Cherry Pie
George Saoulidis
Hector formou seu time e é agora o orgulhoso proprietário de duas atletas Cyberpink. Ele ainda não tem ideia do que fazer e como avançar, e os inimigos que ele já fez estão tentando tirá-lo do jogo antes mesmo de ele chegar à linha de partida. Cherry se acostuma à sua nova casa, e o passado de Pickle volta para atormentá-la. Irá o time recém-formado conseguir vencer sua primeira partida? Conseguirá Pickle manter seu segredo? Descubra no segundo livro desta emocionante história onde a popularidade é soberana e o sangue corre cor-de-rosa. Blood Runs Pink Rollerball encontra GLOW na confusão sangrenta desta história esportiva. Hector formou seu time e é agora o orgulhoso proprietário de duas atletas Cyberpink. Ele ainda não tem ideia do que fazer e como avançar, e os inimigos que ele já fez estão tentando tirá-lo do jogo antes mesmo de ele chegar à linha de partida. Cherry se acostuma à sua nova casa, e o passado de Pickle volta para atormentá-la. Irá o time recém-formado conseguir vencer sua primeira partida? Conseguirá Pickle manter seu segredo? Descubra no segundo livro desta emocionante história onde a popularidade é soberana e o sangue corre cor-de-rosa. Este é o livro 2 da série Cyberpink. Encontre mais histórias e curiosidades em https://cyberpinktournament.com AVISO: ”Cherry Pie” contém conteúdo explícito, uso de drogas, pouca inibição, xingamentos em vários idiomas, ortografia britânica, o 'politicamente correto' europeu, uma tonelada de coisas medidas no sistema métrico, sangue cor-de-rosa, sangue vermelho, sangue seco, adoração a deuses corporativos inventados, referências a partes do corpo masculino e feminino, bebida, abuso, assassinato por esporte, assassinato de aluguel, tentativa de homicídio, fanboys lascivos diretamente do 4chan, poliamoria, gangsterismo, servidão por dívida (o tipo de escravidão não-sexual), transumanismo, citações imprecisas do Doctor Who, personagens LGBT, diversidade, sonhos e esperanças destruídos, consumo de picles em grandes quantidades, consumo de ouzo (bebida grega a base de anis) em grandes quantidades, coisas mal nomeadas, cenas de banheiro (Hitchcock ficaria orgulhoso) e a história de um herói que está apenas tentando fazer a coisa certa enquanto reclama disso.
Contents
Title Page (#uc04f8ca3-3c30-5fb6-ab09-cab0d38b46fd)
Copyright (#ua920a0a4-bac5-5cc1-9925-7039a5bea618)
GOTA UM (#ud0506c76-f0d5-5fe9-b6c3-98bebfb196ae)
GOTA DOIS (#u7d2e5ba4-b118-535b-bc89-20ec02f64efc)
GOTA TRÊS (#udde8f91f-1266-5111-a9d7-280bd2772632)
GOTA QUATRO (#ub976d32c-f160-5b95-afb5-9a6663d135ed)
GOTA CINCO (#u290979ef-01ec-5b85-8949-017cd619f363)
GOTA SEIS (#ud8f1f22d-d055-5ba6-97ad-00d944918c75)
GOTA SETE (#u72f864db-a995-5a5c-8e75-ad4d9cd3df76)
GOTA OITO (#ued91f5fa-d9a7-52ab-b47b-a111bc9ffe03)
GOTA NOVE (#u26dc85af-2725-5b85-946f-cb01e7c17b30)
GOTA DEZ (#u46ee1f31-457c-577d-aa0d-f10dcfc2c68f)
GOTA ONZE (#ud0ab292b-6406-5c25-86a4-d8d5c74f1711)
GOTA DOZE (#uf67aecbd-26f4-55ac-8e99-45221c9399bb)
GOTA TREZE (#u22d30564-4e11-5213-a1cb-0f4a446ba036)
GOTA QUATORZE (#ub84d4137-5636-532a-b620-fdc79a12ff00)
GOTA QUINZE (#u00d35471-e1f7-5d6f-a578-8599f2e59755)
GOTA DEZESSEIS (#litres_trial_promo)
GOTA DEZESSETE (#litres_trial_promo)
GOTA DEZOITO (#litres_trial_promo)
GOTA DEZENOVE (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E UM (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E DOIS (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E TRÊS (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E QUATRO (#litres_trial_promo)
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GOTA VINTE E SEIS (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E SETE (#litres_trial_promo)
GOTA VINTE E OITO (#litres_trial_promo)
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GOTA TRINTA (#litres_trial_promo)
GOTA TRINTA E UM (#litres_trial_promo)
GOTA TRINTA E DOIS (#litres_trial_promo)
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GOTA TRINTA E CINCO (#litres_trial_promo)
GOTA TRINTA E SEIS (#litres_trial_promo)
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GOTA TRINTA E OITO (#litres_trial_promo)
GOTA TRINTA E NOVE (#litres_trial_promo)
GOTA QUARENTA (#litres_trial_promo)
GOTA QUARENTA E UM (#litres_trial_promo)
GOTA QUARENTA E DOIS (#litres_trial_promo)
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GOTA CINQUENTA E NOVE (#litres_trial_promo)
GOTA SESSENTA (#litres_trial_promo)
Fim (#litres_trial_promo)
Cherry Pie
Ver 3.5.3
George Saoulidis
Translator Aida Carvalho
Copyright © 2018 George Saoulidis
Published by Tektime
All rights reserved.
GOTA UM
Cherry puxou sua mala de viagem atrás de si e ficou do outro lado da rua de sua nova casa. Na fachada, lia-se 'HPP'. Era apenas a vitrine de uma loja com um apartamento anexo no topo. Ela torceu o nariz, pensou por um segundo e, em seguida, sentou-se em sua mala de viagem. Ela pegou seu tablet de desenho e começou a desenhar a vista.
A loja de armaduras ficava no meio, flanqueada por outro negócio que personalizava carros blindados. Do lado direito, uma loja de botas. Nada mais, apenas botas. Botas Kinky, botas de couro, botas de couro sintético em cores vibrantes. Cherry desenhou tudo: Os clientes que passavam, conversando entre si ou com alguém no véu, olhando as vitrines das lojas. As silhuetas dos donos dentro, pouco visíveis devido ao sol forte. Os carros estacionados na rua, os postes de luz, o grafite nas paredes.
Esta não era uma parte boa da cidade. A apenas algumas ruas da Avenida Syggrou, a rua sem saída onde os sonhos vão para morrer. Ainda assim, pareceu bom para Cherry.
Qualquer coisa pareceria boa em comparação com o que ela tinha antes.
Satisfeita com o enquadramento, ela salvou a imagem e limpou a tela do tablet, começando de novo em um detalhe. Hector estava em sua vitrine, colocando uma armadura em um de seus manequins. Ele não a tinha notado, e estava focado em seu trabalho, mãos experientes colocando as várias peças na pessoa inanimada e ajustando-as bem, como deveriam ser.
Cherry desenhou tudo. Sua expressão concentrada, seu cabelo escuro, seus olhos.
Alguém o chamou dos fundos e ele gritou alguma coisa em resposta. Cherry rapidamente copiou o esboço e mudou para outro painel, desenhando sua expressão irritada quando ele inclinou a cabeça para trás, seus olhos ainda em sua tarefa.
Patty apareceu, e Cherry copiou e mudou para um novo painel para incluí-la na cena. Ela desenhou-a rapidamente de memória, forte, modificada, mandona. Hector acenou com a mão, parecendo irritado. Ela o corrigiu sobre alguma coisa, inclinando-se para reposicionar a armadura para que ela recebesse mais luz. Ele disse algo de volta, ela levantou as sobrancelhas. Ele assentiu, aparentemente concordando com ela, de má vontade. Patty se afastou, dizendo algo que Cherry não conseguiu ouvir. Hector fez uma careta e foi vestir seus outros manequins.
Cherry capturou toda a discussão em um quadrinho improvisado. Ela passou por tudo, consertando algumas linhas grosseiras, dando pequenos retoques aqui e alí, adicionando um pouco de detalhes nas mãos onde era necessário. As mãos eram as coisas mais difíceis de desenhar, ela havia praticado muito, mas parecia que nunca seria suficiente.
Satisfeita com sua história em quadrinhos, ela deu uma olhada mais uma vez. Ela imaginou o que os balões de fala diriam e os adicionou. Ela conhecia Patty, mas mal conhecia Hector, então ela usou sua imaginação. Coçando a cabeça e pensando nisso por um minuto, ela deu um passo para trás em seu raciocínio. Bem, a discussão deles parecia a de um casal de longa data. Então, ela os fez falar como um.
"Eu não lhe disse para colocá-los sob a luz? Como os clientes os verão? Os comprarão?"
"Não me diga o que fazer com a minha loja!"
"Eu não diria, se alguém viesse aqui para comprar alguma coisa."
"*Resmungar*, *resmungar*."
"O que você disse?"
"Nada, Patty."
"Bom. Bem, agora parece ok. Eu vou estar limpando os carpetes no andar de cima."
Rindo sozinha, Cherry olhou para cima. Hector estava na parte de trás e ela não podia mais vê-lo, não desse ângulo.
Como ela deveria entrar ali? "Oi, eu sou a Cherry, eu moro aqui agora, eu acho?" E então ela deixaria sua bolsa em um canto?
Tão estúpida.
Essa coisa toda era estúpida. Este transeunte era estúpido. Sim, você, deixe-a em paz. Ela pensou que estaria lá fora, realizando seu sonho agora, desenhando junto com os grandes. Ou, pelo menos, ela teria seu próprio webcomic. Mas o cronograma de treinos do Cyberpink era insano, e as lesões não a deixavam desenhar tanto quanto ela queria. Claro, ela era rápida, mas bloquear com seus antebraços significava que suas mãos mal podiam funcionar depois, que dirá desenhar.
Ela puxou os dados do véu para HPP. Era o mesmo tipo de negócio, rebatizado quando Hector o herdou de seu pai. A mesma coisa por, tipo, cinquenta anos. Cinquenta anos. Cherry não conseguia nem imaginar um período de tempo tão longo. Poderia muito bem ser um século.
Hector deu uma volta na loja, procurando por algo nas várias prateleiras. Hector, seu novo dono. O homem que, para todos os efeitos, tinha poder de vida e morte sobre ela. Ele poderia rastreá-la, ele poderia eletrocutá-la, ele poderia meter a mão em seu salário, ele poderia vendê-la.
Mas ele não parecia muito interessado em fazer nada disso.
Qualquer outro dono a teria rastreado no minuto seguinte à compra, provavelmente dando-lhe um choque só para fazê-la se apressar. Hector apenas ligou e a convidou. Convidou. Educadamente.
Quem, porra, era esse cara?
E Patty? Ela o adorava. Ela nunca, jamais, iria admití-lo para ele, mas era tããão óbvio. Ela não parava de falar nele quando elas conversavam. Hector faz isso e Hector faz aquilo.
Cherry levantou-se e bafejou dentro da mão, verificando seu hálito. Ela precisava de uma bala de hortelã ou algo assim. Por que ela estava nervosa assim? Não era como se ela não tivesse conhecido o cara, e ela também tinha uma amiga lá. Não, não era preocupação. Ela só não queria criar esperanças. Ela estava certa de que assim que ela atravessasse aquelas portas, elas trancariam atrás dela e o monstro emergiria. A besta rastejante que habita cada pessoa que detém o poder sobre as outras.
Ela sabia disso. Isso aconteceria. Ela estava certa disso. Poderia correr tudo bem por alguns dias, até mesmo por alguns meses. Mas a besta emergiria. Patty estava errada. Nenhum homem estava imune a isso.
Se preparando para o pior, ela puxou sua mala de viagem atrás de si e caminhou em direção a sua nova casa.
Então ela amarelou, parou e se afastou.
GOTA DOIS
Estava ficando tarde. A campainha tocou e Hector foi atender.
"É a Cherry? Diga a ela que estou esperando há séculos," disse Pickle, gritando do quarto.
Hector voltou carregando uma caixa. Era um cooler de uma marca local de refrigerantes, a Loux. "Não, não era ela. Um entregador deixou isso e..." ele leu o ORA anexado. "Oh, é para você, na verdade." Ele deslizou a caixa por sobre a mesa em direção a ela.
Pickle se animou. "Para mim? Ooh! O que é?" Ela abriu o cooler e encontrou um tesouro dentro. "Oh, pelas tetas de Athena, isso é tão incrível!" Ela abriu um shaker e segurou-o.
Hector se inclinou sobre o cooler, fazendo uma careta. "O que é isso?"
"É Pickle Juice Slushies! Eu nunca tinha nem pensado nisso! É engenhoso. Aqui, experimente!" ela apontou o canudo para ele.
Ele levantou a palma da mão. "Eww, não, obrigado. Pode ficar com a minha parte."
Então ela notou a cor. "Ugh, eu tenho um mau pressentimento sobre isso."
"O quê?"
"É verde amarelado."
"E ai? É corante artificial, de qualquer maneira."
"Não, não, veja, é uma cor muito diluída para ser uma conserva de picles adequada."
Hector pareceu divertido e resignado. "O que é uma conserva de picles apropriada?"
Ela deu de ombros, os olhos para o lado. "Hm, algo como um intenso verde floresta. Você sabe, parecido com picles."
Hector não pareceu impressionado. Ele falou com a língua no céu da boca. "Uhum. Tanto faz. Você vai experimentar?"
O slushie estava gelado, a condensação se acumulando por todo o shaker. Ela colocou os lábios no canudo e deu um gole. "Yup, é doce. Não é tão bom."
"Como deveria ser?"
Pickle fez uma pose de 'você está brincando comigo,'. "Azedo, claro."
"Claro."
Ela lambeu os lábios, provando ao redor. "Tem um gosto no final que fica agarrado na boca. Esta bebida não é feita para os amantes de picles."
"Sério? Droga. Jogue fora então." Ele pegou o cooler.
"Cacete, não!" ela reclamou, afastando-o.
Ele riu. "Ok. Então, o que eles querem?" Ele girou o ORA e leu em voz alta. "Cara Patricia Georgiou, ficaríamos honrados se você e seu dono experimentassem nosso novo sabor Slushie e concordassem em serem patrocinados por nós. Nós anexamos os termos do contrato proposto, mas realmente queremos trabalhar com você, então, por favor, nos responda com quaisquer dúvidas que você possa ter e faremos o nosso melhor para saná-las."
Os olhos de Pickle se arregalaram. "Isso significa... Isso significa que eu..."
Hector deu um largo sorriso e assentiu. "Que você acabou de conseguir um patrocínio!"
Pickle soltou uma gargalhada de alegria e depois engoliu em seco. Ela levantou um dedo cibernético. "Não diga."
Hector se apoiou na parede e ergueu os ombros, parecendo totalmente presunçoso. "Eu só iria dizer-"
"Não diga isso!" Pickle agarrou o cooler em um abraço apertado e correu em direção ao seu quarto.
"Sério, tudo o que eu ia dizer era-"
"Não, porra, diga isso!" ela gritou do quarto.
"Eu te disse!" Hector gritou, obviamente sentindo-se cheio de si.
Ela chutou a porta, fechando-a.
"Um 'Obrigada, Hector,' seria legal, você sabe. Uma vez que eu te disse!" ele gritou.
Pickle mordeu a língua para não responder.
Ela podia ouvir os passos dele chegando até a porta. Ele falou através dela, sua voz vindo abafada. "Vamos rejeitar o patrocínio então?"
"Somos feitos de dinheiro, por acaso? Claro que não." ela zombou. "Abra logo a porta."
Hector espiou dentro. "Eu concordo, obviamente," disse ele. "Então o que vamos fazer? Você não pode endossar um produto de que não gosta."
"Calma. Eu vou até o escritório deles e digo o que eles precisam consertar. Vai ser incrível!"
"Ouch, já estou com pena deles," Hector estremeceu, depois fechou a porta e saiu.
Pickle se arrastou em sua cama e segurou o pacote de gelo cor de mijo em seus braços. Ela tomou outro gole. Mmm, não. Ainda é muito doce. Sim, ela definitivamente iria consertar este produto.
GOTA TRÊS
Hector sabia qual seria seu voto, ele podia ver em seu olho brilhante. O outro era modificado, então não era realmente tão expressivo para começo de conversa. Ele realmente não sabia como os patrocínios funcionavam, então ele enviou uma pergunta para Tony e ele respondeu com as instruções. Era muito fácil, praticamente um contrato blockchain como qualquer outro. Ele o releu algumas vezes com o script de linguagem simplificada de Tony e achou tudo certo. Nenhum adendo oculto, nenhuma brecha estranha que ele pudesse ver. Esses caras pareciam realmente querer esse acordo. Ele disse, "Foda-se,", tomou um gole de ouzo e aceitou.
Ele esperou alguns minutos pelas confirmações e depois checou as estatísticas de Pickle:
Mil euros a mais a cada mês, caindo assim, fácil, na conta dela. Ele definitivamente poderia trabalhar com isso. Especialmente com todos os custos ocultos de possuir uma equipe. Era uma loucura, eles precisavam de merda que ele nem tinha pensado. Logotipos, sites, serviços de streaming, gerenciadores de mídias sociais, e ele estava contratualmente obrigado a fornecê-los ao torneio Cyberpink. Tarados precisam de um buraco de fechadura para espiar, claro. Você tinha que torná-lo grande o suficiente e pesquisável on-line em menus suspensos ordenados em lascívia decrescente. Felizmente, Tony estava muito ansioso para resolver tudo para ele. Ele praticamente se tornou indispensável, Hector nem sabia onde o site da equipe estava hospedado, quanto mais ir e trabalhar nele. Bem, o homem pode ser insuportável às vezes, mas ele era um mago com computadores. E ele estava babando em todo o seu teclado desde que começou a estar em torno de atletas Cyberpink durante todo o dia. Hector decidiu deixar o homem ter suas fantasias. Ele atrasaria alguns pagamentos por agora, mas pagaria ao homem sua parte justa. Ele estava fazendo coisas que Hector nem havia pensado. Ele havia vinculado feeds de notícias e automações que Hector nem entendia. Todos os fanboys lascivos seriam notificados naquele segundo sobre a atualização do patrocínio, eles logo fariam seus pedidos online. Línguas de fanboys cor de picles, isso era uma coisa engraçada de se imaginar.
Hector sacudiu a cabeça. Um mundo estranho para viver, isso era certo.
Ele se levantou, olhou pela janela, para a rua iluminada. As pessoas ainda estavam andando, apesar das lojas estarem fechadas a essa hora. É claro que o comércio não parava apenas porque as horas de funcionamento sugeridas pelo governo haviam acabado. Hector avistou o traficante habitual na esquina, apenas uma criança, mal devia ter seus 17 anos de idade. E, aparentemente, havia uma jovem conversando com ele, prestes a conseguir algo. Ela tinha cabelo curto e uma aparência legal e estava arrastando uma bolsa de viagem atrás.
Porra, Cherry!
Hector desceu as escadas correndo, foi para fora e atravessou a rua. "Hey, Mike," ele disse casualmente.
"Hey, Sr. Troy. Que houve?" o jovem confuso disse, seus olhos se movendo ao redor. Ambos sabiam que Hector não era um cliente habitual.
"Oh, está tudo bem. Oh, hey, Cherry, não te notei aí." Hector se apoiou no poste de luz da rua.
Cherry fez uma careta para ele. "Se você veio aqui para me impedir-"
Hector levantou a mão. "Deixe-me realmente pará-la aí mesmo. Eu não me importo realmente. Mas eu sei que esse jovem empreendedor aqui acaba vendendo lixo para as pessoas que são novas no bairro." Ele se virou lentamente para Mike, encontrando seu olhar.
Ele estava apavorado. "Sr. Troy, eu nunca faria isso! De verdade." Ele pegou o pó de volta da mão de Cherry e trocou-o por outro. Virando-se para ela, ele disse, "Da próxima vez, comece citando o fato de que você é conhecida do Sr. Troy, ok, amor?"
Cherry cruzou os braços e olhou para o lado. "Tanto faz."
"Tudo feito aqui? Vamos lá para cima, Patty está esperando por você o dia todo, ela estava preocupada com você."
Cherry seguiu-o por alguns passos e depois plantou os pés na calçada. "O que você vai fazer, me dar um sermão? Tirá-lo de mim?"
Hector se virou para ela e colocou as palmas das mãos no ar. "Você tem, o quê, vinte e dois anos de idade? Isso significa que você é uma adulta. E não, para ser honesto, eu preferiria que você não usasse drogas na minha casa. Mas se a alternativa é você sair na rua e cheirar em algum beco, então, por favor, entre. Sério, Patty tem andado de um lado para o outro o dia todo, ela está me enlouquecendo."
Ele partiu e Cherry ainda ficou lá.
"Eu estou indo para dentro, a porta está aberta para quando você se decidir," disse Hector em voz alta, indo embora.
Uma careta depois e ele ouviu a mala de viagem deslizar pela rua em direção a ele.
GOTA QUATRO
"Cherry!" Pickle exclamou e lhe abraçou, não, espremeu bem apertado.
"Oi. Estou aqui. Yay," Cherry disse com um sorriso forçado.
"Finalmente! Eu fiquei preocupada, você não respondeu as minhas mensagens. Deixa pra lá, deixa eu te mostrar tudo. Esta é a casa, e esse é..."
Pickle falou sem parar sobre o lugar, parecendo atordoada. Cherry não queria azedar seu humor, mas ela simplesmente não estava se sentindo animada. Claro, ela confiava na amiga e estava certa de que isso não era algum tipo de armadilha, mas ela já havia se iludido muitas vezes antes. Ela não pôde deixar de esperar que algo acontecesse.
"Esta é a cozinha, é praticamente a nossa sala de reuniões. Este é o ouzo de Hector, tem um bom estoque disso, se você aguentar. Este armário é minha despensa de picles, você pode pegar o quanto quiser." Ela pegou um frasco inteiro de picles.
"Puxa, obrigada..." Cherry riu.
"E este é o nosso quarto. Nós vamos dormir juntas esta noite e iremos buscar uma cama para você de manhã cedo, tudo bem?"
Cherry encolheu os ombros e deixou sua mala num canto. Pickle estava agitada, apontando as coisas para a esquerda e para a direita. "Este é o banheiro, podemos usar o de cima. Hector deixou apenas para nós. E este é o depósito, nunca toque em nada aqui dentro, é tudo empoeirado, de qualquer forma. Este é o quarto de Hector e agora vamos descer as escadas." A três passos do fim da escada, ela sentou-se e sussurrou o resto. "Este ponto é o melhor para dar uma espiada em Hector, enquanto ele trabalha, sem incomodá-lo. É uma bela vista enquanto se come um lanche." Pickle mordeu um picles e observou.
Hector estava realmente sem camisa, suando por cima da sua forja. Era uma forja de alta tecnologia, construída para trabalhos de precisão, que podia até mesmo fazer peças de naves espaciais, mas ainda assim era quente pra caralho. Uma chaminé feita de metamateriais à base de grafeno levava o calor para longe e para fora. Ele estava fazendo peças para suas armaduras, fazendo trabalhos pesados em um momento, batendo no metal com martelos e derramando ligas fundidas em moldes, e no momento seguinte ele fazia um delicado bordado, misturando o material macio ao resistente em uma fusão perfeita.
Cherry observou também, e distraidamente aceitou um picles do pote e o mastigou. Hector parecia Hefesto, trabalhando em sua forja. Mas em vez do baixo e atarracado CEO Olímpico, este era alto, magro, com músculos construídos pelo trabalho, nada parecido com o tipo fisiculturista inchado. As garotas observavam enquanto os músculos se definiam e contraíam, direcionando cada golpe do martelo no local exato em que ele estava mirando. Cherry podia ver que não havia excessos, nem golpes errados, nem desperdício de material. Era como assistir a um pintor pousar cada pincelada no ângulo e posicionamento precisos para terminar com uma obra-prima. Um pintor com um martelo e músculos definidos e brilhantes, cabelos escuros e uma barba curta, e o roçar de um peito peludo que terminava em uma linha de pelos ainda mais escuros na parte inferior da barriga, e desciam para dentro de suas calças... Depois de um longo momento, ela sussurrou, "Eu ia realmente tirar sarro de você no começo, mas posso definitivamente ver o motivo."
As duas mastigaram mais picles, apreciando a vista em silêncio.
"Esqueci de pegar alguns absorvente, você pode me emprestar algum?" Cherry disse, se despindo em seu quarto.
Pickle sorriu e apontou para o armário. "Abra aquela porta."
Cherry o fez e, assim que abriu, uma pilha de absorventes e O.B.s e todo tipo de produto de cuidados menstruais caiu no chão em torno de seus pés. Ela gritou, "O quê?! Você planejou isso, não é? Haha. Muito engraçada, muito madura você. O que é tudo isso, afinal?" Ela pegou um pacote da pilha.
Pickle colocou um pijama confortável e abraçou as pernas, perto dela. "Hector não sabia o que pegar para mim, então ele comprou dois de tudo."
Cherry desdenhou. "Aww, que adorável!"
Pickle riu e trouxe um segundo travesseiro.
"Então... vocês dois já... você sabe? Fizeram alguma coisa?" Cherry perguntou, indo em direção ao banheiro.
"Fizemos o quê?"
Cherry parou e imitou um dedo em um buraco, entrando e saindo.
Os olhos de Pickle se arregalaram. "Não! Unh-uh. Nope."
Cherry inclinou a cabeça para o lado. "Sério? Eu pensei o contrário."
"Não!" Pickle gritou. "Por que eu faria isto?" ela protestou, sua voz ficando aguda.
Cherry olhou para ela. "Então... Você não se importa se eu..." ela moveu o dedo ao redor, apontando para alguns lugares.
"Todo seu." Pickle sacudiu a cabeça vigorosamente.
Retornando do banheiro, Cherry encontrou Pickle segurando seu pacote de pó. Havia uma profunda carranca no lado carnudo do rosto dela. Cherry tentou encolher os ombros, "Eu... Uh, não ia usar. Eu não sei o que eu estava pensando, na verdade. Eu estava lá fora, prestes a vir aqui, entrei em pânico."
"Você entrou em pânico e foi comprar drogas?" Pickle disse, suspirando baixinho.
"Sim. Eu pensei que eu estava indo para a mesma situação, só que com um dono diferente. Foi um último ato de desafio, sabe?"
"Na verdade, não," disse Pickle simplesmente, colocando o saco de cocaína de volta na cômoda.
"Isso soa estúpido para mim também agora que eu disse em voz alta. Eu sei que deveria ter confiado em você, você disse que era ótimo aqui, e eu queria acreditar nisso. Eu ainda quero... é só..." Cherry sentou na cama e cobriu o rosto.
Pickle a abraçou. "Eu sei, Caroline. Eu sei."
Sentindo-se segura e amada pela primeira vez em anos, protegida nos braços de uma figura materna, Cherry deixou as lágrimas caírem e soluçou baixinho. Pickle apenas a segurou lá, acariciando o cabelo de Cherry com os dedos, cantarolando suavemente. Beijou-a na testa. "Está segura agora. Não vou deixar nada acontecer com você."
Cherry então soltou tudo, se esganiçando de chorar.
Um pouco depois, as duas se arrastaram para a cama. Uma desajeitada Pickle a abraçou com força: "Eu fico por trás na conchinha."
"Por que você fica por trás?" Cherry reclamou, sem realmente se importar.
"Porque eu sou mais velha," disse Pickle, encerrando a discussão.
Cherry se contorceu. "Ai, garota, seu exoesqueleto está cutucando as minhas costas. Isso é tortura."
"Quando você conseguir sua própria cama, estará livre dessa tortura. Agora cale a boca e se vire."
GOTA CINCO
Na manhã seguinte, encontraram Hector e o seu animal de estimação na cozinha. Pickle mostrou para Cherry onde o café estava. Era um dia bonito e ensolarado, e o céu de Atenas estava limpo por um raro momento. A brisa leve que entrava pelas janelas abertas tornava tudo ainda melhor.
"Bom dia," disse ele, lendo as notícias em seu véu.
Cherry parecia tímida. "Bom dia, Sr. Troy."
Ele bufou. "Apenas Hector está bom." Ele bebeu um pouquinho do quente café turco. O aroma era incrível. "O que você quer no café da manhã? Pickle pode te ajudar."
"Ela irá ajudar, obrigada...", ela olhou para baixo, esfregou o cotovelo. "Hector," acrescentou ela, hesitante.
Hector revirou os olhos. "Sério, apenas relaxe! Você estava sendo uma vlaka ontem? Sim, você estava. Todos nós, incluindo o Armadillo, já deixamos isso pra lá? Sim, já deixamos." Ele coçou a cabeça de Armadillo quando falava. "Sinta-se em casa. Ah, isso me lembra."
Ele enviou um comando de transação no véu. "Aqui está sua mesada, 500 euros, mais 200 para que você possa pegar a cama extra. Pickle, você vai conseguir resolver isso? Eu tenho três pedidos hoje, eu realmente não posso sair com vocês."
"Claro." Pickle sorriu. "Hora das compras! Eu sei que é só uma cama, mas ainda assim..." ela falou baixinho.
Cherry deixou seu queixo cair. Vários segundos se passaram antes que ela finalmente o fechasse. "Desculpe-me, mesada?"
Pickle a agarrou e a virou, então sussurrou em seu ouvido, "Sim, nós temos uma mesada, agora shhhiu."
Cherry ainda estava atordoada. "Desculpe mas, o que você quer dizer com uma mesada, simples assim," ela perguntou, acenando com a mão, ignorando os sussurros de Pickle.
Hector encolheu os ombros. "Para coisas femininas. Bebidas. Roupas. Maquiagem? Eu não sei, sou apenas um homem. Porque você está me perguntando isso?" Ele tornou perfeitamente óbvio o fato de que o assunto estava terminado ao virar de costas. Se ele tivesse um jornal de estilo antigo em suas mãos, ele o abriria e esticaria as páginas agora, era essa sua postura.
Pickle puxou seu braço, mas Cherry ainda não estava convencida. "Você está me dando dinheiro só para gastar. Sem pedir nada em troca."
Ele franziu a testa. "Espero que você treine e forme um time com Pickle, depois jogue jugger. Isso é pedir demais?"
Pickle continuou puxando e, dessa vez, Cherry, com raiva, bateu em seu braço. "Não, o que quero dizer é que você não quer nada antes? Eu geralmente tenho que chupar um p-"
"Blá-blá-blá," Pickle interrompeu e cobriu a boca de Cherry. Então ela trocou as mãos e enfiou uma torrada amanteigada em sua boca. "O café da manhã é a refeição mais importante do dia, especialmente para garotas jovens como você. Mastigue."
"Mugh, mng, nf," disse Cherry, de boca cheia, olhando sua amiga com raiva.
"Estou tão feliz por você amar minha torrada," disse Pickle, parecendo satisfeita. "Vamos terminar o resto no quarto e ver como vamos encaixar os móveis lá, ok? Maravilha." Ela arrastou a jovem pelo braço para o quarto.
"Ficou maluca?" Pickle sussurrou depois de fechar a porta.
Cherry olhou em volta. "Suponho que sim. Eu só... não faz sentido. No meu cérebro." Ela cutucou sua têmpora, os olhos arregalados.
"Sim. Eu percebi." Pickle assentiu furiosamente.
"Ele é de verdade?" Cherry apontou um polegar na direção dele.
"Sim!" Pickle gritou com um sorriso forçado. "E vamos manter assim, está bom?"
Cherry suspirou audivelmente e sentou na cama. "Sinto muito. Estou estragando tudo, não estou?"
"Está tudo bem." Pickle abriu o armário e tirou um top casual e um shorts. "Agora, vamos às compras, sim?"
Cherry se animou. "Eu gostaria de algumas roupas novas! O que você vai pegar para você?"
"Nada. Gasto tudo em picles."
"Qual é!?" Cherry zombou. "Isso não pode ser verdade," ela sorriu.
"Eu sei, eu sou terrível," disse Pickle, esfregando sua barriga. "Eu não posso evitar." Ela se inclinou e sussurrou, "Se eu pudesse voltar no tempo... Eu faria tudo de novo, da mesma maneira."
GOTA SEIS
Hector trabalhou arduamente a manhã inteira e ficou satisfeito com seu progresso na confecção dos pedidos. Não era muito, um era um ajuste, o dono do colete simplesmente ganhara alguns quilos. O outro era uma proteção de tórax típica de um guarda-costas, o mínimo que o seguro cobriria. Hector esperava que o pobre rapaz não se envolvesse em nada sério. E o terceiro pedido, ainda à espera de ser feito, era uma de suas peças de desfile.
Ele percebeu que estas estavam ganhando força no mercado. Ele precisava fazer algo sobre isso. Anotando-o em sua sempre crescente lista de tarefas, bebeu um pouco de café e voltou ao trabalho.
Enquanto suas mãos executavam sua tarefa, sua mente vagava. Ele agora vivia com duas mulheres sob o mesmo teto. Imagine isso. Seus pensamentos se voltaram para os eventos recentes. Esta vida era insana. Ele havia testemunhado em primeira mão um abuso, um abuso sexual e um assassinato em um período de algumas semanas. Ele não era ingênuo, ele sabia que essas coisas estavam acontecendo lá fora. Mas, ver isso sendo comercializado assim...
Era errado.
A Dionysos Entertainment havia criado uma indústria inteira que explorava pessoas para entretenimento. Ele não pôde deixar de lembrar dos gladiadores romanos ao pensar no Torneio Cyberpink, escravos que sangravam pela alegria momentânea das massas. Ele puxou um documentário em seu véu e distraidamente ouviu enquanto trabalhava. O documentário mostrou que os gladiadores estavam lá para ganhar, obter patrocínios, vender azeite de oliva e outros produtos locais, aproveitando a fama fugaz antes de morrer desnecessariamente no ringue, ainda esperando pela liberdade passageira, mesmo no final.
Ele bufou. Isso era exatamente a mesma coisa. Substitua a luta de gladiadores por jugger, homens por mulheres modificadas e sangue vermelho por cor-de-rosa. Faça tudo isso e você terá o Torneio Cyberpink.
Nada nunca muda.
GOTA SETE
Hector ouviu um grito agudo. Ele largou as ferramentas, pegou um martelo e correu para o andar de cima, subindo os degraus de dois em dois. Uma vez lá, ele ouviu um grunhido masculino e encontrou uma Cherry muito confusa e molhada com apenas uma toalha de banho, se escondendo de Tony.
"Porra, ela é mesmo Qwik! Eu nem vi de onde veio", Tony estremeceu de dor, segurando suas bolas.
Hector relaxou e afastou o martelo.
"Ele-ele simplesmente invadiu aqui!" Cherry gaguejou, apontando um dedo para o nerd com excesso de peso.
"É... Desculpe por isso. Ele é, na verdade, um amigo, e não, eu não diria que ele é inofensivo, então mantenha sua guarda quando estiver perto dele. Tony, diga oi para essa moça adorável." Hector abriu as palmas das mãos no gesto habitual de um anfitrião que está apresentando duas pessoas uma à outra. Cherry estava, de fato, fervendo de raiva. Jovem, com seios muito suculentos e alegres que não poderiam ser contidos por uma mera toalha. Pernas longas, rostinho fofo, bunda grande. Hector tinha realmente visto o pacote completo naquele jogo de queimada de dementes nas Pinups. Sim, Cherry era uma garota sexy, não havia como negar. Ele podia entender a luxúria de Tony, mas na verdade, um homem deveria ser capaz de se controlar.
"Oi. Cherry, claro. Eu sei tudo sobre você," disse Tony como um roedor. "Medidas, hobbies, até aquela marca de nascença que parece um par de cerejas na sua coxa."
"O quê?" ela exclamou, encobrindo.
"Sim, você pode não querer lidar com isso depois," Hector estremeceu. Ele puxou o homem tarado para longe e entrou na cozinha. "Vá se vestir, Cherry. Estaremos na cozinha."
Ela assim o fez e Tony mordeu o lábio. "Porra, cara. Ela é ainda mais gostosa pessoalmente. Eu perdi as palavras, desculpe. Eu não conseguia pensar."
"Sim, sim, eu sei para onde o fluxo sanguíneo foi." Hector empurrou-o para baixo na cadeira e serviu ouzo para os dois. "Olha, esta é uma questão real de RH. Se vamos fazer isso aqui com o Pies, você precisa se controlar. Eu não posso aceitar você desejando cada peituda que aparece nas proximidades."
Tony fungou uma vez e se recompôs, endireitando as costas. "Eu posso lidar com isso," disse ele, em seguida, engoliu todo o copo de ouzo.
Hector piscou ao vê-lo. "O-kay... Agora, de volta ao trabalho. O que você tem para mim? Para Cherry, basicamente."
Ao ouvir, ela apareceu, secando o cabelo curto com uma toalha, mas vestida de outra forma, com calça de moletom casual. Hector achou as roupas largas uma sábia escolha dela. "O quê sobre mim?"
"Como eu estava dizendo, Tony é um hacker. Hoje não precisaremos desse tipo de serviço, mas ainda precisamos de coisas como presença online, streaming, visibilidade e todo esse jazz. Pedi-lhe para assumir toda a nossa presença online, ele ama essa merda, ele já é um grande fã de Cyberpink, e eu confio nele. Pelo menos com meus esquemas."
Cherry se virou para ele e apresentou uma mão. "Me desculpe, você me assustou aquela hora. Sou Caroline, mas os fãs me chamam de Cherry."
Ele apertou a mão dela, obviamente encantado pelo toque. "Eu sei. Tony, eu. Hacker."
Cherry assentiu com a cabeça, "Lacônico. Legal." Ela se sentou longe de Tony.
"Não realmente, ele só tem uma condição onde ele morde a língua na presença de lindas damas. De qualquer forma, prossiga, cara. Diga-me o que você está planejando para nós." Hector fez sinal para que ele continuasse.
Tony mudou completamente de marcha. "Sim. Então, eu tenho o site do Pies criado, vocês estão registradas no torneio, faltando a lista das jogadoras, é claro. Os streams estão todos configurados e monetizados, até adicionei um pouco de criptografia ponto-a-ponto para que serem desprezíveis como eu não consigam acessar sem pagar-"
"Sim, sim, parece incrível. E o quê mais?"
"Bem, os anúncios são automatizados, todo mundo sabe que Cherry chegou e estão avaliando ela," disse Tony, olhando para ela.
Cherry se mexeu desconfortavelmente em seu assento.
"Ela é bastante popular com os garotos, nós teremos merchandising em funcionamento rapidinho. Isso é tudo para depois das Pies passarem pelas eliminatórias, é claro."
"É claro," Hector assentiu. "Você migrou a mídia social dela?"
"Tudo programado, fiz uma macro. Eu só preciso da sua confirmação de dono." Tony puxou um comando no véu e girou-o para Hector.
Dando uma olhada, apenas apresentava uma resposta retrô no estilo 'S / N?'. Hector deu de ombros e digitou 'S'.
Tony assumiu e girou o prompt de comando, observando o texto de rolagem. "Yup, em andamento. Tenho todos os dados da Cherry, agora está nos nossos servidores."
Hector levantou o ouzo e disse a Cherry, "Temos servidores, veja você. Tão profissional." Ele sorriu e tomou um gole.
Cherry olhou para ele e balançou a cabeça. "Eu sei que sim, eu entendo de computadores."
"Tudo bem, desculpe. Eu só entendo, tipo, um quinto das palavras que Tony costuma dizer." Hector deu um tapa na mesa. "Bem, se terminarmos por aqui, Tony, volte para a porra da sua casa para que eu não tenha que me preocupar com você, Cherry, tire o dia de folga e se acomode, mi casa es su casa, e eu preciso ir buscar mais meninas para que possamos realmente chamar isso de equipe."
GOTA OITO
"Você está falando sério sobre isso?" Pickle perguntou, inclinando a cabeça para o lado. Ele a havia chamado para discutir negócios.
"Pela última vez, sim! Estamos no meio do caminho agora, podemos dar logo um all-in." Hector gesticulou o movimento de um apostador na mesa, empurrando todas as suas fichas para o centro.
Pickle recostou-se. "Ok. Obviamente, precisamos contratar mais três garotas."
"Concordo," Hector assentiu.
Houve uma longa pausa. "Bem? Quais?" Perguntou Pickle, impaciente.
Hector encolheu os ombros. "Eu não sei! Você é que entende disso, confio no seu julgamento."
"Essa é a questão, este é o trabalho do dono. Você sabe, tagarelando, bebendo, negociando garotas como se fossem cartas colecionáveis. É um clube do bolinha."
"Ok, você decide de quais garotas se aproximar, e eu vou... tagarelar, ou o que seja."
Pickle se sobressaltou. "Sério? Você me deixaria decidir?"
Hector riu e tomou um gole de ouzo. "Pickle, eu não sei nada sobre o esporte. Você assumiu uma equipe aleatória no Undergroung e deu uma surra na outra equipe. Até eu poderia dizer que foi um jogo incrível por sua causa. Então, sim, por que é tão difícil acreditar que estou colocando você no comando da equipe?"
Pickle se animou. "Huh. É só que... Eu não esperava, só isso."
"Pickle. Pickly-pickle. Você é a ferramenta perfeita para esse trabalho. Só um idiota se recusaria a lhe dar um bom uso." Ele cortou o ar com a palma da mão. "Sério, chega de conversa, está resolvido. Agora, quais podemos conseguir? As únicas que eu conheço são do Pinups. E eu acho, das reservas de Hondros."
Pickle estalou a língua. "Sim... Não. As Pinups são péssimas, tipo realmente, realmente péssimas. Não é só porque eu odiei estar lá, elas são, objetivamente, terríveis. Elas são apenas meigas. A menos que você tenha segundas intenções, elas realmente se destacam nisso."
"Ok, sem Pinups, eu concordo. Quem mais então? As meninas do Hondros?"
"Talvez, mas elas são caras. E nós não estamos nesse patamar ainda, financeiramente."
"Não, definitivamente não estamos. Mas não faria mal perguntar a ele."
Pickle assentiu, "Claro, ele definitivamente vai ter umas conexões."
GOTA NOVE
"Ele me chamou de ferramenta!" Pickle disse, deliciada. Ela estava no banco do passageiro e virou para trás para conversar com Cherry. Hector voltou para dentro para pegar algo que havia esquecido.
"Geralmente, não é uma coisa ruim chamar alguém assim?" Cherry franziu a testa.
"Não neste contexto!" Pickle respondeu.
Cherry bufou. "Claro, como quiser, namorada."
Hector voltou, abriu a porta e ligou o carro.
Cherry bateu no assento e estalou os lábios. "Hey, podemos pegar sorvete no caminho?"
Heitor suspirou. "Ugh, tudo bem. Eu vou parar no periptero por cinco minutos, nada mais. Sem pensar demais. Basta escolher um e comê-lo. E não faça bagunça no carro."
Cherry sussurrou para Pickle, "Tão mandão," mas ainda alto o suficiente dentro da caminhonete.
"Eu posso ouvir você, está bem?"
"Eu sei, chefe."
Hector murmurou alguns xingamentos em grego em voz baixa e partiu.
Hector irrompeu no restaurante Laimargia. Era chique, você poderia dizer pelos tipos de carros estacionados do lado de fora e o garçom orgulhoso em um terno de pinguim na entrada. Hector sentiu-se realmente foda, invadindo sem ser convidado, sendo escoltado por duas moças assim, e ele teve que admitir que era algo com o qual ele realmente poderia se acostumar.
O garçom tentou impedí-lo. Hector levantou a palma da mão para ele. "Quietinho, pinguim. Eu quase levei um tiro aqui e não fiz nenhuma acusação, então, a menos que você queira o número do meu advogado para uma maldita longa conversa, dê o fora."
"Ah, sim, o incidente," disse o garçom, curvando-se.
Ele odiava este lugar. Era cheio de pessoas ricas, gordas e magras, comendo até se entupir e depois vomitando tudo no banheiro. Era em excesso, era gula e era repugnante.
Hector foi até a mesa habitual de Hondros e balançou a cabeça. "Sério? Mesma mesa, mesmo lugar? Você nem mesmo dificulta para os que tentam matar você."
O homem gordo estava devorando uma tonelada de camarões. Ao seu lado estava Mamacita, e ela parecia horrível. Ela tinha bolsas pretas embaixo dos olhos e até Hector percebeu que ela não havia realmente acertado na maquiagem de hoje. "Hector! Meu menino, venha, sente-se conosco. Coma alguma coisa. E você trouxe seu time junto, adorável." Ele gesticulou para os garçons acomodarem as damas, e elas o fizeram meio desajeitadamente.
Sentando-se, Hector se virou para Mamacita. "Olá. Tudo certo?"
Ela fungou e sorriu. "Sim, claro, Hector. Prazer em te ver. Eu estava distraída, lendo algo no véu."
"Fico feliz em ouvir isso." Hector voltou-se para Hondros e se dirigiu a ele pelo primeiro nome. "Yianni, eu preciso de atletas."
O homem enorme se animou e suas papadas tremeram. "Por que, claro! Quais, eu tenho um catálogo, deixe-me enviá-lo para você."
Hector levantou a mão. "Tenho certeza de que todas são adoráveis, mas também tenho certeza de que não posso pagar por nenhuma delas. Eu vim te procurar porque você é o único dono que conheço com tantos contatos. Eu só preciso que você me aponte na direção certa, me dê o número de alguém. Talvez um endosso seu, se você achar que é justo. Você sabe, depois de salvar sua vida miserável?"
"Hector, Hector... Claro que posso te ajudar! Sim, minhas garotas estão um pouco fora de sua faixa de preço, concordo. Mas eu conheço um par que pode te ajudar. Quais posições você está procurando preencher?" Ele verificou as Pies.
"A de Qwik está preenchida," disse Cherry, olhando-o fixamente.
"Evidentemente que sim. E eu assumo que a de uma Enforcer também, então você precisa de pelo menos mais duas e uma Chain." disse Hondros, percorrendo seus arquivos em seu véu. Seus dedos pegajosos não teriam funcionado em nenhuma tela sensível ao toque, e ele espirrou sumo de camarão por tudo e vários pedaços pegajosos enquanto gesticulava.
"Uma Enforcer, uma Chain," corrigiu Pickle. "Já temos uma terceira."
Hector olhou-a interrogativamente e ela assentiu com uma garantia silenciosa de que lhe contaria depois.
"Ótimo, ótimo!" Hondros disse. "Aqui, essas duas seriam adequadas?" ele perguntou a Hector, enviando-lhe os arquivos.
Hector balançou a cabeça. "Mande-os para Pickle, ela vai analisar as estatísticas delas."
Hondros olhou para ele e sorriu. "Como lhe agradar, meu amigo...". Ele enviou os arquivos pelo véu.
Pickle, de fato, já estava analisando os arquivos das atletas, murmurando para si mesma.
"Obrigado, Yianni. E quem é o dono?" Hector disse, levantando-se. Ele mal podia esperar para sair daquele lugar nojento.
"Oh, eu vou lidar com o contrato, se você não se importar. Eu receberei minha comissão justa e todos sairão felizes."
"Certo," Hector bufou. As garotas também se levantaram. "Mamacita, bom ver você. Yianni, minha última oferta por ela ainda está de pé, se é isso que ela quer."
Hondros riu alto ao ouvir. "Míseros nove mil?"
"Yup," disse Hector com uma atitude como se estivesse oferecendo milhões.
"Minha resposta ainda é a mesma, querido amigo," ele recusou educadamente, sua papada chacoalhando para a esquerda e para a direita enquanto ele balançava a cabeça.
GOTA DEZ
"Lembre-me de novo por que não fiz isso pelo telefone," disse Hector, dirigindo de volta para casa.
"Porque," disse Pickle do banco do passageiro, "você precisa começar a aparecer. Metade dos negócios são feitos simplesmente porque alguém conhece alguém."
"Tudo bem, eu já entendi. É que eu odeio aquele lugar, me faz querer vomitar," ele gesticulou, fazendo uma careta.
"Essa é a ideia, não é?" Cherry riu no banco de trás.
"Ugh... Eu vou vomitar, vamos parar de falar sobre isso," disse Hector, virando à esquerda. "Pickle, e aí? Elas são boas?"
Ela balançou a cabeça para a esquerda e para a direita, medindo as palavras. "Ungh... Sim... Por enquanto, eu acho."
"Mostre-me." Ele puxou as estatísticas.
"Pelo poderoso martelo e bolas de Hefesto, Pickle, até eu posso dizer que essas duas estão abaixo da média," exclamou Hector, desviando para manter o foco na estrada.
"Eu posso... martelá-las em forma," Pickle hesitou.
"Uso incrível do trocadilho, Pickle. Sua ironia está melhorando a cada dia," Cherry notou inutilmente no banco traseiro.
"Não, não, elas são uma merda. Vamos encontrar outra pessoa," disse Hector, balançando a cabeça.
"E se não pudermos encontrá-las a tempo?" Cherry disse.
Pickle sugou o ar através dos dentes. Ela pensou por um momento. "Bem, se não pudermos encontrar mais ninguém, tenho certeza que posso treiná-las para, pelo menos, se manterem firmes," ela finalmente assentiu.
"Tem certeza?" Hector perguntou, ignorando-a.
"Sim," disse Pickle, parecendo confiante, erguendo o queixo.
"Ok. Se você diz que pode, eu estou com você," disse Hector.
Pickle se virou para Cherry. "Isso significa que teremos que carregar toda a equipe, você, eu e Bobo."
Cherry bufou de uma maneira muito pouco feminina. "Qual a novidade?"
Hector olhou através do espelho, Cherry parecia muito animada, sorrindo e praticamente transbordando de energia. "Amo a atitude positiva. Mas sério, quem é Bobo?"
Pickle deu um tapa na própria testa. "Oh, certo, eu estava querendo te falar mesmo. Tenho uma atleta em mente, acho que ela será perfeita para nós."
"Se você acha. Quando podemos vê-la?" Hector perguntou.
"Hum... Tem uma partida amanhã à tarde. Podemos ir e dar uma olhada nela?" Pickle disse, checando seu véu.
Hector assentiu, com os olhos na estrada. "Claro, reserve-nos dois ingressos. Agora, sobre nós estarmos oficialmente no Torneio Cyberpink, quanto tempo nós temos?"
"Até as eliminatórias? Quatro semanas," disse Pickle, e ele percebeu que ela já estava sentindo o fardo da responsabilidade.
GOTA ONZE
Hector passou a manhã toda no telefone. Ele era novo neste ramo e não conseguiu falar com ninguém, na verdade. Por horas ele foi mantido em espera, a música idiota e estúpida perfurando seu crânio. Pior ainda, alguns proprietários usavam chatbots, que eram até mais idiotas do que uma pessoa estúpida falando através de uma lata e uma corda.
Depois de algumas horas querendo arrancar os cabelo, ele admitiu a derrota.
"Eu não consigo nem conversar com esses caras, que dirá discutir um negócio," ele murmurou para si mesmo, segurando a cabeça. Sua mesa era uma confusão de anotações, nomes e números de telefone, tanto em papel quanto no véu. Ele não conhecia essas pessoas, e aquelas que ele conhecia não eram uma boa indicação de como os outros realmente seriam.
Ele admitiu que precisava conversar um pouco mais no lounge dos donos. Ir para festas. Falar com pessoas.
Blergh!
Ele ligou para Hondros.
"Sim, meu amigo!" o bastardo gordo disse quando atendeu.
Heitor suspirou. Você não escolhe seus amigos, não realmente. "Eu, uh... Preciso das duas garotas que você mencionou."
"Sério? Excelente. Vou mandar os contratos imediatamente. Seus donos me disseram que elas estão prontas para ir, mas definitivamente não esta noite..." ele parou, insinuações rolando pela sua língua gorda.
"Sim, sem problemas. Precisamos delas depois de amanhã para começar o treinamento. Isso é factível?" Hector disse, seus olhos seguindo os pedestres na rua.
"Para você, Hector, tudo é factível!" Hondros disse alegremente. "Agora, há algumas cláusulas, e eu espero que você as entregue na mesma condição em que estou dando elas a você, ok?"
"Sim, que seja. Nós dois sabemos que não tenho escolha. Feche o acordo e faça com que elas cheguem ao HPP amanhã à noite, para que possam descansar. Pickle quer começar a treiná-las cedo."
"Interessante... Bem, assim que você assinar os contratos, nós temos um acordo!" Hondros disse.
Hector sentiu um gosto amargo, como se de repente alguém tivesse pingado sumo de picles em sua boca. "Sim, Yianni. E obrigado pela rápida resposta."
Era preciso ser educado ao tratar de negócios, essa lição foi a que ele aprendeu mais cedo. Mesmo que você tenha dito coisas desagradáveis de antemão, quando se está sentado na mesa de negócios, se aprende a deixar tudo de lado.
Como um gato. Apenas empurre tudo para fora da mesa, deixe-os cair aos pedaços. Ele riu de sua própria piada estúpida. Deuses, ele estava cansado.
GOTA DOZE
Pickle engoliu seco e caminhou até ele.
Hector suspirou e deixou cair seus desenhos de armadura na mesa. "O que foi? Você tem aquele franzido entre os olhos que só faz quando as coisas estão ruins."
Ela não perdeu tempo. "Precisamos de mais dinheiro."
"É claro que precisamos. Sempre precisamos de mais dinheiro." Ele relaxou e recostou-se na cadeira.
"Sim, mas há uma maneira de fazer mais algum."
"Isso é bom, não é?" Ele se inclinou para a frente e fez um gesto de 'continue' com a mão. "Vamos ouvir."
Pickle gesticulou no ar e mostrou-lhe um anúncio no véu sobre uma partida de jugger. A equipe que ela apresentou a ele era ainda mais tola do que a dele: As Clumsies.
Ele engasgou uma bufada. "Ok. O que tem elas?"
"Você pode alugar a mim e a Cherry para uma partida. Não vai ser muito, mas é algum dinheiro entrando. Sem mencionar que nós duas gostaríamos de aliviar um pouco da tensão."
"Claro. Como você sabe que elas precisam de jogadoras?"
"Eu conheço algumas das garotas, nos encontramos há alguns dias, mantivemos contato. As Clumsies são uma equipe de brincadeira, uma marca. Elas fazem muito dinheiro, no entanto. Elas são bem legais, tão legais quanto alguém pode ser nesse ramo. São boas pessoas, mas não boas atletas, e têm autognosia."
Hector deu uma olhada melhor no pôster digital e no site das Clumsies. "Conhece a ti mesmo," ele assentiu.
"Eu apenas mencionei isso casualmente, e elas ficaram bem animadas. Quero dizer, com a perspectiva de finalmente ganhar uma partida com a nossa ajuda."
Hector fechou o site e voltou para seus esboços. "Ok."
Pickle parou por um segundo. "O que, apenas assim?"
"Claro. Faça. Organize tudo. Faça os arranjos. Quão mais claro posso ser pra dizer que concordo com você?"
"Mas eu não posso organizar tudo sozinha. Você tem que ligar para elas."
Heitor suspirou e ergueu os olhos dos esboços de sua armadura. "Pickle?"
"Sim?"
"Os outros donos não têm assistentes?"
"Claro que sim."
"Então pegue o telefone, diga que você é minha assistente, e feche o maldito acordo."
"Mas-mas eu posso estragar tudo!"
Hector revirou os olhos e pegou novamente os esboços. "Nós dois sabemos que não é provável."
GOTA TREZE
No vestiário feminino, logo antes da partida, Cherry e Pickle se preparavam.
Hector estava encostado na parede, desviando o olhar e sendo discreto. Cherry não se importaria se visse o olhar dele, só um pouquinho. "Vê? Eu te disse que você poderia fechar o negócio," ele disse para Pickle.
"Sim... Eu consegui um bom valor também. É apenas um dia de pagamento, mas não é nada para se zombar," Pickle disse, vestindo o top.
"Hey, eu não sou de zombar do dinheiro recebido. Só não exagere, definitivamente não queremos uma lesão," disse ele.
"Venha me arrumar," disse Pickle, em pé.
"Claro." Hector aproximou-se dela e pegou as peças da armadura.
Cherry se animou com isso. "O que é isso, agora?"
Pickle falou em um tom alto demais para que Cherry fosse acreditar nela. "Oh, é só uma mania. Hector coloca minha armadura antes de cada partida." Ela acenou, rindo com desdém. "É para dar sorte."
Hector se ajoelhou e colocou as grevas em Pickle, encostando-se atrás das pernas para prendê-las no lugar.
Então ele se levantou, pegou o acolchoamento do peito, inspecionou por um momento, depois colocou-o no peito de Pickle, cobrindo seu exoesqueleto. Ele abraçou ao redor de sua cintura e apertou-o bem justo.
Então, ele pegou o escudo dela. Pickle esticou o braço e Hector deslizou o escudo por cima, permitindo que ela o segurasse no lugar apropriado. Ele apertou as correias tanto quanto preciso.
Então, ele pegou a espada dela. Poderia ser envolvida em espuma, mas Cherry sabia que Pickle poderia brandí-la como uma profissional. Hector colocou-a no cinto dela.
Então, ele pegou seu capacete. Pickle se inclinou para a frente em pose reverente, e Hector colocou o capacete, deslizando o cabelo para trás com a mão. Ela encontrou os olhos dele novamente, e ele amarrou no lugar. Não muito apertado, não muito solto. Na medida certa.
"Isso. Pronta para chutar uns traseiros, Pickle," disse ele, dando-lhe um sorriso.
Cherry não podia mais se conter. "Isso. Foi. Incrível!"
Os dois se viraram para ela, parecendo confusos.
"Eu vou desenhar essa cena quando voltarmos para casa." Então ela desviou o olhar e chutou o lado do banco. "Hey... Hector?"
"Sim?"
Ela segurou suas grevas com um dedo. "Você pode me vestir também?" ela perguntou, hesitando. "Só se você quiser, isso é..."
Os olhos de Hector pingaram entre as duas garotas. "Bem, com certeza, eu posso."
Ele andou até ela e se ajoelhou diante dela. Cherry era muito menor do que Pickle, e ela podia vê-lo na maneira como Hector podia alcançar a perna e amarrar as grevas sem se esticar. Ela olhou para o topo de sua cabeça enquanto ele a vestia, passando as mãos por seu acolchoamento e verificando as peças, puxando-as para a esquerda e para a direita e amarrando-as corretamente. Ela se inclinou para frente e cheirou o cabelo dele.
Suas mãos eram fortes e se moviam habilmente ao longo de seu corpo. Tudo se tornou uma névoa em sua mente e ela nem percebeu quando Hector colocou o capacete e amarrou-o sob o queixo.
Quando ele bateu no capacete dela gentilmente, ela foi sacudida de seu devaneio. "Tudo pronto. Pegue aqueles crânios, Cherry!" ele a animou com um gesto do tipo "você consegue".
"Ce-certo!"
Pickle e Cherry estavam no portão, esperando o sinal da partida. "Você... Hum... Também gostou quando ele fez aquilo?" Pickle disse. "Eu estou falando sobre o... Você sabe, lá atrás."
Cherry desmontou. "Você está de brincadeira? Eu senti arrepios por toda parte, estou praticamente molhada lá embaixo!" Ela passou as mãos pelo corpo, mexendo os dedos enluvados.
Pickle tossiu e virou para a frente. "Sim... Eu só acho que dá boa sorte, só isso."
"Claro que sim," Cherry brincou, olhando para ela. "Sem arrepios. Apenas pra dar sorte."
"O que mais poderia ser? E Hector sabe como amarrar uma armadura, isso é outra coisa prática," disse Pickle. "Faz sentido para ele fazer isso. Você sabe, evitar acidentes."
"Com certeza!" Cherry comemorou. "Com aquelas mãos poderosas em todo o meu corpo..." ela suspirou.
"Concentre-se no jogo, Cherry!" Pickle exigiu.
Cherry inspirou, depois expirou, estufando suas bochechas. "Estou concentrada. Estou molhada e concentrada." Ela pulou no mesmo lugar, adrenalina percorrendo as suas veias.
GOTA QUATORZE
As Clumsies fizeram jus ao nome. Não importava o quão bem Pickle e Cherry começasse uma jogada, elas não conseguiam acompanhar e mantê-la. Elas continuavam perdendo o crânio devido a erros estúpidos como novatas.
Cherry ficou exausta, correndo para cima e para baixo no campo, dando o seu melhor. "Eu não consigo marcar!"
"Tudo bem, confie em mim, não é sua culpa," assegurou Pickle de volta à linha de partida.
"Ainda assim," Cherry ofegou, fomos contratadas para dar-lhes uma vitória. "Eu disse que nós tentaríamos."
"Nós estamos. Mas não podemos fazer milagres, não com apenas duas jogadoras boas!" Pickle notou que elas chamaram a atenção de uma Clumsie, chamada Olívia, uma das garotas que Pickle encontrou no bar Taf. Ela sorriu para ela, mudando de assunto. "Vamos apenas tentar um slide, eu guardo a sua esquerda, se preocupe apenas com a sua direita, ok?"
Cherry assentiu e assumiu a pose de velocista.
As batidas de tambor começaram, e Cherry estava em cima do crânio em um piscar de olhos. Pickle a protegeu de duas fortes Enforcers, e Cherry atravessou a Chain e se jogou para a frente para, realmente, marcar.
Os fãs das Clumsies foram à loucura. As garotas aplaudiram e abraçaram-na com força, todas sorrisos. "Nós podemos! Nós podemos ganhar isso!" elas disseram.
Sim... Não. Pickle se forçou a sorrir de volta e parecer positiva, mas era uma estrategista boa demais para acreditar nisso. Pelo atento olhar de Athena, o jogo já estava perdido. Tudo o que elas podiam fazer era permanecerem fiéis ao seu contrato para este jogo, jogar bem e tentar não se machucar, porque isso iria custar o pouco que elas poderiam ganhar neste dia.
Todas elas se prepararam para a próxima rodada. As Clumsies pareciam focadas, afiadas como navalhas. Agarrando suas armas, elas estavam prontas para atacar.
Pickle apertou o lábio inferior em um 'hm'. As Clumsies conseguiriam surpreendê-la? Emma, Olivia e Izzy certamente levaram essa rodada a sério.
E então o tambor bateu e duas das Clumsies engancharam seus Q-tips e tropeçaram uma na outra. Elas caíram no chão e um replay instantâneo se repetiu várias vezes para o público.
Pickle afundou os ombros em um suspiro profundo de resignação.
GOTA QUINZE
"Hey, Cherry? Desça aqui por um segundo, por favor?" Hector gritou do andar de baixo.
Cherry sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Lá estava, o sentimento ruim. Ela não podia dizer não, e ele não pedira nada irracional.
Ela desceu as escadas lentamente, sentindo o drama a cada passo, como se estivesse indo em direção a um pelotão de fuzilamento.
Hector estava em sua oficina, como de costume. Ele tinha algum projeto espalhado, isso era bem aparente. Peças e pedaços de armadura e tecido estavam dispostos em uma forma padrão. "Sim, Hector?" ela engoliu em seco.
"Venha ficar aqui," ele apontou. "Aqui, onde a luz está."
Ela assim o fez. "O que você quer de mim?" ela perguntou, mas sua verdadeira pergunta era, "É essa a noite em que você finalmente vai mostrar sua verdadeira face?"
"Tirar suas medidas para sua armadura," disse ele, pegando sua fita métrica como um profissional. "Estique os braços para mim, por favor?"
Ela fechou os olhos e fez o que lhe foi dito.
Hector mediu suas dimensões com facilidade.
"Elas já estão todas online..." ela disse, sem jeito.
"Não são apenas os números, Cherry," disse Hector, indo para o outro braço. Ele mediu e acrescentou, "É também a sensação geral, como se ajusta em você." Ele imitou a sensação de algo pesado com as mãos. Ele foi até a cintura dela e ela fechou os olhos novamente. "Claro, eu poderia fazer uma apenas pelos números, e lhe serviria bem, sem dúvida. Mas conhecendo o corpo que vai usá-la, isso é diferente."
Era agora. Ela se preparou. Agora viria o toque inadequado. Então tudo começaria. A escuridão.
"Levante seus braços no ar para mim, por favor?" Hector disse e mediu sob seus seios quando ela o fez. "Por que você está ofegando assim, você veio correndo aqui para baixo? Acalme-se."
Ela mordeu o lábio e acenou afirmativamente, mas não conseguiu realmente se acalmar. Corra, fuja, esse era seu único impulso agora.
Menina boba.
Você só daria alguns passos lá fora.
Hector mediu o peito dela. Então ele perguntou, "Posso tocar suas clavículas?"
Ela assentiu com a cabeça, ainda mordendo o lábio. Seus olhos percorreram a sala. Tantas ferramentas, alicates, martelos. Ela poderia pegar um. Ela não era tão forte, mas certamente era rápida. Rapidez significa poder, certo?
Certo?
Hector tocou sua clavícula, sentindo-a. "Vê, o problema é que muito da armadura superior repousa sobre a clavícula, e fica muito desconfortável se não se encaixar direito."
"Eu entendo..." ela disse, agora respirando com dificuldade. Ela usava shorts masculinos e uma camiseta. A roupa não era provocante por si só, mas era convidativamente fácil de se tirar. Isso, ela percebeu, tinha sido um erro. Ela havia baixado a guarda, sentido-se muito confortável aqui.
Hector puxou seu banquinho e sentou ao lado dela, inclinando-se para medir suas coxas. "Eu estava dizendo que, como você é uma Qwik, você realmente precisa da sua mobilidade. Você dá sprints explosivos e faz curvas muito rápidas." Ele passou a medir o joelho e a perna. "Encontrar o equilíbrio ideal entre proteção e mobilidade é uma forma de arte," continuou ele.
"Eu concordo," disse ela. Ela podia admitir que ele não a tocou de forma inadequada. Ainda não. Mas tudo podia mudar em um instante. É assim que os homens eram.
Hector mediu o comprimento de seus pés, depois disse, "Tome uma posição de largada para mim, por favor. Sim, isso mesmo."
Ela ficou parada na pose de 'pronta para correr'. Agora ela realmente queria fugir. Era como querer desesperadamente fazer xixi e alguém pedir para você derramar água em uma planta próxima a você. Tortura.
Hector endireitou as costas. "Ok, pronto! Eu devo ter um modelo inicial para você amanhã, e nós vamos ajustando a partir daí, já que todos nós estaremos por aqui em algum lugar," ele riu, aparentemente achando sua piada boba engraçada. Então ele se voltou para a sua bancada de trabalho.
"Espera, o quê?" Cherry exclamou.
"O quê?"
"É só isso?"
"Sim. Eu tirei as medidas, obrigado. Pode ir. Ou fique, não me importo." Ele casualmente acenou para ela, dispensando-a.
Cherry colocou a mão na cintura. Agora ela estava muito irritada.
Houve uma longa pausa e, finalmente, Hector virou apenas os olhos para vê-la ainda parada ali. "Há algo de errado?"
"Errado? ERRADO? Você me convida para ir morar na sua casa, você compra coisas para mim, você me dá uma mesada, você me chama aqui para embaixo no meio da noite para fazer um 'ajuste'," ela foi enumerando com os dedos.
"Medidas," ele corrigiu.
Ela jogou os braços no ar. "Pior ainda! Você passa as mãos por todo o meu corpo, me vê tremendo como vara verde, e depois, o quê? Nada?"
"O que você esperava que eu fizesse?"
"Sei lá. Tirasse vantagem de mim?" ela disse simplesmente. "Eu não sou atraente o suficiente para você?"
"Cherry, você é. Muito atraente. Qualquer homem teria sorte de ter você."
Ela instantaneamente parou de sentir raiva. "Oh. Então, por que suas mãos não estão, você sabe, vagando?" ela imitou com as próprias mãos.
Hector olhou para as mãos dele. "Eu estou confuso. Quer que eu...?"
"Sim, seu grande idiota!"
"Oh, Cherry, eu não posso. Eu estaria aproveitando de você. Essa relação proprietário-atleta é realmente uma merda," ele balançou a cabeça.
"Claro que você pode," disse ela, aproximando-se dele.
"Cherry..."
"Sinta minhas clavículas."
"Eu já senti, elas são legais," ele sorriu. Deuses, ele tinha um sorriso bonito.
"Sinta outra vez."
Ele passou os dedos nas clavículas dela. Seus dedos eram ásperos e fortes e isso provocou um arrepio na espinha dela. "Agora, meça meu torso."
Hector pegou sua fita métrica e mediu novamente.
"Não com isso. Com a palma da sua mão."
Ele riu e obedeceu. Ele mediu seu torso com a palma da mão. "Isso é terrivelmente impreciso," disse ele com sua voz profunda. "Nós vamos estragar a armadura e teremos que fazer tudo de novo." Ele correu a palma da mão sobre os seios dela, em seguida, apalpou-a.
Finalmente, caralho.
Hector se inclinou, agarrou-a pela cintura e puxou-a para um beijo profundo. Ele estava áspero e suado e tão quente.
"Mmm," ela brincou, "Isso foi muito bom, mas eu não vejo como isso ajuda com a medição."
"Deixe-me mostrar-lhe como," ele disse e pegou-a. Em seguida, colocou-a em sua bancada sobre as partes da armadura. Ele a acomodou na mesma posição da armadura.
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