Eternamente Meu Duque
Dawn Brower
Um amor que só um conto de fadas pode criar… Um amor que só um conto de fadas pode criar… Lady Delilah Everly não levou a vida encantada que alguns podem acreditar. Perversa nem sequer começava a descrever sua mãe ou como tratava aqueles que deveria amar. Isso endureceu Delilah para o amor e ela aprendeu cedo a apenas depender de si mesma e a ganhar as habilidades necessárias para sobreviver sozinha. Marrok Palmer, o duque de Wolfton, não consegue entender a mudança que sua vida tomou. Para proteger sua irmã, ele foi forçado a tirar a vida de seu pai. O duque anterior não era um bom homem, mas ser responsável pela sua morte está destruindo Marrok. Tanto Marrok quanto Delilah saem em uma jornada, através de um destino que nenhum dos dois poderia imaginar que se cruzariam. Nessa viagem, eles precisam aprender a confiar um no outro e durante o caminho, descobrem a possibilidade de um amor eterno, mas somente se estiverem dispostos a dar um salto de fé e aceitar cada falha um do outro.
Dawn Brower
Eternamente meu Duque: Sempre amado Livro quatro
ETERNAMENTE MEU DUQUE
SEMPRE AMADO LIVRO QUATRO
DAWN BROWER
TRADUZIDO POR LUDMILA FUKUNAGA E LUIZA CINTRA
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produtos da imaginação do autor ou são usados ficticiamente e não devem ser interpretados como reais. Qualquer semelhança com locais, organizações ou pessoas reais, vivos ou mortos, é mera coincidência.
Eternamente Meu Duque 2019 Copyright © Dawn Brower
Artista da Capa : Edita Victoria Miller
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser usada ou reproduzida eletronicamente ou impressa sem permissão por escrito, exceto no caso de breves citações incorporadas em resenhas.
AGRADECIMENTOS
Obrigada àqueles que me ajudaram a polir este livro. Elizabeth Evans, você é minha número um. Você é a melhor de todas. Também agradeço mais uma vez à minha incrível editora e a capista, Victoria Miller. Você me faz uma escritora melhor e sem você, eu poderia não estar onde estou hoje. Seu talento artístico é incrível como sempre.
Para todas as pessoas que ainda acreditam no amor. Que você sempre o tenha em sua vida.
PRÓLOGO
A propriedade do conde de Townsend ficava perto das praias abandonadas de Saint Ives, na Cornualha. Lady Delilah Everly sempre adorou sua casa ancestral. Ela passou os primeiros nove anos de sua vida lá. Quando o pai morreu e o título passara para o seu primo, Oscar Everly, lamentara o fato de não poderem ficar por muito mais tempo. Seu primo não era muito mais velho, tinha apenas cinco anos mais que ela e ainda frequentava Eton, mas sua mãe, a bruxa gananciosa, queria assumir o controle de tudo imediatamente, pois gostava de seu papel como a mãe de um conde. Felizmente, o guardião de seu primo tinha um coração e permitira que ficassem o tempo que precisassem.
Sua mãe estava determinada a fazer outro casamento maravilhoso e ascender na sociedade. Não foi o suficiente ser a esposa de um conde, queria ser uma duquesa um dia e faria qualquer coisa para que isso acontecesse. Lady Penelope, sua mãe, pôs os olhos em alguém que poderia herdar um ducado. Foi o melhor que ela conseguiu como viúva. O pobre Lorde Victor Simms não tinha ideia de quem permitira entrar em sua família e no futuro que seu filho Ryan teria nas mãos da mãe de Delilah.
Alguns dias, Delilah se perguntava se sua mãe ajudara o pai a ter uma morte prematura. Ela tinha começado a acreditar nisso em sua alma quando seu padrasto faleceu da mesma forma que seu pai. Certamente isso não poderia ser uma coincidência. A fim de sobreviver, Delilah tinha endurecido seu coração e fizera tudo o que era necessário. Sua mãe não era uma pessoa fácil de se conviver, ela usava todos ao seu redor, até mesmo suas próprias filhas. Sua irmã, Mirabella, era delicada e não se saiu bem nas mãos de sua mãe. Cabia a Delilah encontrar um marido e ajudá-las a escapar de seus maus caminhos. Elas tinham apenas dez e seis anos e não havia muitas opções à disposição. Não nos confins de Dorset ou em casa, em Saint Ives, mas ela tinha escrito para seu primo, pedindo ajuda. Ele controlava a propriedade agora e tinha uma melhor chance de ajudá-la.
Seu primo não havia respondido e duvidava que o fizesse.
– Delilah – sua mãe berrou. – Desça aqui neste instante. Eu preciso que você acenda o fogo.
Ryan tinha sido delegado para ser o servo de sua mãe, mas quando seu avô aparecera para levá-lo embora, esse trabalho fora dado a Delilah. Mirabella vivia nas nuvens, ou em uma descrição mais adequada, em seus livros, mas não sobrara muito para ela ler. O dinheiro era escasso, e venderam tudo o que não estava fixado na casa. Delilah não sabia quanto tempo mais poderiam sobreviver assim. Elas tinham um servo ainda: a cozinheira. Sem a mulher mais velha, teriam morrido de fome há muito tempo, já que nenhuma delas sabia como usar o fogão ou ferver a água para o chá. Ela estremeceu com a ideia.
Delilah desceu as escadas e entrou na sala de estar. Elas tinham sorte de ter algum lugar para morar, a mansão pertencia a Ryan, e ele poderia ter ordenado que saíssem. Um dia, ela agradeceria por essa pequena generosidade. Ele deveria odiá-las pela maneira como foi tratado. Quando chegou à sala de estar, limpou as mãos no vestido puído e aproximou-se da mãe. – Você chamou? – Ela levantou uma sobrancelha.
– Não demore, menina – sua mãe a repreendeu e acenou com a mão em direção à lareira. Nem uma mecha de seu cabelo escuro estava fora do lugar. Seu vestido, mesmo velho, estava intocado. Lady Penélope não gostava de ser imprescindível ou sujar as mãos com o trabalho. – Acenda o fogo. Estou com frio. – Ela colocou os braços ao redor de si mesma e estremeceu para dar efeito.
– Eu não sei como – ela lembrou à mãe. – Nenhuma de nós sabe.
Ryan fora embora há dois dias. Elas estavam lutando para sobreviver e se não começassem a aprender como cuidar de si mesmas em breve, imaginava como seria o futuro. Não parecia nada bom.
– Você é inútil – sua mãe disse. – Vá chamar a cozinheira. Faça-a te ensinar enquanto acende.
Delilah revirou os olhos e fez o que sua mãe pediu. Virou-se e foi em direção à cozinha. Quando achou a cozinheira, Freya MacTavish, ela perguntou: – Por favor, você me ajudaria a acender o fogo da lareira? – Então ela inspirou, logo não seriam capazes de empregá-la ou ela poderia falecer, Freya era muito velha. – E você me ensinaria a cozinhar?
– Claro – respondeu Freya. – Siga-me. – Ela se moveu lentamente em direção à sala de estar.
Delilah quase podia ouvir seus ossos rangerem a cada passo que e ficou maravilhada com sua resistência na idade que tinha. Ela tinha que estar perto de setenta anos. Lady Penelope deveria ter lhe dado uma quantia para que se aposentasse anos atrás, mas sua mãe, ruim como era, fez a cozinheira trabalhar muito além do seu auge. Quando chegou à sala de estar, a cozinheira pegou a caixa para começar o fogo e estendeu-a para Delilah. – Abra, querida.
Ela fez da maneira que senhora mais velha instruiu. – Agora o que devo fazer? – Ela segurou a caixa aberta na frente de Freya.
– Retire o atiçador de aço e a pederneira – ela ordenou. – Esfregue-os juntos sobre o estuque. – Freya pegou um pedaço de estopa e colocou-o perto da lenha na lareira. Delilah pegou o aço e a pederneira e esfregou-os um contra o outro sobre o linho queimado. Nada aconteceu. – Você precisa pressioná-los com mais força se quiser fazer faíscas.
Delilah balançou a cabeça e tentou novamente. Faíscas saltaram do aço e da pedra, e logo a brasa se incendiou. A velha senhora soprou, e o fogo aumentou e se espalhou sobre a madeira. – Eu consegui – exclamou Delilah, feliz. Ela nunca esteve tão orgulhosa de um feito antes.
– Sim, você conseguiu – disse Freya.
– Demorou muito tempo – reclamou a mãe. – Agora traga o chá imediatamente.
Delilah olhou para a mãe, mas manteve a boca fechada. Não adiantaria falar o que pensava. Sua mãe apenas iria usar isso contra ela, provavelmente levaria uma bengalada por sua rebeldia. Não seria a primeira vez que faria isso, Penelope esperava obediência constante. – Sim, mãe – ela disse, com humildade.
– Não, não você – disse ela. – Sente-se agora. Precisamos discutir o seu futuro.
Era algo que ela esperava evitar. Agora que tinham dez e seis anos, sua mãe faria qualquer coisa para que se casassem. Delilah queria evitar se pudesse, não era que não quisesse se casar, eram das escolhas de sua mãe que esperava escapar. Delilah olhou para Freya, e a idosa acenou para ela. – Venha me ver quando terminar – ela disse, suavemente. A cozinheira entendia a citação, já tinha estado na mira da ira de Lady Penelope.
Delilah não queria se sentar ao lado de sua mãe no sofá, então se sentou na cadeira à sua esquerda. Se estivesse ao alcance, sua mãe poderia bater nela, e esperava evitar isso. Sua mãe poderia ser abusiva quando inclinada, ela batia muito em Delilah e em sua irmã. – O que você deseja discutir? – Ela manteve a cabeça baixa para mostrar submissão. Sua mãe não aceitaria nada menos, a não ser que estivessem em público. Então, ela esperaria algo totalmente diferente de suas filhas.
– É hora de você se casar – sua mãe começou. Era um pronunciamento que estava esperando. – Eu espero que você faça um bom acordo. Você é bonita o suficiente para conseguir um marido rico para cuidar de mim e da sua irmã. – Ela bufou de desgosto. – Aquela ali só provou ser inútil. – Pobre Mirabella… Quando Ryan estava por perto, Lady Penelope lançava sua raiva nele. Depois que ele fora embora, ela teve que encontrar alguém para maltratar. Não que tenha tratado Delilah ou Mirabella bem, mas… Ryan tinha sido um amortecedor. Mirabella era um alvo fácil para o abuso de Lady Penelope. Ela não tinha uma disposição forte e os meios para revidar. Por essa razão, Delilah se colocava no caminho da mãe o mais rápido possível.
– Eu entendo – ela respondeu, e entendia. Sua mãe precisava de dinheiro, e estava disposta a vender sua filha pelo maior lance. Ela estremeceu ao pensar em quem Penélope escolheria. – O que você requer de mim?
– Você e sua irmã devem consertar todos os nossos vestidos para que combinem com a última moda. – Sua mãe bateu os dedos na cadeira. – Vamos lançar você na sociedade. Como sabe, os fundos são limitados. A temporada está prestes a começar, e espero que você encontre um marido antes que termine. Eu já escrevi para o seu primo, e ele concordou em nos deixar usar a casa de Londres para a temporada.
Oscar havia respondido à mãe dela, mas não Delilah? Ela nunca se sentiu tão traída em toda a sua vida. Não deveria estar do lado de sua família verdadeira, em vez de uma mulher que se casou com ela? – Oh – ela disse , incapaz de manter a surpresa de sua voz. – Eu não tinha percebido que você se correspondia com o novo conde. – Sua mãe constantemente reclamava que não teve um filho para herdar o título de Townsend.
– Claro que sim – ela zombou. – Eu sou uma condessa viúva. Meu casamento não anulou a vontade do seu pai. Eu tenho uma mesada trimestral, e tenho de lembrá-lo, por vezes, que ainda estamos aqui. – Ela provavelmente tentava forçá-lo a enviar mais do que era necessário.
Ela não conseguia dar uma resposta adequada a qualquer coisa que sua mãe tinha a dizer. Reparar os vestidos que tinham não seria suficiente. Ainda pareceriam como se fossem indigentes, e seriam, enquanto participavam dos bailes da sociedade. Certamente, sua mãe tinha um plano melhor. – Tudo bem – ela finalmente disse. – Eu vou pedir a ajuda de Mirabella. Ela pode reunir seus vestidos com os meus, e faremos o nosso melhor para deixá-los na moda novamente. – Seria preciso um milagre sangrento. Os vestidos tinham vários anos e a maioria estava em um baú abandonado no sótão. Delilah acreditava que tinham provavelmente pertencidos à mãe de Ryan.
– Boa menina – sua mãe disse e então sorriu. Isso não a confortou, e ela não esperava que fosse a intenção de sua mãe. Quando os lábios de sua mãe se inclinavam para cima dessa maneira, era mais maligno do que agradável. – Você sempre foi minha filha favorita, e a mais bonita. – Ela só dizia isso porque Delilah parecia com ela e Mirabella tinha a coloração de seu pai.
– Sim, mãe – disse Delilah, nenhuma vez encontrando o olhar dela. – Com licença.
– Sim – sua mãe disse, com desdém.
Delilah tomou uma profunda respiração e se levantou. Então, manteve um ritmo uniforme enquanto se movia para sair da sala. Se ela andasse rápido demais, ou mesmo corresse, isso voltaria para assombrá-la. Era melhor se a mãe não percebesse o quanto a conversa a aterrorizou.
– Oh, e querida – a mãe chamou quando Delilah alcançou a porta para sair.
Ela se virou para ela. – Sim?
– Não demore muito com os reparos – ela começou. Seu sorriso se tornando ameaçador. – Partimos em uma semana para Londres.
Droga. Claro que ela esperaria que tivessem algo útil em menos de uma semana. Elas teriam que estar prontas antes que completasse uma semana, e isso lhes dava menos tempo para trabalhar nos vestidos. – Os vestidos estarão prontos – disse ela à mãe. Delilah rangeu os dentes e saiu da sala.
Ela tinha que encontrar uma saída para os cuidados de sua mãe, mas se casar com um velho libertino e usá-lo pelo seu dinheiro, não serviria. Isso daria à mãe mais poder, e essa era a última coisa que Lady Penélope precisava. Delilah encontraria outro caminho. Quando fosse capaz, ela fugiria e nunca mais olharia para trás. Em um mundo perfeito, levaria sua irmã com ela, mas Mirabella poderia não querer ir embora. Ela perguntaria e rezaria para que ela não estivesse sob o controle da mãe. Ninguém merecia ser tratado como um capacho que se limita aos pés o dia todo.
O primeiro passo seria aprender tudo o que Freya pudesse lhe ensinar. Se Delilah pudesse cuidar de si mesma, então as possibilidades seriam ilimitadas. Os fundos seriam sempre uma consideração. Ela tentaria poupar e salvar onde pudesse, mas o mais importante era esconder tudo de sua mãe avarenta. Um dia, seria capaz de começar uma nova vida, e não podia esperar por isso. Ela esperava que não demorasse muito.
Embora uma coisa fosse certa: ela seria uma solteirona antes de se casar com um homem da escolha de sua mãe. A próxima temporada seria difícil de passar. Havia uma maneira certa de desencorajar qualquer cavalheiro elegível, agiria como a sua mãe fazia em particular, e todos corriam com medo. Em público, sua mãe era tão charmosa e educada quanto uma pessoa poderia ser. Essa fachada havia enganado dois homens em um casamento que provavelmente ambos lamentaram quando morreram. Delilah não enganaria ninguém, e ela nunca se faria de tola.
Ela endireitou os ombros e entrou na cozinha. – Estou pronta – disse ela a Freya. – Ensine-me tudo.
Freya sorriu e entregou-lhe uma tigela. Então começou a ditar instruções para fazer pão. Não muito tempo depois, ela estava amassando a massa e deixando crescer. Delilah afastou o cabelo do rosto e olhou para o trabalho. Cada centímetro dela estava coberta de farinha, e ela nunca esteve tão bagunçada em sua vida, mas se sentia incrível. Seu plano funcionaria. Delilah sorriu para si mesma. Sua mãe pode não ter percebido, mas ela criou seu pior adversário e logo descobriria a extensão de sua crueldade.
CAPÍTULO UM
Dez anos depois…
Dor martelava em sua cabeça, e imagens que Marrok queria esquecer permaneciam. Não importava o que fizesse, não conseguia afastá-los. Quando fechava os olhos, elas se tornavam mais vívidas, mas isso não importava. Assim que os abrisse novamente, ainda dançavam diante dele. Eram mais aparições fantasmagóricas do que aquelas que tinha vivenciado e continuava a reviver a cada respiração.
Ele matara o seu próprio pai…
Sim, o velho bastardo não lhe dera escolha, mas Marrok tinha dado um empurrão em sua morte. Seu pai teria atirado nele e provavelmente não teria sentido um pingo de culpa. Agora, no rescaldo, Marrok tinha que lutar com sua culpabilidade pelo papel que desempenhara. Ele não deixava de pensar que poderia ter feito algo diferente, qualquer coisa, e se tivesse, seu pai ainda estaria vivo.
Marrok não tinha qualquer tipo de desilusão. Seu pai não era um bom homem e, mesmo que tivesse sobrevivido, vomitaria veneno a cada respiração. O velho duque não mantinha seus sentimentos em segredo. Ele odiava seus dois filhos, principalmente porque não acreditava que Marrok e sua irmã, Annalise, eram do seu sangue. Marrok desejou que não estivessem realmente relacionados a ele em alguns dias. Infelizmente, o podre homem era de fato o pai deles.
Agora, com a morte do pai, Marrok tinha ainda mais com que lidar. Ele era o Duque de Wolfton e teria de tentar desfazer todo o mal de seu pai. Tinha em mãos um monte de potes diferentes e tirava ações vis sempre que o humor o atingia. O desejo de evitar toda essa responsabilidade era imensa. Marrok não queria ser um duque. Era um título que crescera sabendo que herdaria um dia; no entanto, em sua mente, não teria sido concedido a ele por muitos e muitos anos.
De certa forma, ele deveria sentir alívio. Viver com o pai foi uma experiência horrível. Nada do que ele fazia estava correto, não importava o quanto tentasse. No começo, fizera tudo o que seu pai lhe pedia, pois queria sua aprovação da pior maneira possível. Seu pai nunca tinha dado a ele, e depois de um tempo, percebeu que nada o induziria a dar. Então parou de tentar.
Ele precisava de uma bebida. Tudo bem, provavelmente não precisava. Adicionar álcool tornaria tudo pior, mas ele não sabia o que fazer. Sua vida estava uma bagunça, e não tinha ideia de como começar a organizar. Talvez ele precisasse de alguma distância, isso poderia trazer clareza para uma situação problemática.
– Você ainda está aqui pensando? – Um homem perguntou do outro lado da sala.
– Se você não está aqui para se compadecer comigo, pode sair por onde veio. – Marrok olhou para Ryan, o marquês de Cinderbury. Ryan havia se casado recentemente com sua irmã, Annalise. Apesar de Marrok estar feliz por sua irmã, não desejava passar mais tempo com ela ou Ryan.
– Você tem que encontrar uma maneira de deixar isso para trás – disse Ryan, não pela primeira vez nos meses desde o incidente. Ryan e Annalise haviam tentado ajudá-lo a superar sua culpa. Não havia sofrimento a ser superado. Nem Marrok nem sua irmã sentiram falta do pai. Ele nunca os tratara bem, mas isso não significava que Marrok o queria morto.
– Dizendo-me para deixar isso para trás não vai fazer desaparecer com o estalar dos meus dedos. – Para enfatizar, ele levantou a mão e estalou. – Não funciona assim. Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem.
– Você irá? – Ryan levantou uma sobrancelha. Ele se aproximou e sentou-se na cadeira perto do sofá em que Marrok estava sentado. – Eu acho que pode ser uma boa ideia você deixar este lugar. Pode ajudá-lo ficar algum tempo longe.
Seu novo cunhado era um leitor de mentes? Marrok estava considerando isso há pouco tempo. – E para onde você sugere que eu vá?
– Para qualquer lugar que não seja aqui – afirmou. – Annalise e eu vamos a Kent para uma visita. Minha prima Estella foi com o marido, o visconde Warwick, visitar o conde de Manchester e sua esposa. Nós fomos convidados também. Você pode vir conosco se quiser.
Ele balançou a cabeça veementemente. – Não – ele disse rapidamente. – Eu não quero estar perto de mais ninguém.
– Eu entendo. – Ryan se inclinou para frente. – Mas pelo menos você concorda que deve dar um tempo daqui e tudo o que diz respeito ao ex duque de Wolfton?
Marrok suspirou. – Sim – ele concordou. – Isso nem é o lugar para Wolfton. O pai só comprou para expulsar os parentes da mamãe.
– Certamente você não deseja voltar para o Castelo Wolfton. – Ryan parecia chocado com a ideia e Marrok não o culpava. – Isso iria contra o propósito de distanciar.
– Eu tenho que voltar em algum momento. – Embora, ele não quisesse nesse momento em particular. – Mas você está correto, isso não me ajudaria agora, mas não sei para onde ir. – Ele odiava a mansão e o castelo ducal. Eles sempre pareceram… estéreis. De tudo ‒ emoções, vida ou aquela sensação de estar em casa. Seu pai não queria que ninguém se sentisse vontade de ficar. Então, todas as suas residências tinham aquele sentimento pouco convidativo.
– Annalise tem uma sugestão – Ryan começou. – Mas eu não tenho certeza se você vai gostar.
Ele virou a cabeça e encontrou o olhar de Ryan. – O que minha irmã tem em mente? – Annalise podia ter uma ideia decente de vez em quando. Ela se casou com Ryan, e Marrok gostava muito dele.
– Seu pai comprou recentemente uma cabana de caça na Escócia – começou Ryan. – Foi uma semana antes…
– De eu o matar – disse Marrok. – Eu o matei, você pode dizer isso.
– Você não cometeu patricídio – replicou Ryan. – Você impediu seu pai de matar você, não há nada de errado em se proteger.
– Semântica – respondeu Marrok. Ele não ia encobrir os fatos. – Como você estava dizendo…
– Sim – disse Ryan. – Eu não vou discutir com você sobre isso. Já discutimos longamente. – Ele suspirou. – A cabana de caça foi comprada uma semana antes daquele evento desagradável. Ela se deparou com a papelada no outro dia em seu esforço para ajudá-lo com a confusão de informações ao classificar seus papéis por assuntos. Ela não tem ideia da condição da propriedade.
– Então pode estar em frangalhos. – Marrok bateu com o dedo no braço do sofá. – Parece quase… divertido. – Sua vida era um desastre. Por que não visitar um lugar que tenha possivelmente uma desordem semelhante?
– Acho que o que considero divertido e o que você o faz, são duas coisas diferentes – Ryan disse , um pouco sardonicamente. – Você está interessado, então?
– Eu estou – disse Marrok. – Uma visita à Escócia pode ser o que preciso. – Ele não teria sua irmã intrometida e seu cunhado por perto para persegui-lo todos os dias. – Eu vou pedir ao valete para arrumar minhas coisas e sairei à primeira luz amanhã de manhã. – Ele precisava da fuga. – Onde na Escócia é esta agradável cabana de caça, de qualquer maneira?
– Kirtlebridge – respondeu Ryan. – Deixei os detalhes em sua mesa. – Ryan se levantou e ajustou seu colete. – Eu direi à sua irmã que você decidiu acatar essa sugestão. Espero que lhe ajude, nós realmente queremos que você fique bem.
– Eu sei – respondeu Marrok. – Você se importa. Isso significa algo para mim, mas tenho que resolver isso sozinho.
Ryan assentiu e o deixou sozinho. Marrok disse que sairia à primeira luz, mas quanto mais pensava nisso, mais gostava da ideia de partir muito mais cedo do que isso. Ele empacotaria sua própria valise e partiria a cavalo, poderia fazer seu próprio ritmo e descansar o cavalo quando necessário. Eram, pelo menos, vários dias de viagem para a Escócia, a o que seria bom para resolver o emaranhado de vergonha em sua mente. Com essa decisão tomada, ele se levantou e foi para seus aposentos. Quanto mais cedo empacotasse, mais rápido estaria a caminho.
Pouca coisa mudou na vida de Delilah ao longo da última década. Ela foi bem sucedida em frustrar os esquemas de sua mãe para casá-la. Sua última tentativa morreu quando o duque de Wolfton tentou matar seus próprios filhos. Penelope pretendia que Delilah ou Mirabella se casassem com o filho do duque. Delilah agiu como uma megera e incitou sua irmã a fazer o mesmo. O Marquês de Sheffield tinha praticamente corrido no sentido oposto de ambas. Claro, o marquês era agora o duque… tudo tinha terminado de forma tão complicada que ela não conseguia acreditar em tudo que se sucedeu.
Agora, porém… Lady Penelope estava em fúria. Ela estava prestes a forçar Delilah a se casar, gostasse ou não, e certamente ela não gostaria disso. Sua mãe chegou ao ponto em que não se importava se o homem era jovem, desde que tivesse dinheiro.
– Vocês duas são miseráveis ingratas – sua mãe zombou. – Você poderia ter sido uma duquesa e casada com um jovem cavalheiro rico e bonito. – Ela andou pela sala usando o tapete já puído. – Por que uma de vocês não foi charmosa ou pelo menos recatada? Eu não criei diabinhas.
Foi preciso toda sua força de vontade para não responder a isso. Não, não criara diabinhas. Delilah era inteligente demais para seguir os esquemas de sua mãe. Ela finalmente poupou o suficiente para fugir e nunca olhar para trás. Levara muito mais tempo do que gostaria, mas poderia viajar para a França ou para a América, não importava onde contanto que, onde quer que acabasse, sua mãe não estivesse à vista.
– Sinto muito – disse Mirabella e olhou para os pés. – Eu não sei o que aconteceu comigo.
Sua normalmente doce irmã reagiu aos comentários maliciosos de Delilah quando visitaram a propriedade do duque. Delilah não a culpava por isso, mas a mãe delas sim. Lady Penelope queria que uma de suas filhas fizesse um casamento vantajoso, mas até Mirabella tinha seus limites. – Não se desculpe – ela disse à irmã. – Você não fez nada errado.
– Ela está correta – sua mãe concordou, olhando para Delilah. – Foi tudo você, não foi, querida filha? – Penelope avançou. – E será você quem pagará o preço pelo seu desafio. Já tive o suficiente de sua desobediência. – Ela inclinou os lábios para cima em um desdém aterrorizante. – Eu sei exatamente como você vai recompensar a mim e sua irmã.
Delilah quase teve medo de perguntar. – Como? – O que mais sua mãe poderia fazer com ela? Ela tornara sua vida miserável pelo tempo que conseguia se lembrar.
– O barão Felton manifestou interesse em você – sua mãe começou. – Eu o dispensei porque tinha mais esperanças para você, mas, neste momento, não tenho muita escolha. Escreverei para ele e lhe direi que está em êxtase ante a perspectiva de ser sua esposa. – A alegria na voz de sua mãe era nauseante.
Delilah teve que resistir ao desejo de fazer algo irreparável como dar um tapa na mãe. Seria satisfatório no momento, mas não ajudaria sua causa. Seria melhor tentar argumentar com ela.
O barão era velho, careca e cheirava mal. Ele tinha manchas cinzentas no rosto que o faziam parecer doente. Ela o evitava sempre que ele se aproximava, e sua mãe esperava que ela se casasse com ele? Isso não aconteceria. Ela preferiria se casar com qualquer um, exceto o barão Felton. – Mas, mãe…
– Não – sua mãe a interrompeu. – Você não vai me convencer a tomar outro caminho. Essa é sua punição. Vai nos salvar e vai aprender o seu lugar. – Ela colocou a mão no queixo de Delilah e a fez encontrar seu olhar. – Não tenha medo, filha. Ele é velho e não viverá o suficiente para ser um incômodo. Poderia ser muito pior.
Delilah entendeu o significado oculto em suas palavras. Penelope iria ajudá-la no caminho dele até o túmulo, mas não antes de ele deitar-se com Delilah. Ela não poderia ter ninguém contestando o casamento. O dinheiro era mais importante que a virtude da filha. Ela deixaria sua mãe fazer o que queria, ou pelo menos permitiria que ela pensasse que sim. – Sim, mãe. – Assim que a atenção de sua mãe estivesse em outro lugar, Delilah sumiria.
– Essa é a minha boa filha. – Penelope sorriu e cantarolou quando saiu do quarto. Sem dúvida, para escrever essa carta.
– Delilah… – Sua irmã se irritou. Mirabella andou pela sala, ansiosamente balançando a cabeça a cada passo que dava. Ela não gostava de confronto e provavelmente estava preocupada com o bem-estar de Delilah.
– Não se preocupe comigo – ela assegurou a Mirabella. Não queria que sua irmã tivesse ideias desagradáveis em sua cabeça. Ou sobre o que poderia acontecer a Delilah se ela se casasse com o barão Felton ou poderia considerar substituir Delilah no casamento. Nenhuma delas cairia nessa armadilha particular. – Eu não vou me casar com o barão, e você também não. Está na hora de irmos.
– Eu não posso… – Ela torceu as mãos em nervosismo. – Mãe…
– Não dá a mínima para nenhuma de nós. Por favor, venha comigo. – Ela tinha que fazer sua irmã perceber que ficar em qualquer lugar perto de sua mãe era prejudicial à sua existência. Lady Penelope nunca teve seus melhores interesses no coração. Havia apenas uma pessoa com quem ela se importava… ela mesma.
Sua irmã balançou a cabeça. – Não, eu entendo que você precise ir, mas não posso. Eu não sou corajosa como você. – Ela mordiscou o lábio inferior e uma lágrima escorregou de seu olho. O estresse de ir embora estava começando a alcançá-la.
Delilah suspirou. Mirabella escolheu a hora errada para se tornar obstinada. Era um dos piores traços de sua irmã. Ela geralmente era doce e dócil, mas de vez em quando, desenvolvia uma vontade que a tornava intratável. Ela queria fazer sua irmã ir com ela, mas percebeu há muito tempo que não podia, quando ela ficava assim. Doía a Delilah no imaginar sua irmã sozinha com a mãe. Lady Penelope faria a vida de Mirabella miserável. Se apenas sua irmã não estivesse sendo tão teimosa.
– Quando eu encontrar um lugar seguro, vou escrever para você. Se mudar de ideia, sempre poderá vir até mim. Entendido? – Delilah pôde não ser capaz de convencê-la a ir, mas poderia dar-lhe algo para ter esperança durante os tempos sombrios. Lady Penelope se tornaria mais difícil do que o habitual quando descobrisse que Delilah fugiu. Mirabella precisaria dessa âncora para sobreviver à ira iminente de sua mãe.
Sua irmã assentiu. – Por favor, se cuide.
– Sempre – disse ela. Delilah abraçou a irmã e saiu do quarto. Ela tinha que pegar sua pequena valise e os fundos que esteve guardando, e então iria embora. Não demorou muito para pegá-los em seu quarto. Ela saiu na ponta dos pés da casa e correu pela floresta até chegar à estrada. Lágrimas caíram pelo rosto dela, não tinha medo por si mesma ou do que poderia acontecer com ela em sua nova vida. Não importava o que fizesse, ela sempre se preocuparia com Mirabella, e não seria capaz de aceitar plenamente seu futuro até encontrar uma maneira de extrair sua irmã das garras de sua mãe. Um dia, Mirabella veria a razão. Naquele dia, ela ajudaria sua irmã em sua própria fuga.
Ela continuou descendo a estrada, mantendo a cabeça erguida. Delilah enxugou as lágrimas e respirou fundo. O tempo para chorar terminara, e ela seria forte. Nada iria impedi-la de ir pelo caminho que escolheu. Quando chegasse à cidade, compraria passagem até o próximo porto. Logo, ela estaria longe de sua mãe e finalmente, teria a liberdade que ansiava por tanto tempo.
CAPÍTULO DOIS
A aldeia de Longtown não tinha muito a oferecer, mas havia uma estalagem e um lugar para Marrok deixar seu cavalo. Ele ficaria e permitiria que o cavalo descansasse antes de seguir para a cabana de caça em Kirtlebridge. Quando chegou ao estábulo, deslizou do cavalo e entregou as rédeas para o cavalariço. – Garanta que ele esteja bem cuidado e haverá um xelim extra para você quando eu ir. – Ele pegou sua pequena valise antes que esquecesse e a deixasse para trás.
– Sim, meu senhor.
Marrok não o corrigiu. Tecnicamente, com a morte de seu pai, ele era agora um duque e a maneira correta de se dirigir a ele deveria ter sido Sua Graça. Uma vez que ele aceitasse totalmente sua posição, teria mais do que queria lidar. Enquanto estava em sua pequena licença, planejava ficar o mais anônimo possível. Ele acenou para o cavalariço e se virou para deixar o homem com seu dever.
A estalagem não estava localizada depois dos estábulos, mas era uma caminhada curta, e Marrok precisava esticar um pouco as pernas, de qualquer maneira. Ele estava tomando seu tempo e descansando seu cavalo tão frequentemente quanto possível. Kirtlebridge ficava a uma semana de viagem de onde tinha saído e, até agora, havia aproveitado cada parada para chegar a Longtown. A cabana de caça estava facilmente a outro meio dia de cavalgada. Ryan estava certo, ele precisava do tempo longe, mas nunca admitiria isso ao marquês. Poderia inflar seu ego e dar um sentimento de auto importância.
Marrok chegou à estalagem e entrou. Um homem de cabelos brancos como a neve e uma espessa barba grisalha o cumprimentou. – Bem-vindo ao Twin Hounds, meu senhor. Como posso te ajudar?
– Você tem um quarto disponível? – Ele preferia não ter que dormir em uma estalagem. Dada a escolha, e se seu cavalo estivesse descansado o suficiente, ele preferiria continuar a viagem e dormir debaixo de uma árvore.
– Nós temos um quarto sobrando – o homem assegurou-lhe. – Eu posso fazer uma das criadas lhe mostrar o caminho, se você quiser.
Essa era a última coisa que precisava. Ele provavelmente não deveria presumir, mas se fosse como as últimas paradas, a criada lhe ofereceria alguns de seus serviços especiais, e bem, ele não queria nada com uma mulher. Ele precisava de uma cabeça clara, e os prazeres carnais sempre nublavam as coisas. – Não, obrigado – ele respondeu. – Dê-me as instruções e chegarei lá.
– Muito bem – o velho disse e entregou-lhe uma chave. – Suba as escadas e percorra todo o corredor. É a última porta do lado direito.
Marrok não havia percebido até aquele momento, mas estava cansado. Seu corpo inteiro doía e suas pálpebras nunca pareceram tão pesadas. O sono não era seu amigo há muito tempo. Sempre que fechava os olhos, sofria de pesadelos de todos os tipos. Ele havia revivido a morte de seu pai várias vezes. Então, em vez de sucumbir àquelas imagens horríveis, ele lutara contra o sono. Não achou que seria capaz quando chegou ao seu quarto. – Obrigado – disse ele. – Além disso, você pode mandar um pouco de comida para o jantar?
– Como quiser – respondeu o estalajadeiro. – Você vai precisar de mais alguma coisa? – O homem levantou uma sobrancelha.
– Não – respondeu Marrok evasivamente. Ele não tinha vontade de encorajá-lo. Marrok gostava de sua privacidade, e o homem não parecia querer permitir que ele o tivesse. Ele virou para o homem com um xelim. – Por favor, garanta que eu não seja perturbado.
– Você pode contar com a nossa discrição – o estalajadeiro assegurou-lhe. Houve um ligeiro aumento de avareza em seu olhar, enquanto o velho olhava para a moeda que Marrok lhe lançara. Ele poderia vir a se arrepender do suborno.
Marrok suspirou e deixou o homem com o seu prêmio. Ele esperava que tivesse tomado a decisão certa, odiaria deixar a hospedaria antes que estivesse pronto. Ele subiu as escadas, ficando mais cansado a cada passo. A madeira usada para fazer as escadas era velha e rangia, não haveria como se esgueirar e descer. O corredor mostrou-se tão gasto quanto, as portas para cada quarto estavam com a pintura descascada, e os puxadores das portas tinham visto dias melhores. Marrok duvidava que as fechaduras fossem muito seguras também. Poderia ser bastante fácil derrubar uma das portas se uma pessoa estivesse disposta a fazer o esforço.
Ele piscou várias vezes, tentando se manter focado. Porra, ele estava cansado. Talvez devesse ter pulado completamente a ideia da comida. O sono não poderia ser negado para sempre, mesmo que desejasse que pudesse ser… – Sonhos estúpidos – Ele murmurou aquelas palavras em voz baixa enquanto continuava se movendo pelo corredor. Logo estaria no final do corredor e no seu quarto pela noite.
– Maldito inferno – uma mulher amaldiçoou. Seu tom culto e palavras pronunciadas a faziam parecer uma dama. Uma criada teria mais probabilidade de usar alguns dos palavrões que essa mulher escolheu, mas em outras frases, ela falava corretamente, revelando sua verdadeira posição. Ele parou e ouviu quando ela soltava uma série de expletivos criativos. Onde uma mulher de boa criação aprendeu tantos palavrões? – Em que infernos estava pensando?
Ela soou como se estivesse tendo um pouco de dificuldade com alguma coisa. Ele deveria ser um cavalheiro e oferecer-se para ajudá-la, mas ela estava em um quarto. As fechaduras eram frágeis, e ele poderia facilmente transpô-la. O problema era que, se ela fosse uma dama como ele acreditava, a ajuda dele talvez não fosse bem-vinda. Estar sozinha com ele em um cômodo privado poderia manchar a sua reputação. Isso, presumindo que ela fosse uma mulher solteira. Talvez o marido dela estivesse por perto para ajudá-la.
– Deixe-me ir – ela exigiu. – Miserável animal…
Bem, isso não soava bem. Ele não podia se afastar de uma dama se ela estivesse sendo molestada. Era seu dever como cavalheiro ajudá-la em uma circunstância tão aterradora. Claro, nenhum desses raciocínios tinha algo a ver com ele estar evitando o sono. A dama precisava claramente de sua ajuda, então Marrok bateu na porta. – Minha dama?
– Quem está aí? – Ela gritou. – Oh, por favor, venha me ajudar.
Esse foi todo o convite que precisava, ele abriu a porta preparando-se para derrubar um homem, mas só havia uma pessoa no cômodo. A dama tinha cabelos negros que se derramavam sobre a cabeça em ondas e seu vestido era azul claro com finas listras brancas. O resto dela era um mistério completo embora. Sua mão não estava visível, mas seu traseiro sedutor estava… estava completamente no ar. Ela estava curvada sobre a cadeira com a cabeça enterrada no assento. Ela não estava sendo molestada por uma pessoa, mas por uma peça de mobília, uma poltrona para ser mais preciso.
Uma posição interessante para encontrar uma dama. Ele estava perplexo com a forma como ela conseguiu ficar presa na poltrona e se divertiu com suas tentativas de sair de suas garras. Definitivamente, não era como ele esperava passar a noite…
Delilah tinha deixado cair sua bolsa de moedas, que deslizou por trás do poltrona. Deveria ter sido uma coisa simples, recuperar a maldita coisa. Tudo o que teria que fazer era se inclinar contra ela e tatear ao redor para agarrá-lo. Infelizmente, era uma cadeira ornamentada com pequenas saliências e que tinha se agarrado ao vestido e não largava por nada.
Ela se mexeu um pouco, e a sala ecoou com os rasgos de seu vestido. Se não tivesse um estoque limitado de vestidos, poderia deixar a maldita cadeira rasgá-lo de uma vez, mas não podia permitir que uma peça de roupa fosse atirada ao fogo ou rasgada por uma maldita cadeira.
– Você vai me encarar ou me ajudar? – Ela nunca ficou tão envergonhada em toda a sua vida… Bem, talvez isso não fosse inteiramente verdade, mas ela não queria lembrar de seu passado se pudesse evitar.
– Eu não tenho certeza – A voz do homem parecia familiar. Tinha uma rouquidão que causava arrepios na sua espinha.
– Por que infernos você veio se não, em meu auxílio? – Ela tentou se libertar mais uma vez e se arrependeu. O tecido fino de seu vestido rasgou ainda mais. Diabos. O que seria necessário para conseguir que o homem a ajudasse? – Por favor, senhor – ela implorou. —, certamente deve ver que estou em apuros.
– Bem – ele começou. – Não tenho certeza se entendi o que você está fazendo. Por que você estava se curvando sobre a cadeira dessa tal forma? – Ele se moveu um pouco mais para perto dela. Seu calor parecia envolvê-la. – E por que você está tão preocupada em arruinar seu vestido? Você está em um quarto sozinha. Certamente, um vestido rasgado não é um desastre tão grande. Você não tem outro?
Delilah rangeu os dentes. Ela não reprimiria o homem por sua ignorância quanto à sua situação. Ele não entenderia, porque provavelmente nunca foi forçado a fugir de casa e economizar dinheiro de todas as formas. Em vez disso, ela deu a ele uma razão que um homem como ele pudesse realmente entender. – É o meu favorito. Por favor, me ajude.
– O vestido ou a cadeira? – Ele perguntou, em um tom provocativo.
Sua boca se abriu. Como ele ousava sugerir que ela queria que ele tirasse o vestido? Que tipo de depravado ela convidara para o seu quarto? Era um pouco tarde para repensar essa decisão… – A cadeira – exclamou ela. – Eu gostaria de manter meu vestido no meu corpo, muito obrigada.
– Uma pena – disse ele ao se aproximar, em seguida, inclinou-se. – Fique parada.
Ele parecia tão grande. Delilah inclinou a cabeça para tentar dar uma olhada melhor nele, mas não conseguiu ver muito mais do que a cor de sua roupa. Ele estava com calças pretas, botas de montaria e um casaco combinando. O resto não era visível o suficiente para decifrar. Ela se virou ainda mais e ouviu outro rasgar de tecido.
– Eu lhe disse para ficar parada – ele lembrou a ela.
– Sinto muito – disse ela. – Minhas costas doem por ficar nessa posição por tanto tempo.
– Talvez agora você possa explicar como entrou nessa bagunça. – Sua voz continha uma pitada de diversão misturada com curiosidade.
– Eu prefiro não fazê-lo. – Ela mordiscou o lábio inferior. Delilah odiava se explicar. – É bastante humilhante. – Ela não conhecia o homem e não tinha certeza se podia confiar nele. Seus instintos diziam para não confiar em ninguém, e ela geralmente prestava atenção àquela intuição. Ele não precisava ter nenhuma informação real sobre ela. Além disso… E se ele fosse um ladrão e roubasse a pequena bolsa de moedas que tinha? Tinha que se proteger seu futuro.
– Mexa-se – ele disse à ela, soltando o vestido de uma das saliências da cadeira. O lado esquerdo ficou completamente solto e ela ganhou mais movimento. Logo seria capaz de se levantar, e então evitaria a cadeira pelo resto do tempo em que estivesse na estalagem. Ela estaria na costa em breve e em um navio longe da Inglaterra.
Ele lutou com a saia do outro lado da cadeira. – Este não quer soltar você.
– Cadeira estúpida – ela murmurou. – Deve ser queimada por sua insolência.
Ele riu levemente. – Eu duvido que é culpa da cadeira por você estar nesta situação. Ela estava aqui inocentemente no canto e você a abordou.
Ela revirou os olhos. Delilah segurou a língua para não dizer algo de que pudesse se arrepender. Felizmente, tinha muita prática em manter seus pensamentos para si mesma ao longo dos anos. Lidar com a mãe ensinara-lhe os benefícios da paciência. Em vez disso, ela agradeceu novamente por ajudá-la. – Eu não sei o que teria feito se você não tivesse aparecido.
– Tenho certeza que você teria encontrado uma maneira de libertar-se. – Ele puxou a saia que deslizou livre da saliência. – Pronto, você não está mais presa.
Delilah se levantou e se virou para encará-lo. Sua boca caiu aberta e choque a encheu. Não poderia ser…
– Maldito inferno – ele murmurou. – Se eu soubesse que era você, teria deixado a cadeira ter você. – Sua expressão se tornou ameaçadora quando ele olhou para ela. Ele estreitou seu olhar e seus lábios formaram uma fina linha branca. Seu rosto ficou vermelho ligeiramente, e ele apertou as mãos ao seu lado.
– Não há razão para ser tão rude – Delilah o repreendeu. – Eu não estou mais feliz em ver você do que você está em me encontrar.
– Eu duvido disso – disse ele. – Onde está sua mãe? Como você sabia que eu estaria viajando por aqui?
Delilah entendeu por que ele não acreditava nela. Em seu lugar, ela teria tido as mesmas presunções. Afinal, seu pai e sua mãe haviam conspirado para forçá-los a se casar. – Você não precisa se preocupar, Sua Graça. Não tenho planos para a sua pessoa, e minha mãe está onde a deixei… em casa. – Ela passou por ele e foi até a porta, depois a abriu. – Agora , você poderia, por favor, sair.
Ele olhou para ela por vários segundos, e depois murmurou algo sob sua respiração. Ela não conseguiu entender e realmente não tentou. Ele balançou a cabeça e saiu do quarto. Quando passou pela entrada, ela fechou a porta e soltou um suspiro de alívio. O novo duque de Wolfton a resgatara e Delilah não gostara nem um pouco. Ela deveria sair antes que ele tivesse a chance de dificultar as coisas para ela. Seu vestido estava um pouco rasgado, mas ainda era útil. Mais tarde, quando tivesse mais tempo, ela consertaria os pequenos rasgos. Ela tinha que ir e colocar alguma distância entre ela e o duque.
Конец ознакомительного фрагмента.
Текст предоставлен ООО «ЛитРес».
Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/dawn-brower/eternamente-meu-duque/) на ЛитРес.
Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.