
– Bobagem, irmão. – Ela se aproximou, seu olhar fixo no dele. – Faça isso por mim. Para a mamãe também. Ela não gostaria que você desgostasse da hóspede dela. Ela gosta bastante de Carstine, você sabe.
– Na verdade, eu não estava ciente – ele falou, devagar.
– Bem, ela gosta. Carstine é a filha de sua querida amiga, a sra. Leticia Greer. Certamente, você se lembra de mamãe falando dela.
Blake procurou em sua mente, mas não conseguiu se lembrar do nome. – Eu receio que não.
Minerva pegou o copo, levantou-se e foi em direção ao aparador.
– Elas eram amigas de escola. Leticia nasceu inglesa, mas se casou com um proprietário de terras escocês. Ela e mamãe mantiveram contato todos esses anos, apesar das milhas e milhas que as separam. – Minerva girou o pulso, girando a mão. – Quando Leticia escreveu para a mamãe, compartilhando seu desejo de que Carstine passasse uma temporada em Londres, ela não se conteve e se ofereceu para apadrinhar a menina.
– Muito como nossa mãe agiria. – Blake aceitou o copo, depois passou o dedo pela borda enquanto pensava no que Minerva havia lhe dito. Carstine era uma moça escocesa com sangue inglês e filha da querida amiga de sua mãe. Ele suspirou. Por mais que lhe doesse, ele teria que tentar consertar o relacionamento deles.
– De fato, mamãe sempre gostou desse tipo de coisa, e então você vê por que ela quer que vocês dois se deem bem?
Blake levantou a mão em resignação.
– Você ganhou, querida. Não há necessidade de continuar.
– Então, você a convidará para um passeio de trenó?
– Assim que ela estiver melhor – Blake concordou, depois tomou outro gole longo e lento de seu conhaque.
Levar para a cama a moça mal-humorada estava totalmente fora de questão. Teria de encontrar uma maneira mais civilizada de equilibrar a pontuação entre eles. Ele levou o copo aos lábios.
Não, ele teria que desistir de sua vingança.
Engolindo outro profundo gole, não pôde deixar de pensar que sua avaliação anterior estava errada. Não seria um feliz Natal, nem mesmo de perto. Isso seria, sem dúvida, um irritante, na verdade. As mulheres em sua casa cuidariam disso, tão certo quanto a neve cairia.
– Blake?
Ele voltou sua atenção para Minerva.
– O quê?
– Você está bem, certo?
– De fato. – Ele acenou para ela enquanto relaxava contra o sofá. – Seja boazinha e entregue o meu convite.
Minerva sorriu. – Com prazer.
CAPÍTULO 3
Blake ficou sem fôlego quando Carstine apareceu na varanda. Ele pensava que ela era linda antes, mas agora, vestida como uma dama adequada e nem um pouco desgrenhada… ela estava cativante.
Seu olhar viajou do capuz forrado de pele do manto cor de safira até o caminho para os dedos dos pés e de volta, não perdendo uma única curva ou contorno. Os olhos dela brilhavam, os lábios rosados e inchados, e as bochechas mantinham um leve rubor, provavelmente do ar fresco do inverno.
Ele engoliu a secura na boca quando ela se aproximou, depois estendeu a mão.
– Permita-me.
Carstine encontrou seu olhar, mas não pegou sua mão.
– Eu acredito que você tem um pouco mais de orgulho para engolir antes de eu consentir em ir a qualquer lugar com você. – Seu doce sorriso desmentiu suas palavras.
Blake foi instantaneamente lembrou por que não gostava da mulher. Ela era irritante, sarcástica e de língua afiada. Ele não aceitaria o insulto – nem mesmo por Minerva.
Ele soltou um suspiro exasperado e balançou a cabeça.
– Só estou fazendo isso por Minerva, mas se você não tem o mesmo carinho para com minha irmã e mãe, pode voltar para casa.
Os olhos de Carstine se estreitaram antes de ela jogar a cabeça para trás e rir.
Riu! A mulher insolente o achava divertido. O que diabo estava errado com ela?
Pensando bem, ele não queria saber. Blake enfiou as mãos nos bolsos e girou para se afastar.
– Espere – ela falou para suas costas, já em retirada. – Eu sinto muito. Vamos fazer nosso passeio, pelo bem da família.
Ele se virou, uma carranca puxando seus lábios.
– Venha agora, podemos até nos divertir. – Carstine se aproximou e passou a mão pelo braço dele. – Não seja azedo. Prometo ser agradável a partir de agora.
Ele a encarou com seu olhar.
– É melhor você ser, ou vou deixá-la na neve para cuidar de si mesma.
Ela sorriu.
– Você não ousaria. Você disse isso ontem.
– Isso foi antes de eu te conhecer. – Ele sorriu, divertido, quando a levou para o trenó.
– Eu disse que estava arrependida – ela protestou quando chegaram.
Blake deu a volta no trenó, depois subiu e se sentou ao lado dela.
– Como eu, mas meu pedido de desculpas não fez nada para acabar com sua irritação. – Ele lançou um olhar para ela. – Agora, eu devo simplesmente perdoá-la, mesmo que você não tenha me perdoado?
– Não, você está errado. – Ela acenou com a mão com um pouco de floreio. – Eu o perdoei no momento em que vi o constrangimento sobre suas suposições colorir o seu rosto.
Sua mandíbula relaxou quando ele pegou as rédeas e colocou o trenó em movimento.
– Então por que você dificultou as coisas agora?
– Por diversão. Você é bem fofo quando está zangado, sabe? – Sua risada ecoou, enchendo o ar ao redor deles com uma melodia caprichosa e contagiosa.
Ela o achava fofo? Ele sorriu com a revelação e lançou lhe um olhar de reprovação.
– Não estou nem um pouco divertido.
– Você e Beira parecem compartilhar o mesmo humor.
– Beira? – Blake arqueou uma sobrancelha em questão.
– Sim, a deusa do inverno. – Carstine estendeu a mão coberta por uma luva e pegou vários flocos de neve fofos que giravam no ar ao seu redor. – Você não ouviu falar dela?
– Receio que não – respondeu Blake.
– Ela é uma velha abatida, com pele cor cinza e um olho. Beira domina o inverno e, quando está descontente, ela o faz saber.
– Você está me comparando com uma velha abatida?
– Sim, mas apenas o temperamento. – Carstine colocou a mão de volta no cobertor, cobrindo o colo. – Ela está com um humor, com certeza. É por isso que vimos tanta neve e vento ultimamente.
– Eu não estou com mau humor. – Blake balançou a cabeça.
– Não? – Carstine inclinou a cabeça para estudá-lo. – Então por que você continua fazendo uma careta?
– Eu não estou.
O sorriso dela cresceu, os cantos dos olhos enrugaram.
– Está fazendo isso agora.
– Eu não estou. – Blake forçou um sorriso.
Carstine começou a rir novamente.
– Você parece uma estátua prestes a quebrar em mil pedaços.
Blake imaginou que deveria parecer como ela descrevera, porque seus esforços estavam machucando o seu rosto. Ele, sem dúvida, parecia absolutamente ridículo, e por quê? Porque esse projeto de lady estava brincando com ele?
Ridículo, de fato!
Ele riu da pura loucura disso.
– Muito melhor – disse ela, cutucando-o de brincadeira. – Sim, Minerva gosta bastante de você. Ela tagarelou em meus ouvidos sobre você. Insistindo que é uma boa pessoa e devo dar-lhe uma chance de se redimir.
Isso realmente parecia sua irmã. Blake deu um sorriso genuíno.
– Ela fez o mesmo comigo ao seu respeito.
– Uma moça que sabe subornar, para se dizer o mínimo. – Carstine se arrastou no assento, virando-se para encará-lo mais completamente. – Eu digo para esquecermos nosso primeiro encontro e tudo o que se seguiu.
– De fato, deveríamos – Blake concordou.
– Sim. – Carstine assentiu e estendeu a mão. – Eu sou a senhorita Carstine Greer.
Blake hesitou por um momento, antes de parar o trenó e pegar sua mão.
– Blake Fox, Conde de Edgemore, a seu serviço. – Ele pegou a mão dela e a levou à boca, dando um beijo nas juntas cobertas por luvas.
– É um prazer conhecê-lo, meu senhor. – Ela sorriu, seus olhos verdes vibrantes enquanto o estudava.
– Garanto-lhe, o prazer é todo meu. – Blake deu um sorriso malandro. – Agora, conte-me tudo sobre você.
– Como estou bem ciente, nossas mães são velhas amigas…
Blake tomou as rédeas e colocou de volta os cavalos em movimento, enquanto Carstine conversava. Ela contou a ele como seus pais se casaram e como nasceu e cresceu na Escócia, mas sua mãe sempre fazia o possível para garantir que Carstine também fosse exposta à sua herança inglesa. Ele se apegou a cada palavra dela, achando-a mais do que um pouco cativante.
– E assim, você entende por que minha mãe quis que eu tivesse uma temporada inglesa.
– Eu entendo. – Blake assentiu. Havia algo em sua voz, e a maneira como seus olhos pareciam escurecer o fez suspeitar que Carstine não compartilhava os desejos de sua mãe. Ele deu um leve sorriso e perguntou: – Estou certo em pensar que você não compartilha o desejo dela?
Carstine suspirou, uma pequena risada escapando dela quando balançou a cabeça. – O que me denunciou?
– Nada, realmente.
– Vamos lá. – Ela cutucou-o com o cotovelo.
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