O Escritor

O Escritor
Danilo Clementoni
VOLUME 3/3 E se nós não fossemos nada mais do que personagens de um grande romance intitulado ”A Humanidade”? Neste terceiro episódio da série ”As aventuras de Azakis and Petri” os nossos dois adoráveis habitantes de Nibiru enfrentam uma terrível ameaça do espaço profundo. Novamente, no entanto, a sua força e incrível tecnologia podem não ser suficientes. E se a ajuda viesse de uma fonte totalmente inesperada? Reviravoltas, revelações e reinterpretações de eventos e incidentes históricos manterão o leitor preso ansiosamente até a última linha deste romance.


Danilo Clementoni

O Escritor
As aventuras de Azakis e Petri

Título original: Lo Scrittore

Traduzido por Elisabete Tavares
Esta é uma obra de ficção. Quaisquer nomes, personagens, lugares e organizações mencionados são o trabalho da imaginação do autor e destinam-se a tornar a narrativa autêntica. Qualquer semelhança com eventos reais ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência.
O ESCRITOR
Copyright © 2016 Danilo Clementoni

Primeira edição: abril de 2016
Edição e impressão de autor

facebook: www.facebook.com/libroloscrittore
blogue: dclementoni.blogspot.it
e-mail: d.clementoni@gmail.com

Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida de forma alguma, incluindo o uso de sistemas mecânicos ou eletrónicos, sem o consentimento por escrito do editor, exceto pequenas passagens com o intuito de serem revistas.
Este é o terceiro volume da série

“As Aventura de Azakis e Petri”

De modo a apreciar esta aventura emocionante, antes de começar este livro, eu recomendaria a leitura dos dois primeiros volumes intitulados respetivamente
O Regresso

e
A Intersecção com Nibiru

(Nota do Autor)
Para a minha esposa e filho, pela sua paciência e pelas suas sugestões inestimáveis, que me ajudaram a melhorar minha história e a mim.
Um abraço especial para minha mãe e um grande beijo para o meu pai que, embora doente e a sofrer, me motivou, com a sua presença e o seu olhar, a colocar todo o meu coração nesta história maravilhosa.
Um agradecimento especial a todos os meus amigos pelo contínuo encorajamento e apoio, e por me estimularem a concluir este trabalho. Sem eles, talvez nunca tivesse visto a luz do dia.

Índice

Introdução (#u43ccee16-b4b2-5c98-9f60-3b372eff35ae)
Contexto (#u7383da1a-3952-5bf8-b10d-cff738cb1039)
Nave espacial Theos – A evacuação (#u716e80a9-2155-5a3e-80c5-7fa7d49c87ba)
Tell el-Mukayyar – A luz no céu (#u2f611c42-4a7d-5fcb-bb72-045d8ed2eb59)
Vaivém seis – A inspeção lunar (#ue023fb56-4745-5a40-b1b9-40f5c852c2c0)
Tell-el-Mukayyar – Contato com Nibiru (#u32293834-3c17-5400-bd25-ecbd9bdc0276)
Pasadena, Califórnia – O cromo (#u2ce9a1f0-5e41-5e32-a7fa-95ff31495147)
Constelação de Touro – O planeta Kerion (#u0c308e96-0190-5d69-a482-b10df5679313)
Tell-el-Mukayyar – A energia das pirâmides (#ue4a0845e-cc0b-5789-a631-bf4bf9d0cfb9)
Pasadena, Califórnia – A notícia (#uee0fad76-8076-5e75-a0d8-17ed0c57df7e)
Planeta Kerion - A trágica descoberta (#u5cccfab4-369c-5994-9c2f-68164e816732)
Tell-el-Mukayyar – A filmagem (#u5e8654e1-39df-5874-b103-863476dadc49)
Pasadena, Califórnia – O esconderijo (#u6df51776-a2bb-58d8-8b04-0a7ab188fa3b)
Planeta Kerion – O Supremo TYK (#u3346bbaa-e8ec-5a4e-b8fa-ebaee67f4417)
Tell-el-Mukayyar – O Presidente (#litres_trial_promo)
Pasadena, Califórnia – O teste (#litres_trial_promo)
Planeta Kerion – A partida (#litres_trial_promo)
Vaivém 6 – A recuperação (#litres_trial_promo)
Pasadena, Califórnia - Os reparos (#litres_trial_promo)
Órbita de Saturno – A chegada de TYK (#litres_trial_promo)
Tell-el-Mukayyar – Os planos (#litres_trial_promo)
Santa Mónica, Califórnia – A espera (#litres_trial_promo)
Sistema Solar – Urano (#litres_trial_promo)
Tell-el-Mukayyar –A dúvida (#litres_trial_promo)
Santa Mónica, Califórnia –A vingança (#litres_trial_promo)
Sistema Solar – Neptuno (#litres_trial_promo)
Ilha do Havai – A surpresa na noite (#litres_trial_promo)
Santa Mónica, Califórnia – As notícias (#litres_trial_promo)
Nibiru – A mensagem (#litres_trial_promo)
Nevada, Área 51 – Contato com Nibiru (#litres_trial_promo)
Pasadena, Califórnia – O acordo (#litres_trial_promo)
Sistema Solar – Plutão (#litres_trial_promo)
Nevada, Área 51 – Plano “B” (#litres_trial_promo)
Los Angeles, Califórnia – A reunião (#litres_trial_promo)
Nibiru – A batalha final (#litres_trial_promo)
Canal da Sicília – Telandis (#litres_trial_promo)
Los Angeles, Califórnia – O comprador (#litres_trial_promo)
Base secreta ELSAD – A mensagem (#litres_trial_promo)
Telandis – Os laboratórios (#litres_trial_promo)
México – Baía de Kino (#litres_trial_promo)
Órbita de Júpiter – Mudança de planos (#litres_trial_promo)
Baía de Kino – A apreensão (#litres_trial_promo)
Washington – A Sala Oval (#litres_trial_promo)
Etiópia – A cidade de Aksum (#litres_trial_promo)
Etiópia, Aksum – A Arca da Aliança (#litres_trial_promo)
Aksum – O Epafi (#litres_trial_promo)
Lugar desconhecido – O escritor (#litres_trial_promo)
Área 51 – O regresso (#litres_trial_promo)
Tell-el-Mukayyar – A despedida (#litres_trial_promo)
Referências Bibliográficas (#litres_trial_promo)

Introdução
O décimo segundo planeta, Nibiru (o planeta da passagem) como foi chamado pelos sumérios, ou Marduk (o rei dos céus) como foi referido pelos babilónicos, é na verdade um corpo celestial que circula na órbita do nosso sol com um período de 3.600 anos. A sua órbita é significativamente elíptica, retrógrada (girando em torno do sol na direção oposta aos outros planetas) e distintamente inclinada em relação ao plano do nosso sistema solar.
Cada abordagem cíclica quase sempre causou enormes transtornos interplanetários no nosso sistema solar, tanto nas órbitas como na conformação dos planetas que ele compõe. Foi durante uma das suas transições mais tumultuadas que o majestoso planeta Tiamat, localizado entre Marte e Júpiter, com uma massa aproximadamente nove vezes maior que a da Terra atualmente, rica em água e dotada de onze satélites, foi destruída numa colisão cataclísmica. Uma das sete Luas que anda na órbita de Nibiru atingiu o gigantesco Tiamat, dividindo-o ao meio e catapultando as duas seções em órbitas opostas. Na transição seguinte (o “segundo dia” de Génesis), os satélites restantes de Nibiru terminaram este processo, destruindo completamente uma das duas partes formadas na primeira colisão. Os detritos gerados por múltiplos impactos criaram o que hoje conhecemos como o “cinturão de asteroides” ou “pulseira martelada”, como veio a ser chamado pelos sumérios. Isso foi parcialmente engolido pelos planetas vizinhos. Foi Júpiter, em particular, que capturou a maior parte dos destroços, aumentando notavelmente a sua própria massa.
Os artefactos dos satélites desse desastre, incluindo aqueles que sobreviveram de Tiamat, foram na maior parte "disparados" para as órbitas externas, formando o que hoje conhecemos como "cometas". A parte que sobreviveu à segunda transição posicionou-se numa órbita estável entre Marte e Vénus, levando consigo o último satélite remanescente e, assim, formando o que agora chamamos de Terra, juntamente com a sua companheira inseparável, a Lua.
A cicatriz causada por esse impacto cósmico, que ocorreu há aproximadamente 4 biliões de anos, ainda é parcialmente visível hoje. A parte cicatrizada do planeta está agora completamente coberta por água, no que hoje é chamado de Oceano Pacífico. Isso ocupa cerca de um terço da superfície da Terra, estendendo-se por 179 milhões de quilómetros quadrados. Nessa vasta área, praticamente não há massa de terra, mas sim uma grande depressão que se estende a uma profundidade de mais de dez quilómetros.

Atualmente, Nibiru é muito parecido com a Terra na sua constituição. Dois terços são cobertos de água, enquanto o resto é ocupado por um único continente que se estende de norte a sul, com uma superfície total de mais de 100 milhões de quilómetros quadrados. Há centenas de milhares de anos, alguns dos seus habitantes têm aproveitado as aproximações próximas cíclicas do seu planeta, fazendo visitas regulares, cada vez influenciando a cultura, o conhecimento, a tecnologia e a própria evolução da raça humana. Os nossos predecessores referiram-se a eles de muitas maneiras, mas talvez o nome que os represente melhor sempre tenha sido "Deuses".

Contexto
Azakis e Petri, os dois adoráveis e inseparáveis extraterrestres que são os protagonistas desta aventura, regressaram ao planeta Terra após um dos seus anos (3.600 anos terrestres). A sua missão? Ao recuperar uma carga preciosa, eles foram forçados a terminar apressadamente a visita anterior, devido a uma falha no sistema de aterragem. Desta vez, no entanto, eles encontraram uma população terrestre muito diferente da que deixaram para trás. Costumes, tradições, cultura, tecnologia, sistemas de comunicação, armas. Tudo era tão diferente do que tinham visto na sua visita anterior.
Na chegada, eles encontraram um par de terrestres: a doutora Elisa Hunter e o Coronel Jack Hudson, que os receberam com entusiasmo e depois de incontáveis aventuras, ajudaram-nos a concluir a sua delicada missão.
Mas o que os dois extraterrestres teriam preferido nunca contar aos seus novos amigos era que o seu próprio planeta, Nibiru, se aproximava rapidamente e em apenas sete dias terrestres intercetaria a órbita da Terra. De acordo com os cálculos dos seus Anciães, um de seus sete satélites chegaria tão perto que quase tocaria o planeta, causando uma série de ruturas climáticas comparáveis às da sua passagem anterior, que haviam sido resumidas numa única definição: A Grande Dilúvio.

Nos dois livros anteriores (Regresso à Terra e A Intersecção com Nibiru), apesar das inúmeras dificuldades, os protagonistas desta aventura conseguiram salvar a Terra do desastre, mas agora uma nova aventura aguarda-os. A viagem de regresso de Azakis e Petri foi sabotada e uma ameaça ainda mais aterrorizante está prestes a acontecer em todo o sistema solar.
No último livro deixamos os ocupantes do majestoso Theos a lutar com a ativação repentina da sequência de autodestruição da nave espacial e é aí que retomaremos a história dessa fantástica nova aventura.

Nave espacial Theos – A evacuação
– Abandonar a nave! – gritou Azakis desesperado.
A ordem perentória do Capitão espalhou-se simultaneamente sobre todos os níveis da Theos. Após uma breve hesitação inicial, os poucos membros da tripulação seguiram automaticamente o procedimento de evacuação que haviam simulado tantas vezes durante os exercícios de emergência.
– Oitenta segundos para a autodestruição. – anunciou novamente a voz feminina calma e calorosa do sistema central.
– Vamos Zak. – gritou Petri. – Nós não temos muito tempo, temos de sair daqui.
– Mas não podemos fazer absolutamente nada para interromper a sequência? – perguntou Azakis incrédulo.
– Infelizmente, não, velho amigo. Caso contrário, tu não achas que eu já teria feito isso?
– Mas não é possível. – disse o Capitão, enquanto o seu companheiro de aventura o arrastava pelo braço, na direção do módulo de comunicação interna número três.
– Bem, na verdade, poderíamos tentar interromper manualmente o procedimento, mas isso levaria pelo menos trinta minutos e só restaria mais ou menos um minuto.
– Espera, pára! – exclamou Azakis, soltando-se do forte aperto do seu amigo. Não podemos deixar a nave aqui para explodir. A onda de energia que a explosão gerará chegará à Terra em apenas alguns minutos e a face exposta do planeta será atingida por uma gigantesca onda de choque que destruirá tudo na sua passagem.
– Já configurei o controlo remoto do Theos do vaivém espacial. Vamos movê-lo assim que estivermos a bordo, contando que te mexas. – repreendeu Petri quando novamente agarrou o braço do amigo e o arrastou na direção do módulo.
– Sessenta segundos para a autodestruição.
– Mas para onde queres ir? – Azakis continuou, quando a porta do módulo de comunicação interna se abriu na ponte do vaivém espacial, no nível seis. – Um minuto não será suficiente para alcançar uma distância suficiente para ...
– Por favor, páras de balbuciar? – interrompeu Petri. – Cala a boca e senta-te ali. Eu vou lidar com isso agora.
Sem mais comentários, Azakis obedeceu à ordem e sentou-se na poltrona cinza ao lado da consola central. Como ele já havia feito dezenas de vezes antes, em situações igualmente perigosas, ele decidiu confiar completamente na habilidade e experiência do seu companheiro. Enquanto Petri febrilmente se atrapalhava com uma série de hologramas de manobras tridimensionais, ele pensou em verificar o resultado da evacuação do resto da tripulação, contatando simultaneamente os pilotos individualmente. Em poucos segundos, todos confirmaram o sucesso da separação dos seus vaivéns espaciais da nave espacial-mãe. Eles estavam a afastar-se rapidamente. O Capitão deu um grande suspiro de alívio e voltou a dar atenção à manobra hábil do seu amigo.
– Trinta segundos para a autodestruição.
– Nós já saímos. – gritou Petri. – Agora eu vou mover a Theos.
– O que posso fazer para ajudar?
– Nada, não te preocupes. Estás em boas mãos. – e ele piscou-lhe o olho direito, como os seus amigos terrestres lhe ensinaram a fazer. – Vou posicionar a nave atrás da Lua. De lá, não será capaz de causar nenhum dano.
– Ó Deus. – exclamou Azakis. – Eu não tinha pensado nisso.
– É por isso que estou aqui, não é?
– A onda da explosão atingirá o satélite que absorverá toda a sua energia. És um fenómeno, meu amigo.
– E certamente não causará nenhum dano na Lua. – continuou Petri. – Não há nada além de rochas e crateras lá.
– Dez segundos para a destruição.
– Quase pronto ... – disse Petri fracamente.
– Três... Dois… Um...
– Concluído! Theos está em posição.

Exatamente naquele instante, na face oculta da Lua, nas coordenadas de grau decimal latitude 24,446471 e longitude 152,171308, em correspondência ao que os terrestres chamavam de Cratera de Komarov, houve um estranho movimento telúrico. Uma fenda grande e profunda, com bordas incrivelmente perfeitas, abriu-se na superfície áspera e estéril da cratera, como se uma imensa lâmina invisível tivesse subitamente aderido a ela. Imediatamente depois, um estranho objeto em forma ovoide disparou a uma velocidade incrível, como se tivesse sido disparado diretamente de dentro da cratera e se dirigisse para o espaço, com um caminho inclinado de cerca de trinta graus perpendiculares. O objeto permaneceu visível por apenas alguns segundos antes de desaparecer para sempre num clarão de luz azulada.

No vaivém, através da abertura elíptica que dava uma visão do exterior, um clarão ofuscante iluminava o escuro e frio espaço exterior, inundando o interior da nave com uma luz quase irreal.
– Meu amigo, que tal sair daqui? – sugeriu Azakis preocupado, enquanto observava a onda de energia se expandir e se aproximar rapidamente da sua posição.
– Sigam-me. – gritou Petri para o comunicador, para os pilotos dos outros vaivéns. Então, sem acrescentar mais nada, ele manobrou o seu veículo e rapidamente o moveu para se abrigar atrás do lado da Lua que sempre está voltado para a Terra. – Aguenta-te firme. – acrescentou, enquanto segurava com firmeza os braços do assento de comando onde estava sentado.
Eles esperaram, em absoluto silêncio, enquanto aqueles segundos intermináveis passavam, os seus olhares fixos no monitor central, esperando que o movimento súbito do Theos tivesse conseguido evitar uma catástrofe na Terra.
– A onda de energia está a dispersar-se no espaço. – disse Petri em voz baixa. Ele fez uma breve pausa e, depois de verificar toda uma série de mensagens incompreensíveis que apareceram nos hologramas à sua frente, acrescentou:
– E a Lua absorveu perfeitamente a porção dirigida para o planeta.
– Bem, eu diria que fizeste um excelente trabalho, meu velho. – comentou Azakis depois de ter começado a respirar novamente.
– A única coisa que realmente sofreu foi a pobre Lua. Sofreu uma boa tareia.
– Pensa no que poderia ter acontecido se a onda tivesse chegado à Terra.
– Teria queimado metade do planeta.
– Estão todos bem? –apressou-se Azakis a perguntar a todos os outros pilotos através do comunicador, que, seguindo as manobras de Petri, também havia posicionado os seus vaivéns espaciais numa zona abrigada do satélite. As respostas reconfortantes surgiram em sequência e, depois que o último capitão também confirmou que tanto a tripulação quanto o veículo estavam em perfeitas condições, ele se deixou recostar nas costas da sua poltrona e soltou todo o ar nos seus pulmões.
– Isso correu bem. – comentou Petri satisfeito.
– Sim, mas agora o que fazemos? A Theos já não existe mais. Como vamos voltar para casa?

Tell el-Mukayyar – A luz no céu
No acampamento da doutora Elisa Hunter, depois de saltar dos braços da arqueóloga, Lulu, a gatinha, começou a vaguear nervosamente com o olhar fixo no céu. O sol estava a pôr-se e uma linda Lua quase cheia já estava no alto do horizonte.
– Qual é o problema? – perguntou Elisa um pouco preocupada, olhando para a gatinha inquieta.
– Ela deve estar triste porque percebeu que os nossos amigos foram-se embora. – comentou Jack laconicamente, tentando consolá-la acariciando-a suavemente sob o queixo.
A gatinha pareceu inicialmente apreciar a atenção, ronronando e esfregando o nariz contra a grande mão do Coronel. De repente, no entanto, ela parou, fez um som estranho e virou os olhos diretamente para o satélite pálido da Terra. Ambos, intrigados com esse comportamento bizarro, instintivamente, também se voltaram na mesma direção. O que viram depois de alguns momentos, deixou os dois sem fôlego. Um brilho anormal parecia envolver a Lua. Uma luz branca brilhante, que se estendia por cerca de dez vezes do diâmetro do satélite, formava uma espécie de coroa em torno dele. Durou apenas alguns segundos, mas era quase como se outro sol tivesse aparecido de repente no céu ao anoitecer, iluminando toda a área com uma luz decididamente antinatural.
– Mas o que raios ... – sussurrou o Coronel atordoado.
Assim como havia aparecido, a luz anormal desapareceu e tudo pareceu retornar exatamente como antes. A Lua ainda estava lá, e o sol preguiçosamente continuava a descer atrás das dunas em silhueta contra o horizonte.
– O que foi isso? – perguntou Elisa maravilhada.
– Eu não tenho a menor ideia.
– Por um momento eu temi que a Lua tivesse explodido.
– Foi realmente incrível. – exclamou o Coronel enquanto, com a mão aberta sobre as sobrancelhas, examinava o céu claro à procura de pistas.
– Azakis .... Petri ... – disse Elisa de repente. – Algo deve ter acontecido com eles, eu posso sentir isso.
– Cá nada, esquece. Talvez tenha sido apenas o efeito dos motores das suas naves.
– Não é possível. Aquilo parecia uma explosão real. Deverias saber mais do que eu sobre essas coisas, não?
– Querida. – disse o Coronel pacientemente. – Para ver os efeitos de uma explosão como aquela de toda essa distância, teria de haver pelo menos uma centena de bombas atómicas explodindo simultaneamente na Lua ou talvez até mil.
– O que aconteceu então?
– Poderíamos tentar perguntar aos nossos amigos militares. Afinal, ainda faço parte da ELSAD. Com todo esse equipamento sempre apontando para o céu, um evento desse tipo não lhes escapou com certeza.
– Até a Lulu percebeu isso.
– Eu acho que essa gatinha é muito mais esperta do que nós dois juntos.
– Os felinos são uma raça superior. – disse Elisa enquanto pegava a gatinha de novo ao colo. – Ainda não te tinhas apercebido?
– Sim. Eu acho que os antigos egípcios também os adoravam, quase como divindades.
– Exatamente, meu amor. – disse Elisa, feliz por a discussão ter mudado para um campo no qual ela era bem versada. – Bastet, por exemplo, era uma das divindades mais importantes e veneradas da antiga religião egípcia, representada como ou com a aparência de uma mulher com uma cabeça de gato ou diretamente como um gato. Originalmente, Bastet era uma divindade do culto solar, mas com o tempo ela tornou-se mais e mais uma deusa do culto lunar. Quando a influência grega se estendeu à sociedade egípcia, Bastet tornou-se permanentemente uma deusa lunar, quando os gregos a identificaram com Ártemis, a personificação da "Lua Nascente".
– Ok, ok. Obrigado pela lição, eminente doutora. – disse Jack ironicamente, enfatizando a frase com uma leve reverência. – Mas agora vamos tentar entender o que o diabo acabou de acontecer lá em cima. Vou fazer alguns telefonemas.
– A qualquer hora, querido, estou sempre aqui para ti. – respondeu Elisa, levantando gradualmente a voz enquanto o Coronel se afastava na direção da tenda do laboratório.
Lulu, mais uma vez calma, de olhos fechados, estava a apreciar as carícias que a sua amiga humana dispensava sem parcimónia.

Vaivém seis – A inspeção lunar
Depois que a mão invisível do medo que tinha agarrado o seu estômago finalmente desapareceu, deixando-o em paz, Azakis começou a andar nervosamente à volta da ponte do vaivém, murmurando frases ininteligíveis.
– Vais parar de dar voltas e voltas como um pião? – Petri repreendeu. – Vais gastar o chão e vamos acabar a vaguear no espaço como dois velhos satélites em desuso.
– Mas como podes estar tão calmo? A Theos foi destruída, estamos a milhões de quilómetros do nosso planeta, não podemos contatar ninguém e, mesmo que tenhamos sucesso, será impossível alguém vir e buscar-nos, e o que fazes? Ficas deitado na poltrona, como se estivesses de férias, sentado no penhasco do Golfo de Saraan, apreciando a paisagem do pôr do sol.
– Acalme-se, velho amigo, acalme-se. Nós vamos encontrar uma solução, vais ver.
– De momento, não consigo pensar em absolutamente nenhuma.
– Porque estás zangado? São as ondas gama que o teu pobre cérebro cansado está a emitir, que estão a impedir que raciocines com lucidez.
– Achas mesmo?
– Claro. – respondeu Petri com um grande sorriso. – Vem e senta-te ao meu lado, respira fundo e tenta relaxar. Vais ver, em breve tudo vai parecer muito diferente.
– Podes estar certo, meu amigo. – disse Azakis quando, seguindo o conselho do seu companheiro, ele sentou-se pesadamente na poltrona cinza do copiloto – Mas de momento eu consigo fazer tudo menos relaxar.
– Se prometeres que te acalmas, eu vou até deixar que fumes uma daquelas coisas sujas e fedorentas que tens sempre contigo.
– Bem, na verdade isso é uma boa ideia. Tenho a certeza que me ajudaria um pouco. – Tendo dito isso, ele tirou um longo charuto enrolado à mão no bolso e, depois de cortar as extremidades com uma estranha engenhoca multicolorida, colocou-o na boca e acendeu-o. Ele rapidamente inalou várias baforadas deixando pequenas nuvens de fumaça azuladas espalhadas pela sala. Com um ligeiro silvo, o sistema automático de purificação de ar do vaivém espacial foi ativado. Em alguns momentos, a fumaça desapareceu e também o cheiro forte e adocicado.
– Mas, assim, não há diversão. – exclamou Azakis, que já estava de muito melhor humor. – Eu esqueci-me de como os nossos sistemas de purificação são eficientes.
– Tu é que os criaste. – respondeu Petri. – Eles não poderiam ser de outra forma.
A tensão parecia estar a dissipar-se lentamente.
– Vamos fazer um balanço da situação. – propôs Azakis, com o seu charuto ainda entre os lábios, permitindo que uma série de hologramas se posicionasse no ar ao redor dos dois extraterrestres. – Temos quatro vaivém operacionais, incluindo o nosso. A Theos-2 aterrou agora em Nibiru e ambas estão fora do alcance do sistema de comunicação dos vórtices óticos. Ele soprou outro par de pequenas nuvens de fumo e depois continuou:
– Os níveis de combustível e de alimentos estão a noventa e nove por cento.
– Muito bem feito, vejo que estás a assumir o controlo da situação novamente. Vai em frente. – pediu Petri, satisfeito.
– Todos os seis membros restantes da tripulação estão em perfeitas condições. Os escudos e equipamentos estão com máxima eficiência. O único problema é que já não temos uma H^COM para contatar os Anciães e relatar a situação.
– E é aí que estás errado. – exclamou Petri.
– Do que estás a falar?
– Quero dizer, ainda há um H^COM a funcionar.
– Mas se o único que tínhamos foi destruído com a nave espacial.
– E o que deixamos com os terrestres?
– Estás certo! Eu não tinha pensado nisso. Nós vamos ter de voltar e pedir que nos devolvam.
– Acalme-se, velho amigo, acalme-se. Nós temos tempo para isso. Primeiro, eu vou dar uma olhadela na Lua para ver se conseguimos recuperar alguma coisa da nossa linda nave que alegremente que colocaste em pedaços.
– Eu? O que eu tenho a ver com isso? Foste tu quem a fez explodir lá em cima.
– E quem foi quem perdeu o sistema de controlo remoto?
– Mas isso foi culpa tua. O fecho estava com defeito.
– Tudo bem, tudo bem! O que está feito, feito está. Agora vamos tentar lidar com essa situação. Embora eu seja um otimista incurável, de momento não vejo nenhuma solução brilhante.
– Isso é das ondas gama. – retorquiu Azakis, pagando ao seu amigo com a mesma moeda. – Assumindo, é claro, que esses quatro neurónios à espreita na tua cabeça vazia ainda são capazes de emiti-los.
– Depois dessa piada lamentável, posso finalmente anunciar que o velho Zak está novamente entre nós. Bem-vindo de volta!
– Então, você pode conseguir esse transporte para o local da explosão sem colidir com nenhuma elevação lunar?
– Certamente, senhor! Sob as suas ordens. – exclamou Petri, imitando os meios militares que eram usados pelos seus amigos terrestres.
– Destino: Lua. – acrescentou alegremente, depois de ligar os motores e definir o curso em direção ao satélite.

Demorou apenas alguns minutos para chegar ao local onde a Theos se tinha desintegrado. O vaivém espacial começou a voar lentamente sobre a área da face oculta da Lua que sofrera o impacto da explosão. O solo, normalmente muito acidentado e cheio de crateras causado por impactos antigos de centenas de meteoritos que, ao longo de milhões de anos, literalmente o tinham crivado, agora parecia incrivelmente liso e plano por cerca de seiscentos quilómetros quadrados. A onda de energia gerada pela explosão tinha varrido tudo para longe. Rochas, crateras e depressões não existiam mais. Era como se um rolo compressor gigante tivesse passado sobre a área, deixando para trás uma extensão infinita de areia cinza e macia.
– Incrível. – exclamou Petri. – É como voar sobre o imenso deserto de Sihar em Nibiru.
– Nós fizemos uma grande trapalhada. – disse Azakis desanimado.
– Não. Não consegues ver o quão bonita a vista é agora? Antes que a superfície tivesse mais rugas do que nosso Ancião Supremo, agora é tão suave como a pele de um bebé.
–Eu não acho que haja muito da nossa querida nave espacial em condições.
– Estou a fazer uma vistoria completa da área, mas a parte maior que encontrei é de aproximadamente alguns centímetros cúbicos.
– Não há como negar isso. O sistema de autodestruição funcionou muito bem.
– Ei Zak. – exclamou Petri de repente. – Na tua opinião, o que é isso? – e ele apontou para uma mancha escura no monitor principal.
– Eu não consigo dizer. Não se pode ver muito bem. O que dizem os sensores?
– Eles não estão a ver nada. De acordo com eles, não há nada além de areia, mas acho que posso ver outra coisa.
– É impossível que os sensores não consigam captar alguma coisa. Tenta fazer um teste de calibração.
– Dá-me um segundo, Petri. – disse intrigado com uma série de controlos holográficos, e de seguida, disse:
– Os parâmetros estão dentro do intervalo normal. Tudo parece estar a funcionar corretamente.
– Estranho... Vamos tentar chegar um pouco mais perto.
O vaivém número seis moveu-se lentamente na direção daquele estranho objeto que parecia emergir da camada de poeira e areia cinzenta.
– Ampliação máxima. – ordenou Azakis. – Mas o que é isso?
– Pelo pouco que vejo, parece parte de uma estrutura artificial. – aventurou-se Petri.
– Artificial? Eu não acho que nenhum de nós tenha instalado nada na Lua.
– Talvez tenham sido os terrestres. Parece que li em algum lugar que eles completaram várias expedições para este satélite.
– O que é decididamente estranho é que os sensores não estão a captar nada do que os nossos olhos estão a ver.
– Não sei o que dizer. Talvez a explosão os tenha danificado.
– Mas se acabaste de fazer um teste e tudo está a funcionar. – respondeu Azakis perplexo.
– Então, estas coisas que estamos a ver devem ser feitas de algum material desconhecido para nós e, portanto, os nossos sensores são incapazes de analisar.
– Estás a tentar dizer que os terrestres conseguiram inventar um composto que nem nós conhecemos, trouxeram para aqui e construíram uma base ou algo assim?
– E, além disso, agora destruímos isso. – comentou Petri desanimado.
– Os nossos amigos nunca nos deixam de surpreender, não é?
– É verdade. Bem, nós demos uma olhadela aqui. Eu diria que devemos deixar por enquanto. Temos coisas muito mais importantes para fazer agora. O que me dizes?
– Eu diria que estás absolutamente certo. Considerando que parece não haver mais nada utilizável da Theos, acho que podemos sair.
– Em direção à Terra?
– Vamos voltar para o acampamento da Elisa e tentar usar o H^COM para contatar Nibiru.
– E os nossos companheiros de viagem? Não podemos simplesmente deixá-los aqui. – disse Petri.
– Nós vamos ter de organizar uma base de apoio na Terra. Poderíamos montar uma espécie de acampamento próximo do dos nossos amigos.
– Parece-me uma boa ideia. Devo informar o resto da tripulação?
– Sim. Dá-lhes as coordenadas do local da escavação e pede que organizem a preparação de uma estrutura de emergência. Nós vamos lá primeiro, e vamos começar a contatar os Anciães.
– Vamos. – disse Petri alegremente. – E pensar que, até pouco tempo atrás, eu estava a ficar preocupado sobre como eu iria superar o tédio da jornada de volta.

Ao mesmo tempo, a uma distância de cerca de 500 UA do nosso sol, um estranho objeto ovoide apareceu praticamente do nada, precedido por um raio azulado que rasgou a absoluta escuridão do espaço. Ele moveu-se em linha reta por quase cem mil quilómetros a uma velocidade incrível antes de desaparecer novamente, engolido por uma espécie de um imenso vórtice prateado com reflexos dourados. Toda a ação durou apenas alguns segundos e então, como se nada tivesse acontecido, aquele lugar tão remoto e desolado, profundamente no espaço, mergulhou de volta no silêncio total em que estava imerso até então.

Tell-el-Mukayyar – Contato com Nibiru
– Sim, Coronel. – disse uma voz muito refinada do outro lado do telefone. – Recebemos relatos, de vários pontos de observação na Terra, de um clarão não natural presumivelmente emitido pela Lua.
– Mas a Lua não dá clarões. – disse Jack irritado.
–Está correto, senhor. Tudo o que posso dizer é que os nossos cientistas ainda estão a analisar os dados que recebemos para identificar quem ou o que causou isso.
– Então, basicamente, não tens a menor ideia do que aconteceu.
– Bem, eu não diria isso dessa maneira, mas acho que a sua inferência pode ser considerada justa.
– Ok. – disse Jack, virando-se para Elisa, que se juntou a ele, enquanto cobria o microfone do telemóvel com a mão. – Tudo bem. Obrigado pela informação. – continuou ele. – Assim que tiver mais notícias, por favor, entra em contato comigo imediatamente.
– Sim senhor, com prazer. Adeus, tenha um bom dia. – e ele terminou a conversa.
– O que eles disseram? – perguntou a doutora.
– Bem, parece que algo estranho aconteceu lá em cima, mas ninguém encontrou uma explicação decente ainda.
– Estou cada vez mais convencida de que algo aconteceu com os nossos amigos.
– Vamos lá, não digas isso. Com a sua fantástica nave espacial quem sabe onde eles já devem chegar agora.
– Eu realmente espero que sim, com todo o meu coração, mas eu ainda tenho uma estranha sensação.
– Escuta, para te livrares de qualquer dúvida, por que não usamos aquilo que nos deixaram e tentamos contatá-los?
– Não sei. Eles disseram que só poderíamos usá-lo depois que eles voltassem ao seu planeta ... Acho que não.
– Apenas vai buscá-lo. – interrompeu o Coronel. Então percebendo que ele tinha sido talvez um pouco abrupto, ele acrescentou um gentil 'por favor', seguido por um sorriso deslumbrante.
– Tudo bem. Na pior das hipóteses, não vai funcionar. – disse Elisa ao partir para recuperar o H^COM portátil. Ela voltou quase imediatamente e, depois de arrumar um pouco os longos cabelos, colocou o tipo de capacete estranho e volumoso.
– Ele disse para pressionar o botão aqui. – disse Jack indicando o botão. – Então o sistema faria tudo sozinho.
– O que devo fazer, devo pressioná-lo? – perguntou Elisa, hesitando.
– Vá em frente, o que você acha que vai acontecer?
A arqueóloga apertou o botão e, talvez exagerando um pouco demais as palavras, disse:
– Sim? Está alguém aí?
Ela esperou, mas não recebeu uma resposta. Ela esperou um pouco mais e tentou novamente.
– Sim. Olá... Petri, estás aí? Não consigo ouvir nada.
Elisa esperou mais alguns segundos, depois abriu os braços e encolheu os ombros.
– Pressiona o botão novamente. – sugeriu o Coronel.
Eles tentaram repetir esse processo várias vezes, mas o sistema de comunicação só conseguiu dar a eles um farfalhar desprezível.
– Nada. Talvez alguma coisa realmente tenha acontecido com eles. – sussurrou Elisa enquanto tirava o H^COM da cabeça.
– Ou talvez eles ainda não tenham chegado ao alcance da ação do instrumento.
O Coronel não havia terminado a sua última frase quando um barulho estranho lá fora chamou a sua atenção.
– Jack, olha. – exclamou Elisa maravilhada ao olhar para fora da tenda. – As esferas ... Eles estão a ser reativadas.
Com o coração na boca, os dois correram lá para fora e, para a sua surpresa, viram a pirâmide de aterragem virtual que tomava forma novamente. Os seus amigos estavam de regresso.
– Vê lá que eles não explodiram. – disse Jack muito animado.
– Talvez eles tenham esquecido alguma coisa.
– O importante é que eles estão bem. Vamos tentar manter a calma. Em breve descobriremos o que realmente aconteceu.
O procedimento de aterragem prosseguiu sem problemas e, em pouco tempo, as grandes figuras dos dois extraterrestres apareceram na plataforma descendente.
– Olá pessoal. – gritou Petri, acenando com a mão grande acima da cabeça.
– O que diabos estás a fazer aqui de novo? – perguntou Jack, quando os dois extraterrestres estavam ao nível do solo levados pela estrutura em movimento.
– Estávamos a sentir a vossa falta. – respondeu Petri pulando aquele tipo de elevador, mesmo antes de tocar o chão, imediatamente seguido pelo seu companheiro de viagem.
– Nós estávamos preocupados. – disse Elisa finalmente tranquilizada. – Nós testemunhámos um estranho evento que ocorreu na Lua há pouco tempo e nós temíamos seriamente que algo terrível tivesse acontecido com vocês.
– Infelizmente, minha querida, algo terrível realmente aconteceu. – disse Azakis com um ar desamparado.
– Aí está, eu sabia. – exclamou Elisa. – Uma vozinha dentro de mim continuava a dizer-me isso. E o que aconteceu?
– Tudo aconteceu de repente.
– Então, vais contar? Vá lá, não nos deixes em dificuldades. Apenas conta tudo agora.
– A nossa nave espacial não existe mais. – anunciou Azakis com um só fôlego.
Os dois terrestres olharam um para o outro por um momento, absolutamente atordoados. Então Jack falou, dizendo:
– Estás a brincar? O que "não existe mais" quer dizer mesmo?
– Isso significa que, agora, a maior parte do Theos poderia caber facilmente na ponta do teu dedo indicador.
– E o que aconteceu? E o resto dos tripulantes, onde estão? Eles estão todos bem?
– Sim, eles estão bem, obrigado. Agora, eles estão nos outros três vaivéns e muito em breve eles estarão aqui também. Se não te importares, vamos criar uma estrutura de emergência por aqui e tentaremos organizar-nos de alguma forma.
– Mas, claro, isso não é um problema. – disse Jack. – Nós daremos toda a ajuda que pudermos. Nem precisas perguntar.
– Então. – exclamou Elisa, que não conseguia mais conter a sua curiosidade. – Vais dizer ou não o que diabos aconteceu lá em cima?
– É uma longa história. – disse Azakis, sentando-se num balde de lata virado para cima. – Coloquem-se à vontade.

Após cerca de dez minutos, o extraterrestre contou-lhes a história toda. Da perda do sistema do controlo remoto até a tentativa de desativá-lo. Da imprudência de ter desistido da sua recuperação, até a repentina reativação do instrumento que então causou o lançamento do processo de autodestruição.
– Mas isso é chocante. – disse Elisa, horrorizada. – Quem pode ter causado um desastre como esse?
– Provavelmente – disse Azakis – alguém deve ter encontrado aquele estranho objeto e começou a estudar as suas características. Então, eles devem ter encontrado algumas informações entre todos os dados que baixamos nos seus servidores e, de alguma forma, conseguiram ativá-los novamente, causando o resultado que agora conhecemos.
– Oh, por amor de Deus! – exclamou o Coronel chateado. – Parece uma história tão absurda ... E, sabendo do perigo de um dispositivo como esse, você não fez nada para recuperá-lo?
– Foi minha culpa. – disse Petri, juntando-se à discussão. – Eu pensei que eu tinha desativado completamente e que nenhum terrestre, mesmo que alguém encontrasse, seria capaz de reativá-lo.
– E ainda assim, aconteceu. – disse Jack. – Tens alguma ideia de onde foi perdido?
– Honestamente, pensamos que o tínhamos perdido ao recuperar o cristal Zénio, mas, provavelmente, deve ter acabado noutro lugar, que estava muito mais cheio. Não havia ninguém lá em baixo.
– Zak, eu tive uma ideia. – disse Petri de pé. – Eu acho que se eu trabalhasse um pouco, eu poderia ser capaz de voltar atrás e descobrir o momento em que o controlo remoto foi retirado do teu cinto.
– Não é tão importante agora, mas devo admitir que também estou um pouco curioso sobre isso.
– Ótimo. Então, primeiro que tudo, vamos tentar informar os Anciães sobre a nossa situação e assim que nos organizarmos um pouco, vou tentar recuperar essas informações.
– Elisa. – disse Azakis. – Infelizmente, o único H^COM que tivemos foi destruído com o Theos. Gentilmente emprestas-nos a que deixamos aqui antes de descolarmos?
– Queres dizer o capacete? Claro que sim. Eu vou buscar imediatamente.
– Infelizmente, a situação é séria. – sussurrou Azakis virando-se para o Coronel, assim que Elisa se afastou o suficiente para estar fora do alcance da voz. – Mesmo que consigamos contatar os Anciães, as chances de voltarmos ao nosso planeta são praticamente nulas agora.
– Mas eles não podem mandar alguém buscá-lo? Zaneki também não tem uma nave como a tua?
– Infelizmente, os motores instalados nessa nave são consideravelmente menos poderosos do que os que temos na nossa. É por isso que ele teve de sair quase imediatamente após a passagem de Kodon. Se ele não tivesse, ele não teria conseguido mais alcançar Nibiru, porque estava a afastar-se rapidamente. Nós pudemos ficar aqui por muito mais tempo precisamente em virtude dos nossos motores experimentais. Infelizmente, o Theos era a única nave da nossa frota com esse tipo de motor. A produção e instalação de mais dois novos como esse poderia levar muito tempo. Muito do nosso tempo.
– Você quer dizer que você pode ter de ficar aqui até a próxima passagem de Nibiru?
– Aqui está. – disse Elisa ao vir a correr de volta para eles.
– Infelizmente, sim, Jack. – disse Azakis com um sussurro, enquanto se levantava para pegar o capacete de H^COM que a arqueóloga estava a segurar para ele.
– Obrigado, Elisa. – disse o extraterrestre ao colocá-lo. – Vamos ver se funciona.
– Na verdade, tentamos nós mesmos, mas não conseguimos conversar com ninguém.
– Esse é o trabalho do meu amigo. – comentou Azakis olhando para Petri. – Nada que ele faz alguma vez funciona.
– Simpático como sempre. – disse Petri com um ar sério. – Vou me lembrar disso quando me pedires para consertar a sua casa-de-banho.
– Oh sim. – exclamou Elisa sorrindo. – Eu lembro-me muito bem de como as suas casa-de-banho funcionam. Uma experiência verdadeiramente inesquecível!
Todos os quatro começaram a dar gargalhadas ao final das quais Petri tirou o capacete das mãos de Azakis e disse:
– Espere, sua ingrata coisa velha. Primeiro, preciso alterar uma configuração. O sistema foi programado para nos ligar na pobre e velha Theos e não acho que alguém vá responder de lá agora.
O extraterrestre mexeu um pouco com os controlos do portátil, então, quando ficou satisfeito com o seu trabalho, passou de volta para o seu companheiro dizendo:
– Tenta agora. Espero que a minha memória não tenha me traído, e eu tenha sido capaz de configurá-lo para conectá-lo à pessoa certa.
Azakis não duvidou da memória do seu amigo nem por um momento e colocou o capacete. Ele apertou o botão de partida e esperou pacientemente. Quase um minuto se passou antes que a imagem tridimensional da face óssea da sua linha direta para os Anciães fosse projetada diretamente na retina dos seus olhos cansados.
– Azakis, que bom ver-te. – disse o seu contato de cabelos brancos, erguendo o braço direito em saudação. – De onde nos está a contactar? A sua foto parece um pouco estranha e bastante distorcida.
– É uma longa história. – respondeu o extraterrestre. – Estou a usar um dispositivo improvisado para comunicação de longa distância.
– Mas não estás na tua nave? Não me digas que ainda não te foste embora. Sabes que o teu limite de tempo para nos alcançar está quase a acabar agora, não é?
– É deste assunto que queria falar-vos. – Ele fez uma breve pausa para tentar encontrar as palavras mais apropriadas e depois continuou dizendo:
– Houve um contratempo ... A nossa nave espacial desapareceu.
– Desapareceu? Como assim?
– Explodiu. O sistema de autodestruição foi ativado, e nós apenas conseguimos sair em segurança a tempo, antes que tudo explodisse em milhares de pedaços.
– Mas só se poderia ativar esse procedimento com o seu sistema de controlo remoto pessoal. Como algo assim poderia acontecer? – perguntou o Ancião atordoado.
– Digamos que houve uma série de eventos específicos e eu devo ter ficado distraído e perdido isso.
– E outra pessoa encontrou e ativou-o?
– Ainda não conseguimos determinar o que realmente aconteceu, mas essa é uma possibilidade distinta.
– E agora? Como planeias voltar para aqui?
– É exatamente por isso que estamos a contatá-lo. Nós poderíamos ter uma boa e solução para este pequeno problema.
– Pequeno? – respondeu o Ancião saltando com uma agilidade surpreendente. – Percebes o que estás a dizer? O teu tempo já está quase no seu limite máximo. Já deverias ter saído e está a dizer-me que o Theos não existe mais e estás praticamente preso na Terra. O que é que podemos fazer agora?
– Bem, eu realmente não sei. Vocês são os Anciães. Estamos confiantes que, com a sua experiência e a sua infinita sabedoria, nos poderá ajudar a sair desta infeliz situação.
O velho sentou-se novamente, deixando-se cair pesadamente na sua macia cadeira cinza, depois apoiou os cotovelos na mesa à sua frente e pôs as mãos nos longos cabelos brancos, permanecendo em completo silêncio. Ele permaneceu imóvel por alguns segundos, depois ergueu o olhar novamente e disse:
– Vou tentar convocar o Conselho com urgência e colocarei todos os nossos melhores Peritos a trabalhar. Espero poder dar boas notícias muito em breve. – e ele terminou a comunicação.

Pasadena, Califórnia – O cromo
– É tudo? – exclamou o sujeito grande e decididamente acima do peso ideal, enquanto observava o estranho aparelho que o jovem cromo segurava na mão. – Não me vais dizer que nos fizeste esperar mais de um mês só para nos mostrar essa coisa a piscar.
– Posso garantir que está a funcionar. – respondeu o menino aterrorizado. – De facto, acho que já fez o que foi projetado para fazer.
– Sim, mas vais dizer o quê? – gritou o mais alto e magro enquanto se levantava. – Agora eu estou realmente a perder a minha paciência.
No porão, cheio de equipamentos, monitores e computadores de todos os tipos, iluminado por uma luz fraca que se refletia nas paredes gastas, o rosto emaciado do jovem parecia ainda mais pálido do que realmente era.
– Ouça lá, se não nos disser para que serve isso, eu juro que vou fazer-te engolir isso inteiro. – exclamou o gordo agarrando o cromo pela nuca.
– Mas eu disse. – respondeu o jovem cada vez mais assustado. – É um sistema para ativar um procedimento remotamente.
– Mas qual procedimento? O que é? – continuou o grandalhão, sacudindo o garoto como se estivesse misturando Margaritas.
– Eu não tenho certeza. – tentou o jovem responder. – Mas acho que ativamos algo muito particular e perigoso, dados os sistemas de proteção que eu tive de ignorar.
– Explica-te. – disse o gordo ainda continuando a sacudi-lo.
– Se me deixar, eu vou mostrar.
– Ok. Mas espero que seja convincente, ou então a maior parte de você que será encontrada só será visível sob um microscópio.
O jovem ajeitou a camisa, reajustou o cabelo comprido que não via champô há algum tempo e dirigiu-se a uma estação de trabalho com dois teclados e uma série de computadores meio desmontados. Ele rapidamente digitou vários comandos incompreensíveis e, depois de alguns segundos, uma imagem tridimensional do objeto estranho que lentamente girava sobre si mesmo, apareceu em uma tela gigante que pendia do teto.
– Este é o nosso misterioso controlo remoto.
– Ah, agora tornou-se um controlo remoto?
– Bem, considerando a sua função, acho que podemos chamar isso com segurança.
– Continua. – disse o homem magro enquanto se acomodava numa cadeira surrada para observar melhor o grande monitor.
– Bem, o principal problema foi como reativá-lo. Eu me esforcei bastante porque, muito provavelmente, não só tinha sido desligado, mas o dono não queria que ninguém voltasse a ligá-lo novamente.
– Vê, não foram as baterias que tinham acabado, seu idiota. – exclamou o gordo, virando-se para o seu companheiro.
– Não, não há baterias lá dentro. – continuou o cromo. – Eu acho que funciona com uma fonte de energia externa, uma espécie de fluxo eletromagnético que consegue capturar e transformar em energia pura.
– Interessante. – comentou o mais magro. – Mas qual é o seu alcance?
– Em teoria, talvez até centenas de milhares de quilómetros.
– Caramba. – exclamou o gordo enquanto segurava o estranho objeto na sua mão. – Estás a dizer que esta pequena coisa pode ser capaz de transmitir um sinal daqui para a Lua?
– Eu acho que sim e provavelmente já o fez.
– E o que é que deveria ter transmitido?
– Bem, essa é a parte interessante. – continuou o jovem enquanto ele mostrava uma nova foto no monitor grande. – Estes são os símbolos que apareceram na frente dele depois que ele foi reativado.
– Parece algum tipo de linguagem antiga. – comentou o mais magro. – Tenho a certeza de que já vi isso em algum lugar antes.
– Na verdade, é cuneiforme. Os sumérios usaram vários milhares de anos antes de Cristo.
– E o que isso está a fazer com um instrumento tecnologicamente tão avançado?
– É a língua dos nossos visitantes extraterrestres.
– Estás a dizer que aqueles brutos que nos capturaram falam cuneiforme? – perguntou o grandalhão um pouco surpreso.
– Bem. – o jovem tentou explicar – não é exatamente falar cuneiforme. É uma forma de escrever. Mas acho que essa é a língua deles.
– E conseguiste traduzir?
– Na verdade, para o comando ser enviado, tive de inserir um tipo de senha. Na prática, ao tocar os símbolos na ordem correta, entrei no modo operacional.
– Basicamente, como o sistema que se usa para desbloquear o telefone?
– Mais ou menos, sim. – disse o cromo sorrindo, feliz por os dois rapazes terem finalmente entendido o que ele estava a falar.
– Fizeste um ótimo trabalho. – disse o gordo parecendo satisfeito.
– Sim, mas ainda não entendemos a sua verdadeira função. – respondeu o magrinho um pouco desapontado.
– Eu poderia arriscar um palpite que acho que pode ser bastante realista. – disse o jovem, suavemente.
– Bem, de que está à espera? Fala. – respondeu o gordo, movendo-se a poucos centímetros do nariz.
– Eu acho que é um sistema para ativar o procedimento de autodestruição de uma nave espacial, assim como quem sabe quantas outras funções.
Os dois amigos olharam um para o outro com espanto por um instante, como se alguém tivesse acabado de lhe dar o presente mais maravilhoso do mundo, o maior dos dois exclamou:
– Por favor, diz que os fizemos explodir.
– Muito provavelmente os extraterrestres terão tido tempo suficiente para chegar em segurança, mas o seu meio de transporte pode ter chegado a um final trágico.
– Filho, és um génio. – exclamou o grandalhão. Então ele tirou um cartão de memória USB do bolso e acrescentou:
– Coloca todos os dados que tens nessa coisa e depois cancela tudo. Se descobrirmos que guardaste um único byte...
– Eu sei, eu sei. Fazes picadinho de mim.
– Muito bem. Eu sabia que eras inteligente.
O processo de cópia durou apenas alguns segundos. Então, depois de remover a USB do seu computador, o cromo entregou-o ao grandalhão que rapidamente o tirou das suas mãos. Então, depois de também pegar o objeto estranho e colocá-los no bolso direito da calça, ele disse ao seu parceiro de crime:
– Vamos, meu velho, talvez os nossos sonhos estejam prestes a se tornar realidade.
Eles quase chegaram à saída quando o jovem exclamou: – Ei, não se estão a esquecer de alguma coisa?
– De que estás a falar? – perguntou o mais alto e magro.
– Err ... O resto do meu dinheiro.
– DINHEIRO! – respondeu o gordo. – Dá graças a Deus não quebrarmos o teu pescoço. – e ele bateu com a porta atrás de si.

Constelação de Touro – O planeta Kerion
A quase sessenta e cinco anos-luz da Terra, o gigante vermelho chamado Aldebaran ilumina vagamente um planeta estéril conhecido pelo nome de Kerion. A sua superfície, que atualmente apresenta apenas desertos áridos, paisagens rochosas ressecadas, desfiladeiros profundos e planaltos lisos, nem sempre foi assim. O planeta começou o seu lento declínio há cerca de dez mil anos, quando, por razões ainda desconhecidas, o fluido metálico que constituía o seu núcleo começou lenta, mas inexoravelmente a reduzir a sua velocidade de rotação, causando uma relativa redução progressiva do seu campo magnético.
Atualmente, a atmosfera de Kerion, antes composta principalmente de nitrogénio e cerca de vinte por cento de metano, é virtualmente inexistente. De facto, os raios nocivos da sua estrela, não mais protegidos pelo poderoso campo magnético planetário, gradualmente a dissolveram e a reduziram a cerca de 0,1% do que foi em tempos. Mares de hidrocarbonetos líquidos costumavam ocupar quase metade do planeta. Lagos de metano e incontáveis extensões de água gelada estavam espalhados pela terra acima do nível do mar e a vida florescia luxuriantemente. Mas o evento catastrófico aparentemente marcou o destino de Kerion. Por milénios, os seus habitantes tentaram encontrar uma solução para reiniciar seu núcleo, mas sem sucesso. Desde o início do processo de desaceleração, eles também tentaram aventurar-se em viagens interestelares arriscadas e extremamente longas em busca de um planeta, semelhante ao seu, para o qual pudessem se mover, mas nenhuma dessas missões foi bem-sucedida.
Quando os seus recursos vitais estavam quase no fim, eles se tornaram mais ou menos resignados à sua inevitável extinção quando uma das mentes mais brilhantes do planeta propôs o que para a maioria da população parecia ser uma loucura absoluta: livrar-se de tudo que pudesse "morrer". O Kerian em questão iniciou uma série de experiências que, em poucas décadas, o levaram a extrair o que poderíamos chamar de "alma" dos corpos materiais dos seus semelhantes, liberando-o desse vínculo, até então acreditado ser indissolúvel com o corpo físico. A essência de alguns voluntários foi separada da matéria viva e implantada em novas estruturas totalmente mecânicas. Isso deu origem a uma nova espécie, baseada inteiramente em corpos cibernéticos, mas equipada com a sua própria inteligência e essa essência cósmica chamada alma ou, mais simplesmente, vida.
A separação das almas de todos os habitantes foi concluída em apenas alguns anos, mas, dada a escassez de materiais adequados para a fabricação dos novos corpos cibernéticos, a transferência foi adiante muito devagar. Por isso, decidiu-se organizar a conservação das "essências" em invólucros especialmente dedicados em forma de ovo, de modo a preservá-los da destruição até que seus novos exoesqueletos fossem feitos.
Os primeiros novos seres criados, agora virtualmente imortais, iniciaram uma nova saga de exploração do cosmos, buscando, desta vez, planetas que pudessem fornecer as matérias-primas necessárias para a conclusão do projeto. Dez foram identificados, mesmo a distâncias de várias centenas de anos-luz do seu planeta natal, onde laboratórios reais foram construídos onde os recursos dos planetas foram extraídos e usados no local para a criação de novos corpos. A presença do hélio-3, que, por meio de um complexo sistema de fusão nuclear, garantiria a cada indivíduo a nova estrutura de Kerian, uma fonte praticamente inesgotável de energia, era primordial. Para chegar a todos esses planetas tão distantes, foram criados verdadeiros portais interestelares, através dos quais os recipientes com as almas dos habitantes e os equipamentos necessários foram transferidos para as oficinas de montagem. A criação de cada corpo individual, a implantação de sua alma e sua ativação completa exigiam um procedimento muito longo a cada vez, mas, para eles, o tempo não era mais um problema.
– Recebemos uma mensagem estranha da fábrica /\. – anunciou o encarregado das transmissões de Kerian.
– Qual é a mensagem? – perguntou o seu oficial de comando, que respondia pelo nome de Supervisor RTY e cuja forma de corpo se assemelhava muito a uma espécie de aracnídeo de pernas muito longas com um corpo maciço.
– Estranhamente foi interrompido antes da conclusão. Isto é o que nos chegou. – e ele transmitiu o fragmento de comunicação em sub-luz.

Laboratório atacado. Estamos a enviar de volta...

– Estamos a enviar de volta o quê? Atacado por quem?
– Não houve mais nada. Desde então, as comunicações com /\ foram interrompidas.
– Vamos tentar restabelecê-los o mais rápido possível e descobrir o que aconteceu. – ordenou o RTY. – Há mais de dez milhões de almas naquele laboratório à espera para serem transferidas.
– Estou bem ciente disso. – disse o oficial de transmissões. – Mas, de momento, a única coisa que estou a receber é o sinal do cápsula (|) que está a passar pelo túnel de intercomunicação.
– Talvez seja isso que eles estão a enviar de volta para nós.
– Nós vamos descobrir logo. Estará aqui em trezentos e vinte cens.

Tell-el-Mukayyar – A energia das pirâmides
– Lá estão eles, eles estão a vir. – disse Petri, indicando os três vaivéns que estavam a aproximar-se rapidamente do local da escavação.
– Posicionamento padrão. – ordenou Azakis aos pilotos dos veículos através do seu comunicador de mão.
Os dois extraterrestres, junto com Jack e Elisa, permaneceram em silêncio enquanto observavam os vaivéns espaciais que completavam as manobras rápidas e precisas de aterragem.
– Devemos ativar um campo de força em forma de cúpula para criar uma atmosfera mais adequada aos nossos sistemas respiratórios. – sugeriu Petri.
– Eu concordo. – respondeu Azakis. – Eu já estou farto de usar essas malditas coisas. – e ele apontou para os dois pequenos tubos de respiração inseridos nas suas narinas.
– Há muito oxigénio aqui, para nós. Talvez fosse melhor organizar a nossa base de emergência nas montanhas.
– Não. Pelo menos não por enquanto. O campo de força será mais do que suficiente até nos organizarmos um pouco melhor.
– Ok, você é o chefe. – disse Petri, enfatizando a frase com uma espécie de saudação militar como ele tinha visto os soldados terrestres.
– Vaivém dois. Ative a cúpula de contenção. – disse Azakis no seu comunicador.

Começando do topo da nave central e traído apenas por uma leve vibração no ar, uma espécie de véu quase invisível se espalhou rapidamente com um raio de cerca de cem metros, formando um capuz em forma de hemisfério que se estendia do ápice da nave dois da pirâmide virtual para baixo para afundar no solo arenoso do deserto.
– Isso parece um bom trabalho para mim. – disse Petri satisfeito.
– Porque se posicionaram assim? – perguntou Elisa intrigada.
– Como o quê? – respondeu Azakis. – Do que estás a falar?
– O vaivém. As pirâmides que eles formaram estão quase em linha reta e posicionadas com um lado voltado para o sul. Os dois mais externos estão aparentemente alinhados, enquanto o central parece um pouco mais fora do eixo.
– Tens um excelente espírito de observação. – comentou Azakis.
– O facto é que eles me lembram muito de outra coisa.
– O que exatamente? – perguntou o coronel, que subitamente mostrou grande interesse na discussão.
– Já estiveste no Egito?
– Há muito tempo.
– E visitaste o planalto de Gizé?
– Obviamente que sim. – respondeu Jack. Então, batendo na testa, ele exclamou:
– Mas é claro! Eles estão posicionados exatamente como as três maiores pirâmides.
– Quéops, Quéfren e Menkaure. – apontou o médico.
– Eu não sei do que estás a falar. – disse Azakis, perplexo.
– Espera um minuto. – respondeu Elisa. – Eu vou mostrar. – e ela caminhou rapidamente em direção à tenda do laboratório. Ela apareceu em menos de um minuto depois com um livro grande e bem manuseado. Quando ela se aproximou dos outros três, folheou rapidamente as páginas. – Chegamos lá. Olha. – e ela mostrou algo ao extraterrestre.
– Interessante. Quais são elas?
– Deixa-me ver. – disse Petri, deslizando pelo livro grosso nas mãos do seu companheiro. – Ah, sim! Eu vi esse tipo de construção. Elas são como esta. – e apontou para o Zigurate atrás do campo. – Mas eles deviam ter sido construídos por outro povo e numa era diferente.
– Muito bem, Petri. Estás certo, claro. Desde o dia em que eles foram descobertos, os nossos estudiosos foram usando a sua inteligência para entender a razão pela qual eles foram construídos e por que eles foram organizados desta maneira.
– Mas é muito simples. – disse Petri, mostrando um belo sorriso. – Consegues ver essas estrelas lá em cima? – e ele apontou para uma constelação no meio de todas as outras, no espaço deixado pelo sol poente.
– Certamente que sim. Nós chamamos isso de constelação de Orionte. Tem o nome do semideus grego Orionte. – disse Elisa. Então, enquanto traçava o seu perfil com o dedo indicador no ar límpido do deserto, ela acrescentou:
– Se você unir as suas estrelas com uma linha virtual, a cabeça, os ombros, o cinto e os pés de um homem aparecerão. Segundo a mitologia grega, Orionte era um gigante nascido com habilidades sobre-humanas, um poderoso caçador que matava a sua presa com uma marreta de bronze inquebrável. Quando o herói grego morreu, ele foi colocado entre as estrelas pela eternidade.
– As tuas histórias são sempre muito evocativas. – disse Petri extasiado. – No entanto, pelo que os Anciães nos ensinaram, todas as construções deste tipo, e há muitas espalhadas por toda a terra, estão ligadas a nós.
– Vocês, extraterrestres?
– Nós, 'deuses', que descemos do céu para começar a raça humana. – especificou Petri.
– E não terias adivinhado que tinhas uma mão nisso também. – deixou escapar Jack. – Parece que tudo o que fizemos até agora é única e exclusivamente relacionado com vocês.
– Bem, pensando nisso. – comentou Elisa. – Devo dizer que ele tem razão.
– Eu só queria dizer – acrescentou Petri calmamente – que os nossos vaivéns são simplesmente posicionados como as três estrelas no cinto de Orionte.
– E assim, o mesmo se aplica às pirâmides do Egito? – perguntou Jack chocado.
– Eu diria que sim.

– Então, as suposições dos nossos cientistas eram verdadeiras. – disse o médico quase num sussurro. Então, ela segurou o queixo entre o polegar e o indicador e acrescentou:
– No entanto, eu ainda não entendi o verdadeiro motivo dessa distribuição.
– Simples, minha querida. – exclamou Petri. – Energia.
– Vais ter de explicar isso corretamente. – respondeu a doutora, endireitando as costas e cruzando os braços.
– Mesmo nós não sabemos muito sobre isso. – Petri apressou-se a esclarecer. – Mas parece que, um objeto em forma de pirâmide é capaz de gerar um tipo de energia positiva que é benéfica para todos os seres vivos que estão próximos a ela. Obviamente, quanto maior o objeto, mais energia ele gera. Então, se é também em conexão com um corpo celeste ou melhor ainda, com uma série deles, tudo é amplificado de uma maneira exponencial.
– Mas de que tipo de energia estamos a falar? – perguntou o arqueólogo.
– Como eu disse, não está claro nem para nós. Muitos dos nossos Peritos estudaram isso, mas ainda não temos dados confiáveis.
– Finalmente, algo que nem você sabe. – disse Jack satisfeito. – Isso é quase um milagre.
– Há muitas coisas que não sabemos, meu amigo. Em escala global, somos apenas um pouco mais evoluídos do que você. Existem tantos mistérios no universo. Não achavas que conhecíamos todos eles?
– Eu confesso, por um momento, que realmente pensei que sim.
– Existem conceitos que nunca iremos entender. Nem a situação anterior, nem a situação presente.
– Mas somos seres inteligentes, imaginativos, curiosos. O que pode nos impedir de entender?
Então Azakis entrou no debate dizendo:
– É apenas uma questão de níveis de perceção.
– Isso eu realmente não entendi. – exclamou Elisa intrigada.
– Embora se possa pensar que os nossos cérebros são quem sabe muito “evoluídos", existem algumas dimensões tão distantes das nossas estruturas de pensamento que não podemos sequer começar a fazer suposições, pelo menos com o nosso conhecimento atual.
– Sinto muito, mas não estou a acompanhar o teu raciocínio.
– Pensa numa célula do teu fígado como exemplo. – continuou Azakis pacientemente. – Imagina a intenção de raciocinar sobre o seu estado, sobre o seu trabalho, sobre as células próximas a ele. Quem sabe quantas vezes terá tentado entender o que está além da realidade que experimenta? Haverá outros grupos de células? Eles serão como eu? Talvez também tenha tentado postular a presença de um deus. Ele também terá tentado entrar em contato com ele seguindo a bondade, ritos complexos, rezando pela sua intercessão na resolução dos seus problemas diários. Mas quem é o seu deus? A sua vesícula biliar? O seu coração? Você? Que perceção uma célula pode ter do seu fígado, de você, do seu deus? Como poderia entrar em contato direto contigo? E se não perceber você, poderia me perceber? E o mar, o céu, o sol, a galáxia ... Isto é o que quero dizer com diferentes níveis de perceção.
– Caramba –, exclamou Elisa, como se tivesse acabado de sair de um estado de transe. – Eu realmente nunca pensei nisso ... Assim, talvez nunca possamos entrar em contato com seres de níveis mais altos ou imaginar o que poderia estar fora da dimensão em que vivemos.
– Isso não é necessariamente verdade. Ao que parece, inclusive graças à energia peculiar sobre a qual estávamos falando, liberada anteriormente por pirâmides, algumas pessoas podem já ser capazes de pular um ou mais níveis. Infelizmente, mesmo o nosso conhecimento neste assunto muito particular, ainda é muito limitado.
– Fascinante. – sussurrou o doutor completamente arrebatado. Então, você também está em busca do seu deus."
– Na verdade, é um tópico que estamos a estudar há muito tempo.
– E, mesmo que você não tenha trabalhado com essa coisa toda, imagine o quanto esperamos ter.
– Muitas vezes as intuições mais importantes aparecem aleatoriamente. – sentenciou Azakis. – As nossas raças são muito semelhantes e tenho certeza de que nós mesmos e você temos as mesmas chances de descobrir como funciona esse misterioso mecanismo, através do qual poderíamos entrar em contato com seres superiores.
Petri apertou as mãos atrás das costas e começou a andar lentamente em círculos. Ele pensou por alguns segundos e depois acrescentou:
– Mas, na verdade, se a célula mencionada antes não fizer o seu trabalho bem, haveria problemas para mim e eu perceberia. Basicamente, esta é também uma forma de contato, não é?
– Tem razão. Todos nós estamos aqui para um propósito muito específico e devemos simplesmente tentar fazer o nosso trabalho o melhor que pudermos. É precisamente por isso que, em Nibiru, desde o momento do nosso nascimento, os nossos Educadores se esforçam para identificar qual é a nossa principal peculiaridade. Cada um de nós tem uma, como eu acho que vocês terrestres também fazem. O maior problema é descobri-lo e depois aproveitá-lo ao máximo. Além de nos dar todo o conhecimento básico, os Educadores fazem exatamente isso. São eles que, depois de analisar cuidadosamente os nossos pontos fortes e fracos, nos direcionam para o grupo que mais se aproxima das nossas aptidões pessoais, como os Artistas, ou os Artesãos, ou os Peritos e assim por diante. Não precisamos fazer nada além de sempre dar o máximo na atividade em que nos destacamos e completar o caminho que foi pensado para nós.
– Ok pessoal. – interveio o coronel. – Que tal esquecermos toda essa conversa filosófica e seriamente tentar resolver o pequeno problema que temos agora?
– Verdade. – adicionou Petri. Na verdade, enquanto vocês “todos cerebrais” estavam a discutir os mistérios do universo, eu fiz o download dos dados no teu gravador pessoal.
– Do que estás a falar? – perguntou Azakis perplexo.
– Para dizer a verdade, também me tinha esquecido. – continuou o Perito. – Mas, antes de sair, eu ativei um sistema de gravação pessoal que teria armazenado todas as ações de todos os membros da tripulação.
– Sim ... sim, eu lembro-me agora. Está a falar sobre essa coisinha que consertaste aqui atrás de mim, não é? – respondeu o capitão, enquanto torcia o torso e tentava apontar um pequeno retângulo preto preso ao cinto cinza claro.
– Precisamente velho amigo. – E você não pode imaginar o quão bem funcionou. Consegui descobrir o que aconteceu com o seu sistema de controlo remoto.
– Ah, a sério? E o que aconteceu com isso?
– Nunca vais adivinhar!

Pasadena, Califórnia – A notícia
– E agora, o que vamos fazer com essa pequena bugiganga? – perguntou o mais magro enquanto subia para o banco do motorista de um novo Chevrolet Corvette vermelho-vivo.
– Estás a falar sobre o carro ou a coisa alienígena? – perguntou o seu camarada gordinho, com grande dificuldade, ao também tentar entrar no carro desportivo muito rápido.
– Eu estava a falar sobre o controlo remoto, embora eu ainda não tenha entendido porque decidiste comprar um carro como este, já que não consegues nem entrar nele.
– Eu diria que também estás com um pouco de dificuldade, meu querido poste de luz alto e fino.
– Precisamente. Não poderíamos ter algo um pouco mais confortável para nós os dois?
– Quando colocares o pé no acelerador desta fera, a razão ficará clara imediatamente. – Depois de bater a porta um pouco violentamente, ele acrescentou:
– Vamos lá, vamos embora.
– Ir onde?
– Vamos voltar à base. Eu quero analisar os dados que o nosso amigo cromo nos deu com cuidado e descobrir todos os segredos deste pequeno conjunto de peças alienígena.
– Agora não me vais dizer, sabes mais do que ele. O rapaz parecia muito conhecedor.
– Eu tenho de dizer que o rapaz fez um excelente trabalho, mas também fiz a minha pesquisa.
– Do que estás a falar? – perguntou o mais magro, perplexo.

– O que achas que eu tenho feito todas as noites no último mês, na frente do computador, enquanto ressonavas como um urso em hibernação?
– A visitar sítios pornográficos?
– Onde é que eu te encontrei? Eu tenho-me perguntado isso ultimamente tanta vez, sabes?
– Foi o destino que nos uniu. – respondeu o indivíduo magro enquanto pisava no acelerador, e o Corvette saltava para frente e deixava duas marcas negras de pneu na estrada.
– Ei, reduz a velocidade. – gritou o mais gordo, quando ele foi atirado para trás contra o assento por causa da aceleração repentina. – É melhor não o destruir imediatamente. Eu paguei apenas as duas primeiras prestações.
–Uau! – exclamou o mais magro. – Isto parece um míssil. Esta pequena joia é uma verdadeira fera.
– Eu sabia que ias gostar. Mas agora, tenta não atropelar aquela velhinha. – disse o grandalhão, indicando uma frágil senhora que atravessava lentamente a estrada. – Vamos tentar deixá-la aproveitar um pouco mais a sua pensão.
–Não se preocupe, meu amigo. Você está em boas mãos. – respondeu o sujeito ao volante enquanto, com uma manobra abrupta, ele não acertou por pouco na velhinha.
– Sim, certo. – exclamou o grandalhão. – Quase arrancaste as roupas das costas dela. – Então ele virou-se e viu a velha que, sacudindo a bolsa, gritava todo o tipo de blasfémias para ele, e acrescentou:
– Outra série de insultos como esse e serás tu quem não vai apreciar a tua pensão. – e ele explodiu com uma gargalhada.
– Deixa lá isso. Eu não sou supersticioso.
– Mas devias ser. E se ela praticar vudu? Podes começar a pular como um grilo, enquanto a velha coloca o alfinete no bonequinho que te representa.
– Vais parar com toda essa carrada de asneiras e dizer o que vamos fazer com essa coisa?
– Ok, ok. Não te preocupes. Eu estava apenas a brincar, não? – O mais corpulento colocou o objeto alienígena na palma da mão esquerda dele novamente e disse:
– O cromo pode muito bem conhecer muita gente, mas posso garantir, eu usei fontes para a minha pesquisa que ele certamente não teve a possibilidade e ter acesso.
– Às vezes assustas-me.
– Queres ver uma coisa?
– Bem, depende do quê.
– Nos vários arquivos que tive a oportunidade de consultar sobre essa tecnologia alienígena, descobri que esse pequeno objeto, além de fazer explodir naves espaciais, pode fazer muitas outras coisas que são igualmente interessantes.
– Mas tens a certeza de que realmente funciona? – perguntou o condutor, quando ele fez uma curva a toda velocidade, fazendo com que o passageiro batesse contra a porta.
– Ei, podes ir mais devagar? É tudo o que precisamos, a polícia a perseguir e a prender-nos novamente.
– Eu tive uma ideia. – disse o mais magro. – Liga o rádio.
– Achas que esta é a hora de começar a ouvir canções?
– Não, claro que não, seu idiota. Coloca um canal de notícias.
Embora um pouco duvidoso, o gordo decidiu não fazer mais perguntas e, depois de ligar o rádio, começou a percorrer as várias estações até encontrar uma que transmitia notícias do mundo.
– Depois de invadir o banco central, os quatro criminosos com rostos mascarados, segurando armas e pistolas automáticos, ordenaram que os funcionários enchessem os sacos com dinheiro. Toda a operação durou pouco menos de cinco minutos. Quando a polícia chegou, os ladrões já haviam fugido. Pontos de verificação foram configurados em todas as rotas para a cidade.
– O que nos interessam essas coisas? – perguntou o gordo, mais perplexo do que nunca.
– Paciência, meu amigo, paciência.
– E agora vamos voltar ao nosso noticiário. Parece haver algumas atualizações interessantes. Vamos até ao nosso correspondente em Washington, Fred Salomon.
– Obrigado Lisa. Estou na sala de conferências da Casa Branca, onde o Presidente acaba de chegar e está prestes a divulgar uma declaração oficial. Vamos ouvi-lo ao vivo.
Seguiram-se alguns momentos de silêncio e, em seguida, a voz inconfundível do Presidente dos Estados Unidos da América passou pelos poderosos alto-falantes do Corvette.
– Senhoras e senhores, em primeiro lugar obrigado por se juntarem a nós hoje. Infelizmente, as notícias que acabei de receber não são nada tranquilizadoras. Parece que o relâmpago incomum, visto quase há uma hora na Lua, foi de fato causado por uma enorme explosão e que de fato envolveu a nave espacial dos nossos amigos extraterrestres. Nós ainda não sabemos se eles conseguiram escapar. Um novo anúncio será divulgado assim que tivermos mais novidades a esse respeito. Obrigado.
– Oh, pelo amor de Deus. – exclamou o gordo chocado. –Então, nós realmente fizemos a nave explodir.
– Não estás satisfeito? Quando estávamos com o cromo, parecia ser a coisa mais importante do mundo para ti.
– Sim, com certeza. Mas agora, no fundo, sinto um pouco de pena.
– Inacreditável. Eu nunca teria pensado que havia um coração sob toda essa gordura.
– Oh, pára com toda essa porcaria. – disse o grandalhão com um ar contrito. – Carrega no acelerador e vamos voltar para a base.

Planeta Kerion - A trágica descoberta
– A cápsula (|) acabou de sair do túnel de intercomunicação. – anunciou o pequenino Kerian encarregado de coordenar as manobras. – Ele atingirá o ponto de ancoragem em 0,1 cens.
– Quero trazê-lo imediatamente para verificar o seu conteúdo e analisar os dados memorizados. – ordenou o supervisor RTY ao seu subordinado.
O estranho objeto em forma de ovo, a quase sessenta e cinco anos-luz de distância, havia sido intercetado por um tipo de campo de contenção que o arrancou da órbita do planeta e rapidamente o arrastou para baixo, na direção de uma grande abertura na imenso estrutura metálica, que se estendia por quase duzentos quilómetros quadrados ao longo do equador de Kerion.
– Cápsula (|) quase em posição. – disse o coordenador.
– Apresse-se e traga-o aqui. – gritou RTY. – Nós absolutamente precisamos de descobrir o que aconteceu em /\.
Assim que o invólucro chegou ao ponto de encaixe, foi imediatamente levado em custódia por dois Kerians com formas decididamente incomuns. Um era muito semelhante a um tipo de reboque sem rodas, enquanto o outro era mais comparável a um enorme caranguejo com seis garras. O caranguejo pegou gentilmente o recipiente e depositou-o dentro do reboque Kerian que, depois de receber a confirmação de que tinha sido carregado com sucesso, sem um único som, partiu a uma velocidade incrível na direção dos laboratórios.
– A cápsula (|) chegou. – exclamou o coordenador. – Equipa de inspeção, realizar uma análise completa do conteúdo.
Quatro Kerians, também com uma forma um pouco bizarra, correram para o objeto e, depois de imergi-lo numa pequena área de ancoragem contendo uma solução à base de amoníaco, começaram a digitalizá-lo internamente. Apenas alguns minutos se passaram quando o menor Kerian dos quatro anunciou:
– Novecentas e noventa almas presentes, todas em perfeitas condições. Estou a enviar a descrição dos eventos registados pela cápsula para o sistema central.
– No monitor. – ordenou RTY perentoriamente.
As imagens mostravam a superfície da Lua a afastar-se rapidamente enquanto um objeto grande e perfeitamente esférico se aproximava da área do laboratório subterrâneo. Depois de alguns instantes, um clarão ofuscante quase saturou a filmagem e, imediatamente depois, não havia nada. Toda a área era como se tivesse sido atingida por um martelo gigante. As imagens mostravam apenas uma enorme área plana do solo lunar, incrivelmente lisa e polida. A gravação continuou por alguns instantes mostrando o satélite cada vez mais distante, e então foi interrompido.
– O laboratório. – exclamou RTY espantado. – Foi completamente destruído.
– Não há mais nada. – comentou amargamente o coordenador. – A gravação termina aqui.
– Este é um ataque descarado e deliberado ao nosso posto avançado. Eu sabia que não devíamos ter confiado naquela espécie alienígena.
– Acha que a arma esférica foi construída por eles?
– Existem apenas dois planetas habitados no sistema solar e há seres dessa espécie em ambos. Nós não deveríamos ter estabelecido nossa base lá.
– É uma tragédia terrível. – disse tristemente o coordenador de Kerian. – Havia quase dez milhões de almas no laboratório prontas para serem transferidas. Apenas os novecentos e noventa que conseguiram escapar do desastre através da cápsula (|) foram salvos.
– Eu ainda não consigo acreditar. – exclamou RTY com surpresa. – Devemos notificar imediatamente o Supremo TYK.

Tell-el-Mukayyar – A filmagem
Enquanto isso, Petri e os seus outros três amigos tinham-se mudado para a tenda de laboratório da Dr. Hunter.
– Agora estou realmente curioso. – disse Azakis nervosamente. – Eu realmente quero ver o que não funcionou no seu sistema de atracagem.
– Não, meu querido amigo. Vais ver que as coisas são um pouco diferentes. – respondeu Petri quando ele fez um holograma tridimensional aparecer, a cerca de meio metro do chão.
–Essa coisa que fazes sempre me surpreende. – exclamou Jack enquanto observava as imagens que estavam se formavam no meio da tenda.
–Agora vou recuar um pouco. – disse Petri enquanto se ocupava com um instrumento estranho e as cenas eram reproduzidas ao contrário. – Este é o momento em que levamos o General Campbell, o senador Preston e aqueles dois personagens engraçados que nos atacaram quando estávamos tentando recuperar a carga, de volta à Área 51.
– Sim, sim. Eu lembro-me disso muito bem. – comentou Azakis.
– Agora eu vou mostrar uma coisa. – e o holograma mostrou o gordo a aproximar-se de Azakis ameaçadoramente, e de seguida, deu-lhe um leve empurrão com o ombro.
– Ele achou que me poderia assustar. – disse o capitão alienígena. – Ele não me moveu nem um milímetro. Mas o que isso tem a ver com a perda do controlo remoto?
– Espera aí. – Deixe-me apenas ampliar este detalhe ... O que estás a ver é a mão do homem gordo como, com grande habilidade, a tirar o dispositivo do cinto.
– Incrível. – exclamou o Coronel. – Uma manobra digna dos melhores carteiristas que andam pelo subsolo.
– Com a desculpa de lhe dar um empurrão, ele aproveitou a oportunidade para roubar o teu controlo remoto. – acrescentou Elisa. – É uma velha técnica que os carteiristas entregam de geração em geração.
– Ele roubou-me? – perguntou Azakis espantado.
– Precisamente, meu velho. – confirmou Petri.
– E como ele reativou e executou o comando de autodestruição? Tinhas mesmo desativado o controlo completamente se não estou enganado?
– Sim, Zak. O dispositivo foi desativado. Provavelmente, depois que eles foram libertados, ele e seu companheiro devem ter começado a procurar entre as inúmeras informações que deixamos os terrestres e descobrimos o caminho para contornar o sistema de bloqueio.
– Esses dois destruíram a nossa nave espacial e nos impediram de voltar para casa. – disse Azakis, mais furioso do que jamais estivera antes. – Quando eu puser as minhas mãos neles, vou fazer com que eles peçam desculpas por terem vindo para este mundo, eu prometo.
– Acalma-te, meu amigo. O que está feito, feito está. Nós não podemos mais fazer nada. Em vez disso, o que devemos fazer, é encontrar esses dois delinquentes e recuperar o que eles os roubaram antes que eles também descubram as suas outras funções.
– Porquê, o que faz mais? – perguntou Elisa intrigada.
– Não importa, por enquanto. É melhor que não saibas.
– Caramba, tantos segredos. – respondeu a doutora um pouco chateada.
– Certamente, se eles conseguiram descobrir como ativar a autodestruição, eles também podem descobrir o resto. –disse Azakis preocupado.
– Mas você não deveria estar a pensar numa maneira de voltar para casa primeiro? – perguntou o Coronel. – Isso não me parece um assunto tão urgente.
– Estás certo, Jack, mas essa coisa, nas mãos erradas, pode ser muito perigosa.
– E essas são definitivamente as mãos erradas. – acrescentou Elisa.
– Pode haver uma maneira. – disse Petri quase num sussurro.
– Bem? Fala! Eu tenho de ficar de joelhos e implorar? – exclamou Azakis irritado.
– Esse dispositivo está equipado com um sistema especial de fornecimento de energia. Se ainda estivéssemos na Theos, eu poderia criar um dispositivo capaz de identificar o rastro de emissões que ele deixa para trás.
– E acabaste de te lembrar disso? – disse Azakis decididamente zangado. – Não poderias ter feito isso assim que descobrimos que desapareceu?
– Sinto muito, mas este sistema de busca só funciona se o objeto está em movimento e nós tomamos como certo que você o deixou cair em algum lugar.
– Agora, acalmem-se, garotos. – disse o Coronel, reforçando as suas palavras com gestos da sua mão. – De qualquer forma, pelo que entendi, você não pode fazer nada sem o Theos, certo?
– Bem, talvez eu possa organizar alguma coisa, mesmo assim. – disse Petri coçando a cabeça.
– Perdoe a explosão, meu amigo. – disse o Capitão, contrito. – Eu sei que não é culpa tua. Este é realmente um mau momento para nós os dois. Então, colocando a mão no seu ombro, ele acrescentou:
– Vê o que podes fazer. Eu acho que é muito importante recuperar esse objeto o mais rápido possível.
– Não te preocupes. Não é um problema. Vou tentar pensar em algo, me contentando com as poucas coisas que nos restam.
– Apenas tu podes fazer isso. Estamos nas suas mãos.
– Vou sair. – e, sem dizer mais nada, o Perito deixou a tenda do laboratório deixando apenas algumas pequenas nuvens de poeira.
– Ele vai conseguir fazer isso? – perguntou Jack hesitante.
– É claro. Eu não tenho dúvida alguma. Petri tem habilidades incríveis. Mais de uma vez eu o vi a fazer coisas que nem mesmo uma equipa dos melhores Artesãos poderia fazer. Ele é uma pessoa excecional. Desculpa-me, eu fui um pouco rude com ele. Eu sou incrivelmente apaixonado por ele e eu de bom grado dou a minha vida por ele a qualquer momento.
– Não te preocupes, Zak. – disse Elisa com uma voz muito doce. – Ele está bem ciente disso. É um momento difícil, mas vamos passar por ele sem problemas. Eu não tenho dúvidas algumas.
– Obrigado, Elisa. Eu realmente espero que sim com todo o meu coração.

Pasadena, Califórnia – O esconderijo
Assim que ele abriu a porta, o homem decididamente acima do seu peso ideal foi atingido por uma agradável rajada de ar fresco. O ar-condicionado da sala, deixado a funcionar desde a noite anterior, tinha feito um excelente trabalho.
– Isto é maravilhoso. – exclamou. – Eu já não aguentava mais aquele calor sufocante.
– Talvez se decidisses fazer uma dieta séria e te livrasses de toda a gordura que tens, o calor não te incomodaria tanto.
– Porque estás sempre tão negativo sobre as minhas reservas de gordura?
– Chama-as de “reservas”, sim. Poderias passar um mês inteiro sem comer com segurança. – exclamou o sujeito magro, soltando uma gargalhada logo de seguida.
–Vou fingir que não ouvi isso.

A decoração do pequeno apartamento que os dois estavam a usar como base era decididamente espartana. Na sala principal havia apenas uma mesa de madeira simples, de cor clara, com quatro cadeiras da mesma cor e um pesado sofá cinza escuro com assentos e braços gastos. No canto perto da janela francesa, que dava para um pátio interno sombrio, um pote de plástico castanho continha os restos de uma pequena Washingtonia filifera que, apesar da sua grande resistência a climas secos, tinha morrido várias semanas antes devido à falta de água. A pequena casa-de-banho também mostrava sinais evidentes de negligência. Vários azulejos tinham caído e grandes manchas escuras no teto descolorido eram evidência de infiltração de água não reparada. Dois quartos decrépitos, cada um com uma cama de solteiro e uma mesa de cabeceira barata, junto com uma cozinha pequena com um armário de pelo menos vinte anos, completavam o mobiliário daquele apartamento que não era nada agradável.
– Bem, uma coisa é certa, em termos de gosto na escolha dos nossos esconderijos, és realmente ótimo, hein? – comentou o mais alto e magro.
– Porquê? O que há de errado com este lugar?
– É um monte de lixo. Isso é o que está errado. Aqui estamos sempre a falar de ganhar muito dinheiro, mas, no final, sempre acabamos nesses malditos caixotes de lixo.
– Oh, estás sempre a reclamar. – respondeu o maior. – Vamos tentar concluir este acordo, e então verás, nós seremos capazes de nos estabelecer de uma vez por todas.
– Se assim o dizes. Eu não estou tão convencido assim.
– Vem, dá-me o computador e eu mostro-te uma coisa.
O mais magro tirou uma bolsa preta com uma alça de ombro de trás do sofá e pegou num caderno cinza escuro. Ele olhou para ele por um momento, e em seguida, passou-o para o seu companheiro que o colocou sobre a mesa e o ligou. Os dois ficaram parados por um tempo, olhando para o monitor enquanto o sistema completava o procedimento de inicialização, até que, a certa altura, o mais magro deixou escapar:
– Não aguento mais essas coisas. Passo horas a observar barras de progresso, ampulhetas a rodar, atualizações diversas ... Porque eles não podem simplesmente fazer um computador que funcione como uma televisão? Pressionas o botão e liga-se.
– Sim, isso realmente seria ótimo. Em vez disso, o que eu mais odeio é quando acabas de usá-lo e queres desligá-lo para ir para casa, ele apresenta uma pequena mensagem que diz "Não desligue o computador. Instalando a atualização 1 de 325 ... " e tens de esperar meia hora enquanto faz o que quer. Quero dizer, não poderia apenas fazer as suas atualizações estúpidas mais cedo? Tem mesmo realmente que esperar que eu esteja pronto para sair?
– Hum, isso é mesmo IT. Os programadores que projetam esses sistemas provavelmente gostam de nos ver, os pobres mortais, à medida que nos tornamos mais e mais irritados quando confrontados com as suas "criações".
– Estás a dizer que eles fazem isso de propósito?
– Se achas que atualmente, só para escrever uma carta, precisamos de um computador com um poder de processamento biliões de vezes maior do que as missões Apollo usadas para enviar um homem à Lua, acho que algo deve ter dado errado no progresso tecnológico.
– Bem, tu é que és o especialista. – comentou o mais magro. – Com certeza, eles fazem com que percamos muito tempo, mas não poderíamos ir à casa-de-banho sem esses aparelhos agora.
– Vamos apenas deixar este assunto assim, é melhor. Em vez disso, olha para o que eu descobri durante as minhas noites sem dormir.
O homem com excesso de peso colocou no monitor uma série de imagens que ele devia ter tirado de algum arquivo que não era exatamente público. Ele passou por alguns, então ele disse:
– Aqui estamos nós. Eu acho que o que estás a ver é uma série de combinações de caracteres cuneiformes, que são capazes de ativar funções adicionais neste pequeno dispositivo.
– E onde conseguiste isso? – perguntou o homem magro com espanto.
– Se eu te dissesse, então teria de te matar. – respondeu o grandalhão com um ar muito sério.
Por um momento, o homem alto e magro permaneceu como que paralisado, depois percebeu que o seu companheiro obviamente fizera uma brincadeira e, depois de lhe dar uma pancada, exclamou:
– Que idiota. Vem, deixa-me ver essa descoberta inefável.
– Espera, primeiro deixa-me ver o que o cromo nos deu. – e ele ativou a memória USB que eles tinham extorquido do cromo no PC. Ele rapidamente examinou uma série de arquivos, ocasionalmente abrindo um aleatoriamente, até que a sua atenção se focou numa imagem que ele já tinha visto.
– Olha para isto. – exclamou ele.
– O que foi?
– É uma sequência de caracteres que eu conheço.
– Eu não percebo.
– És realmente um idiota. Esta é a combinação que ativou o comando de autodestruição da nave espacial e tenho certeza de que já a vi na minha pesquisa pessoal.
Para evitar ser reprovado novamente, o mais magrinho apenas resmungou alguma coisa.
– Aqui está. – disse o grandalhão novamente, mostrando a mesma série de imagens que eles estavam a ver antes, mas destacando um deles com o rato. – É isto aqui.
– Sim, e daí?
– Então, se esta sequência já funcionou, então os outros indicados aqui provavelmente também estão ativos.
– O teu raciocínio faz sentido.
– Que tal tentar um?
– Mas não será perigoso? Eu acho que já fizemos danos suficientes.
– És apenas um cobarde. – disse o grandalhão. – Na pior das hipóteses, vamos simplesmente explodir mais uma das suas malditas naves espaciais.
– E se nós nos explodirmos em vez disso? Nós não sabemos nada sobre isso.
– Vamos, vamos tentar. – exclamou o gordo, com a expressão de um garotinho prestes a soltar um fogo de artifício sob a espreguiçadeira do seu avô enquanto ele está a dormir feliz da vida.
– Vai em frente. Eu vou me esconder atrás disto.
– Cheio de coragem, não é? Não te preocupes, eu vou fazer isso, seu medroso.
Então, depois de esperar que o seu companheiro se escondesse no quarto adjacente, o grandalhão respirou fundo e, usando o dedo indicador grosso, traçou a primeira sequência mostrada no monitor na superfície do objeto. Imediatamente depois, ele atirou o aparelho no sofá e atirou-se para o chão com as mãos acima da cabeça. Ele esperou vários segundos sem se mexer, mas nada aconteceu. Ele ficou lá um pouco mais deitado no chão e só depois de ter estabelecido definitivamente que não parecia haver nenhum perigo iminente, ele levantou a cabeça ligeiramente. O controlo remoto ainda estava no assento do sofá e não parecia estar a funcionar.
– Então? O que aconteceu? – perguntou o seu companheiro, espiando cautelosamente ao redor da porta semifechada.
– Absolutamente nada.
– Talvez tenhas cometido um erro ao digitar a sequência?
– Acho que não. Acho que fiz tudo corretamente. – disse o grandalhão, que, com muito cuidado, se levantou e aproximou-se do objeto alienígena novamente.
– Vai em frente, tenta novamente. Eu ficarei aqui.
– Obrigado pela ajuda. O que eu faria sem ti?
Desta vez, o gordo decidiu que não iria se atirar no chão novamente e compôs a sequência simplesmente sentado na cadeira. Ele repetiu a operação várias vezes, mas não parecia haver nenhuma reação do objeto.
– Absolutamente nada. – acrescentou o grandalhão.
– Talvez estejamos a destruir todas as suas naves espaciais. – comentou o sujeito alto e magro, enquanto espiava a porta novamente.
– Não digas asneiras. O cromo disse que essa coisa só tem um alcance de algumas centenas de milhares de quilómetros. Quem sabe onde Nibiru está até agora. Em vez disso, eu simplesmente acho que essa sequência não é operacional.
– Então, vamos tentar outra, não?
– Vamos tentar outra? Eu diria que é só eu a fazer todas as tentativas.
– Oh, não sejas picuinhas. Afinal, quem é o mais tecnologicamente avançado entre nós os dois?
– Ok, ok. Vou tentar a segunda agora.
O grandalhão passou os dez minutos seguintes a compor quase todas as combinações exibidas no monitor do computador, uma após a outra, mas nada de estranho aconteceu.
Enquanto isso, como a situação parecia nada perigosa, até mesmo o seu companheiro se juntou a ele, e eles estavam a fazer conjeturas e suposições de todos os tipos juntos.
– Talvez as imagens estejam erradas. – disse o mais magro até um certo ponto.
– Não. Os caracteres cuneiformes no controlo remoto estão na mesma ordem que os do monitor.
– Então as tuas incríveis 'fontes' devem ter secado.
– Isso não é possível. Tem de mudar. Eu tenho 100% de certeza disso.
– Há apenas dois para tentar. Se eles não funcionarem também, nós vamos jogar essa coisa no lixo e tomar uma boa bebida.
O grandalhão bufou e, sem acrescentar nada, compôs a penúltima sequência, sem muita convicção. Assim que tocou no último símbolo, sentiu um ligeiro estremecimento e, um instante depois, uma espécie de brilho não natural foi libertado da frente do aparelho. Houve um leve ruído de rachadela e uma nova janela perfeitamente circular, de cerca de meio metro de diâmetro, aberta na parede em branco à sua frente.
– Que diabos ... – exclamou o mais magro de olhos arregalados.
– Pelo amor de Deus… – acrescentou o seu amigo igualmente espantado.
Com as pernas ainda a tremer de medo, levantaram-se e cautelosamente se aproximaram do buraco na parede. Foi o mais alto que, tendo enfiado a cabeça dentro da abertura, exclamou:
– Isto é incrível! A parede foi-se, e até fizemos um buraco naquele grande cartaz de publicidade para carros ali. Deve ser pelo menos cem metros daqui!

Planeta Kerion – O Supremo TYK
– Supremo TYK. – anunciou RTY no sistema de comunicação interna da estrutura equatorial do planeta. – Infelizmente, sou o portador de notícias terríveis.
– RTY, meu amigo de confiança. Não tenhas medo, nada pode perturbar a minha serenidade e a do nosso povo.

O Supremo TYK foi, na verdade, o maior e mais antigo exoesqueleto de todos os Kerion onde, milhares de anos antes, a alma daquele que havia governado o planeta no período pré-máquina tinha sido transferida. Com o tempo, a sua estrutura física se tornara imensa. A sua extensão atual se aproximou de dois quilómetros quadrados com uma altura que, em alguns pontos, ultrapassava quinhentos metros. O TYK era um aglomerado tecnológico multiuso com as peculiaridades e a eficiência de um milhão de fábricas japonesas, todas unidas.

– Receio que, desta vez, o que aconteceu é verdadeiramente atroz. – continuou o Kerion no comando.
– Fala, o que aconteceu?
– O Laboratório /\ foi atacado e destruído. Dez milhões de almas foram aniquiladas. Apenas novecentos e noventa lançados através da cápsula (|), alguns instantes antes da explosão, foram salvos.
– Explosão? Do que estás para aí a falar? Quem foi? – A voz de TYK, sempre calma e relaxada, assumira agora um tom decididamente muito alterado.
– Podes ver o que foi gravado pela cápsula quando ela se afastou do satélite, diretamente no sistema central, referência |^|.
TYK permaneceu em silêncio por um longo tempo enquanto repetidamente observava as imagens capturadas pela cápsula, então ele desligou a vista e disse:
– Aquela bomba esférica foi projetada por aquela raça alienígena que habita o planeta azul chamado |o|.
– Ou pelos habitantes do outro planeta que pertence ao mesmo sistema solar. – acrescentou o responsável.
– Foi um ataque trazido sem piedade por aquela espécie primitiva na nossa raça. Milhões dos nossos irmãos foram aniquilados antes que pudessem se transferir. Porquê?
– Nós sempre pensamos que esses seres não representam um perigo para nós, mesmo se eu sempre me opus à criação de /\ no seu satélite.
– O que é esse outro planeta de que você falou?
– Nós chamamos isso | o |. É muito parecido com |o|. Mas a sua órbita é consideravelmente maior. Ele realiza uma revolução completa em torno do sol a cada 3600 revoluções de |o| e os seus habitantes são de origem muito semelhante. De facto, de acordo com estudos realizados há algum tempo, parece que os habitantes de |o| geneticamente modificadas certas espécies que viviam em |o| para torná-los semelhantes a eles.
– Então, podemos dizer que eles pertencem à mesma raça e são ainda mais evoluídos?
– Sim, eu diria. – respondeu o supervisor. – Também gostaria de acrescentar que, neste período, | o | intercetou a órbita de |o| passando muito perto dela.
– Portanto, os habitantes dos dois planetas aproveitaram esta oportunidade para formar uma aliança e atacar a nossa estrutura. E não pode ser de outro modo. O que eu ainda não entendo é o porquê.
– Eles provavelmente queriam explorar os recursos do satélite |o|. Eles devem ter descoberto a nossa instalação e decidido se livrar dela sem muita cerimónia. Eles sempre foram uma raça muito agressiva e propensa à violência. Eu já tinha declarado repetidamente os meus temores sobre a instalação do \ \ naquele sistema solar.
– Eu sei. Tenho acesso a todas as informações que temos. – lembrou TYK. – Mas esse satélite foi um dos poucos que, após décadas de explorações, tinha as características que precisávamos. Nós não poderíamos fazer o contrário. Nós não temos tempo.
– Mas agora pagamos as consequências. Dez milhões de almas foram varridas num instante.
– Não tenha medo, RTY. A nossa vingança será imediata e terrível.
– O que pretende fazer, Supremo TYK?
– Eu quero que todo o sistema solar seja eliminado. Eles devem pagar caro pela sua ação brutal. Nós vamos destruir essa raça do mal para sempre. Sem piedade.

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O Escritor Danilo Clementoni

Danilo Clementoni

Тип: электронная книга

Жанр: Современная зарубежная литература

Язык: на португальском языке

Издательство: TEKTIME S.R.L.S. UNIPERSONALE

Дата публикации: 16.04.2024

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О книге: VOLUME 3/3 E se nós não fossemos nada mais do que personagens de um grande romance intitulado ”A Humanidade”? Neste terceiro episódio da série ”As aventuras de Azakis and Petri” os nossos dois adoráveis habitantes de Nibiru enfrentam uma terrível ameaça do espaço profundo. Novamente, no entanto, a sua força e incrível tecnologia podem não ser suficientes. E se a ajuda viesse de uma fonte totalmente inesperada? Reviravoltas, revelações e reinterpretações de eventos e incidentes históricos manterão o leitor preso ansiosamente até a última linha deste romance.

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